Lactose ou naftalina? Saiba como é produzido o fumo do Conclave

Ainda antes das 20h00 desta quarta-feira, está prevista a emissão do primeiro fumo do Conclave que irá eleger o sucessor do Papa Francisco. E existem duas opções: ou sai fumo branco, caso seja escolhido o próximo pontífice, ou sai fumo preto, caso não se tenha alcançado os 89 votos.

Uma parte desse fumo é produzida a partir da combustão dos papéis de voto, mas e o resto?

Desde 2005 que o Vaticano utiliza um sistema eletrónico com cartuchos pirotécnicos para garantir a visibilidade do fumo que sai da Capela Sistina no final de cada votação, segundo o jornal brasileiro G1. A Santa Sé percebeu que o método tradicional, baseado apenas na queima dos papéis e palha húmida, nem sempre conseguia produzir uma cor suficientemente intensa.

Por isso, o sistema atual utiliza dois fogões conectados à mesma chaminé, segundo Massimiliano De Sanctis, proprietário da empresa que forneceu o equipamento utilizado nos conclaves que elegeram Bento XVI e Francisco. O fogão mais antigo serve para queimar os papéis de voto, enquanto o mais moderno recebe o cartucho de fumo com seis cápsulas interligadas.

São os próprios cardeais que acionam o dispositivo através de uma central com um botão de "ligar". O efeito dura cerca de sete minutos.

Os principais compostos para gerar a cor branca ou preta são lactose e naftalina, respetivamente.

A lactose, um açúcar presente no leite, quando é aquecida, sofre decomposição térmica e gera partículas sólidas finas que refletem a luz de forma difusa e, desse modo, dá ao fumo uma cor mais clara.

Já a naftalina, que é um hidrocarboneto aromático sólido, quando queimada, liberta partículas escuras que absorvem a luz, pintando o fumo de cor preta.

Além da composição física para acentuar a cor, o sistema também tem em consideração princípios da física, nomeadamente termodinâmica e mecânica dos fluidos, para que o fumo suba de forma visível, mantendo a cor.

A diferença entre o ar aquecido e o ambiente externo impulsiona o fumo para fora da Capela Sistina. A escolha do tamanho e da granulometria das partículas garante que o efeito visual dure o tempo suficiente para ser notado por milhares de pessoas na Praça de São Pedro.