Humanos alteram diversidade de aves nas florestas tropicais secas do Equador

Estudo internacional analisou mais de 11 mil registos de aves pertencentes a 110 espécies.

22 de novembro de 2025 às 07:55
Floresta no Equador Foto: P. Henry/AP
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A modificação da paisagem e as perturbações humanas crónicas estão a alterar a diversidade de aves de formas complexas nas florestas tropicais secas do sudoeste do Equador, um dos ecossistemas mais ameaçados do planeta, segundo um estudo.

O estudo de uma equipa internacional de investigadores liderada pela Universidade de Alicante (UA), com a participação das universidades equatorianas de Azuay e Loja, foi publicado na revista científica "Ecologia e Gestão Florestal" e analisa mais de 11.000 registos de aves pertencentes a 110 espécies, noticiou na sexta-feira a agência Europa Press.

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Os investigadores concluíram que "a transformação do ambiente natural por atividades agrícolas é o principal fator determinante da riqueza e distribuição de espécies, enquanto as perturbações crónicas, como a desflorestação seletiva ou o pastoreio, influenciam a diversidade funcional através de alterações na estrutura da vegetação".

Segundo Adrian Orihuela Torres, autor principal do estudo e investigador do Departamento de Ecologia da UA, "estes resultados mostram que as paisagens agrícolas, se mantiverem áreas florestais bem preservadas, podem suportar uma elevada diversidade de aves, mas também que perturbações contínuas degradam a estrutura da floresta e comprometem funções ecológicas essenciais".

Na investigação, a equipa aplicou "modelos de equações estruturais para avaliar os efeitos diretos e indiretos das atividades humanas na comunidade de aves e nos seus diferentes grupos tróficos, como insetívoros, frugívoros e granívoros, entre outros".

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"Os resultados indicam que os frugívoros e os insetívoros são os grupos mais sensíveis à degradação do habitat, enquanto os granívoros e os nectaríferos podem beneficiar temporariamente de paisagens mais abertas", explicou Orihuela Torres.

Para o grupo de investigação, as descobertas "reforçam a necessidade de estratégias de conservação integradas que combinem a proteção das florestas bem preservadas com a gestão sustentável das áreas agrícolas".

"A chave é gerir paisagens produtivas como espaços que também preservem a biodiversidade e os serviços dos ecossistemas", enfatizou o autor principal da investigação.

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O estudo, intitulado "Compreender a diversidade de aves em florestas tropicais sazonalmente secas: o papel da antropização da paisagem e das perturbações crónicas", foi liderado por Adrian Orihuela Torres como autor principal e inclui também contribuições de Esther Sebastián González, investigadora do Departamento de Ecologia da Universidade de Alicante, Boris Tinoco, investigador da Universidade de Azuay, e Andrea Jara Guerrero e Carlos Iván Espinosa, investigadores da Universidade Técnica Particular de Loja.

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