Portugal perde dadores e dádivas de sangue
Menos 10 mil pessoas em relação a 2017. Federação alerta para o problema e critica silêncio do governo.
Portugal registou em 2024 uma nova redução de dadores de sangue, totalizando quase menos 10 mil em relação a 2017 e voltando a níveis próximos do período pré-pandemia, segundo um relatório do Instituto Português do Sangue e Transplantação (IPST).
O Relatório de Atividade Transfusional e Sistema Português de Hemovigilância de 2024, a que a agência Lusa teve acesso, apresenta a taxa de colheita de sangue total por 1000 habitantes de 2017 a 2024. "Observa-se uma tendência de queda de 2017 a 2020, estabilizando-se no ano subsequente, voltando a apresentar a tendência anterior de 2021 a 2024", aponta o documento, sublinhando que "a queda abrupta" em 2020 se relacionou com a pandemia de Covid-19.
Quanto ao número de dadores, os dados indicam que totalizaram 200 965 em 2024, menos 4390 comparativamente ao ano anterior e menos 9939 face a 2017.
O número de dádivas também diminuiu, passando de 306 033 em 2023 para 299 914 em 2024. Em 2017, atingiram as 324 053. Já o número de dadores de primeira vez e a sua representação proporcional em relação ao total de dadores não sofreu alterações significativas nos últimos três anos, mantendo-se em 2024 o mesmo número médio de dádivas por dador que o registado em 2023 (1,49). Segundo o IPST, 31 721 pessoas deram sangue pela primeira vez em 2024, representando 15,78% do total, e 32 739 (15,94%) em 2023.
As mulheres continuam a representar a maioria dos dadores, tal como continua a registar-se o envelhecimento progressivo da população de dadores: aumenta a idade média e há um aumento proporcional nos grupos etários entre os 45 e os 65 anos e mais de 65 anos. Da mesma forma, há uma diminuição nos grupos etários entre os 18 e os 24 anos e os 25 e os 44 anos.
A Região Norte colheu 42,34% das dádivas nacionais, a Região Centro 20,81% e a Região de Lisboa e Vale do Tejo 25,94%.
A Federação Portuguesa de Dadores Benévolos de Sangue (Fepobades) alerta para este problema da redução de dadores e dádivas em 2024 e critica o silêncio político sobre as dádivas de sangue.
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