Em caso de sismo a segurança dos cidadãos e dos seus bens não é garantida.
1 / 2
O presidente da Sociedade Portuguesa de Engenharia Sísmica (SPES) alertou esta quinta-feira para a ausência de controlo de qualidade do risco sísmico nas construções, e defendeu a edificação de estruturas de acordo com os regulamentos e legislação existentes.
"Num país que tem como marca histórica o terramoto de 1755, que foi pioneiro na construção sismo resistente e que está na vanguarda do conhecimento nesta área, é estranho que a preocupação com o risco sísmico seja hoje reduzida", disse João Azevedo, na sessão evocativa dos 50 anos do sismo de 1969, que decorreu na Fortaleza de Sagres, no Algarve.
Durante a sua intervenção na abertura da sessão, o engenheiro civil e presidente da SPES alertou para o facto de existir "em alguns aspetos uma real regressão na garantia da segurança dos cidadãos e dos seus bens face aos sismos".
"A segurança é um direito constitucional", destacou aquele responsável, acrescentando que "a ausência de controlo de qualidade é quase exclusiva da componente estrutural dos projetos".
De acordo com João Azevedo, quase tudo o que é projetado e está dentro de uma estrutura é objeto de uma certificação ou inspeção, menos a própria estrutura, o que considera "bizarro".
Segundo o presidente da SPES, muitas construções antigas e algumas edificadas após a existência de regulamentação sísmico/resistente "não oferecem garantias de segurança face a ações sísmicas intensas".
João Azevedo recordou ainda que, apesar da legislação relativa a intervenções em edifícios existentes determinar que não podem diminuir as condições de segurança e de salubridade nem a segurança estrutural do edifício, "não é isso que se passa".
"Face ao que vemos em muitos contentores de resíduos de obras de reabilitação, é evidente que a legislação não é respeitada. São corriqueiramente feitas remoções de paredes estruturais, únicos elementos resistentes aos sismos para se conseguir uma divisão mais ampla ou uma montra mais larga, não poucas vezes com a conivência de profissionais e responsáveis", frisou.
Na opinião do presidente da SPES, embora as construções públicas tenham melhorado ao nível da segurança, continuam a verificar-se algumas situações preocupantes com infraestruturas mais antigas.
"A maioria dos hospitais, mesmo que não colapsem, não terão condições de funcionarem normalmente após um sismo intenso", alertou João Azevedo, recordando que aquando do sismo em 1969 o Hospital de São José "sofreu danos avultados, mas que atualmente a situação seria bem pior".
Para aumentar a segurança sísmica, o engenheiro civil apontou a construção de edifícios importantes com sistemas conhecidos "como isolamento de base, algo semelhante a uns patins ou um barco, que isolam os edifícios das ondas sísmicas e que proporcionam a segurança, não só do edifício como do seu equipamento sensível".
O presidente da SPES é um dos oradores da sessão evocativa e de sensibilização para o risco sísmico, no dia em que se assinalam 50 anos do abalo que destruiu centenas de edificações e causou um número indeterminado de mortos no Algarve.
A sessão evocativa do sismo de 28 de fevereiro de 1969 decorreu na Fortaleza de Sagres, no concelho de Vila do Bispo, com a presença do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
Durante a tarde, decorre em Lagos uma sessão de sensibilização para o risco sísmico, com a presença de vários oradores.
O sismo de 28 de fevereiro de 1969 teve epicentro na zona do Banco de Gorringe - a sudoeste do cabo de S. Vicente, em Sagres -, com uma magnitude estimada de 7.9 na escala de Richter e foi o mais recente abalo sísmico sentido em todo o país a provocar vítimas e a destruição de centenas de estruturas em Portugal continental.
O abalo telúrico foi o terceiro maior registado em Portugal, a seguir ao de 1755, em Lisboa, e ao de 1909, em Benavente (distrito de Santarém).
Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?
Envie para geral@cmjornal.pt
o que achou desta notícia?
concordam consigo
A redação do CM irá fazer uma avaliação e remover o comentário caso não respeite as Regras desta Comunidade.
O seu comentário contem palavras ou expressões que não cumprem as regras definidas para este espaço. Por favor reescreva o seu comentário.
O CM relembra a proibição de comentários de cariz obsceno, ofensivo, difamatório gerador de responsabilidade civil ou de comentários com conteúdo comercial.
O Correio da Manhã incentiva todos os Leitores a interagirem através de comentários às notícias publicadas no seu site, de uma maneira respeitadora com o cumprimento dos princípios legais e constitucionais. Assim são totalmente ilegítimos comentários de cariz ofensivo e indevidos/inadequados. Promovemos o pluralismo, a ética, a independência, a liberdade, a democracia, a coragem, a inquietude e a proximidade.
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza expressamente o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes ou formatos actualmente existentes ou que venham a existir.
O propósito da Política de Comentários do Correio da Manhã é apoiar o leitor, oferecendo uma plataforma de debate, seguindo as seguintes regras:
Recomendações:
- Os comentários não são uma carta. Não devem ser utilizadas cortesias nem agradecimentos;
Sanções:
- Se algum leitor não respeitar as regras referidas anteriormente (pontos 1 a 11), está automaticamente sujeito às seguintes sanções:
- O Correio da Manhã tem o direito de bloquear ou remover a conta de qualquer utilizador, ou qualquer comentário, a seu exclusivo critério, sempre que este viole, de algum modo, as regras previstas na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, a Lei, a Constituição da República Portuguesa, ou que destabilize a comunidade;
- A existência de uma assinatura não justifica nem serve de fundamento para a quebra de alguma regra prevista na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, da Lei ou da Constituição da República Portuguesa, seguindo a sanção referida no ponto anterior;
- O Correio da Manhã reserva-se na disponibilidade de monitorizar ou pré-visualizar os comentários antes de serem publicados.
Se surgir alguma dúvida não hesite a contactar-nos internetgeral@medialivre.pt ou para 210 494 000
O Correio da Manhã oferece nos seus artigos um espaço de comentário, que considera essencial para reflexão, debate e livre veiculação de opiniões e ideias e apela aos Leitores que sigam as regras básicas de uma convivência sã e de respeito pelos outros, promovendo um ambiente de respeito e fair-play.
Só após a atenta leitura das regras abaixo e posterior aceitação expressa será possível efectuar comentários às notícias publicados no Correio da Manhã.
A possibilidade de efetuar comentários neste espaço está limitada a Leitores registados e Leitores assinantes do Correio da Manhã Premium (“Leitor”).
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes disponíveis.
O Leitor permanecerá o proprietário dos conteúdos que submeta ao Correio da Manhã e ao enviar tais conteúdos concede ao Correio da Manhã uma licença, gratuita, irrevogável, transmissível, exclusiva e perpétua para a utilização dos referidos conteúdos, em qualquer suporte ou formato atualmente existente no mercado ou que venha a surgir.
O Leitor obriga-se a garantir que os conteúdos que submete nos espaços de comentários do Correio da Manhã não são obscenos, ofensivos ou geradores de responsabilidade civil ou criminal e não violam o direito de propriedade intelectual de terceiros. O Leitor compromete-se, nomeadamente, a não utilizar os espaços de comentários do Correio da Manhã para: (i) fins comerciais, nomeadamente, difundindo mensagens publicitárias nos comentários ou em outros espaços, fora daqueles especificamente destinados à publicidade contratada nos termos adequados; (ii) difundir conteúdos de ódio, racismo, xenofobia ou discriminação ou que, de um modo geral, incentivem a violência ou a prática de atos ilícitos; (iii) difundir conteúdos que, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, tenham como objetivo, finalidade, resultado, consequência ou intenção, humilhar, denegrir ou atingir o bom-nome e reputação de terceiros.
O Leitor reconhece expressamente que é exclusivamente responsável pelo pagamento de quaisquer coimas, custas, encargos, multas, penalizações, indemnizações ou outros montantes que advenham da publicação dos seus comentários nos espaços de comentários do Correio da Manhã.
O Leitor reconhece que o Correio da Manhã não está obrigado a monitorizar, editar ou pré-visualizar os conteúdos ou comentários que são partilhados pelos Leitores nos seus espaços de comentário. No entanto, a redação do Correio da Manhã, reserva-se o direito de fazer uma pré-avaliação e não publicar comentários que não respeitem as presentes Regras.
Todos os comentários ou conteúdos que venham a ser partilhados pelo Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã constituem a opinião exclusiva e única do seu autor, que só a este vincula e não refletem a opinião ou posição do Correio da Manhã ou de terceiros. O facto de um conteúdo ter sido difundido por um Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã não pressupõe, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, que o Correio da Manhã teve qualquer conhecimento prévio do mesmo e muito menos que concorde, valide ou suporte o seu conteúdo.
ComportamentoO Correio da Manhã pode, em caso de violação das presentes Regras, suspender por tempo determinado, indeterminado ou mesmo proibir permanentemente a possibilidade de comentar, independentemente de ser assinante do Correio da Manhã Premium ou da sua classificação.
O Correio da Manhã reserva-se ao direito de apagar de imediato e sem qualquer aviso ou notificação prévia os comentários dos Leitores que não cumpram estas regras.
O Correio da Manhã ocultará de forma automática todos os comentários uma semana após a publicação dos mesmos.
Para usar esta funcionalidade deverá efetuar login.
Caso não esteja registado no site do Correio da Manhã, efetue o seu registo gratuito.
Escrever um comentário no CM é um convite ao respeito mútuo e à civilidade. Nunca censuramos posições políticas, mas somos inflexiveis com quaisquer agressões. Conheça as
Inicie sessão ou registe-se para comentar.