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Arruada e testemunhos em acampamento contra a mina de lítio em Boticas

Acampamento em defesa do Barroso, que se realiza pelo quinto ano consecutivo, começa esta sexta-feira e prolonga-se até domingo, em Covas do Barroso e Romaínho.

08 de agosto de 2025 às 10:13
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Arruada e testemunhos em acampamento contra a mina de lítio em Boticas

A edição 2025 do acampamento contra a mina de lítio, que decorre entre esta sexta-feira e domingo, em Covas do Barroso, Boticas, inclui uma arruada, testemunhos e atos performativos protagonizados por populares centrados no tema da justiça popular.

"O acampamento é muito importante para nós e para a nossa luta, porque mostra que não estamos sozinhos, que há pessoas por todos os cantos do país que também acham que isto que nos está a acontecer é uma injustiça", afirmou, citado em comunicado, o presidente da associação Unidos em Defesa de Covas do Barroso (UDCB), Nélson Gomes.

Mas mostra também, acrescentou, "que a aldeia está unida e disposta a continuar a lutar pelo que é seu".

O acampamento em defesa do Barroso, que se realiza pelo quinto ano consecutivo, começa esta sexta-feira e prolonga-se até domingo, em Covas do Barroso e Romaínho. É neste território que a empresa britânica Savannah Resources quer explorar uma mina de lítio.

Segundo a organização, o evento reúne a população local, ativistas e associações ambientais num "ato de contestação aos projetos de mineração de lítio na região e à modalidade vigente de transição energética".

O acampamento inclui uma arruada pelas ruas da aldeia, de protesto junto ao Cruzeiro, no centro de Covas do Barroso, onde serão proferidas palavras de ordem contra a mineração, momentos de partilha com testemunhos dos habitantes e atos performativos, protagonizados por locais, centrados no tema da justiça popular

O evento inclui debates, concertos e espetáculos.

"Covas do Barroso gosta de receber quem vem por bem, e, portanto, é uma alegria para nós receber quem nos quer visitar e conhecer um pouco mais de perto. O nosso sonho é que nos continuem a visitar no futuro, com esta luta ganha", sublinhou Lúcia Mó, presidente da Junta de Freguesia e membro da UDCB, que destacou a "importância do acampamento para a causa da aldeia".

A luta contra a mina do Barroso arrasta-se desde 2017, tendo-se intensificado no último ano, depois de, em dezembro de 2024, o Ministério do Ambiente ter concedido uma servidão administrativa à Savannah que lhe permite aceder aos terrenos para os trabalhos de prospeção.

Entretanto, a empresa solicitou uma segunda servidão administrativa para expandir trabalhos de sondagens neste território do concelho de Boticas, no distrito de Vila Real.

No comunicado, a UDCB disse que a "empresa ocupou terrenos privados e baldios sem o consentimento da população, para realizar trabalhos de prospeção".

A associação lembrou que tem contestado "repetidamente a legitimidade desta medida e denunciado o continuado clima de vigilância, insegurança e intimidação instalado na aldeia".

Neste contexto de "indignação face aos abusos da empresa e à conivência do Governo", o acampamento em defesa do Barroso é, segundo a UDCB, um "momento de denúncia das injustiças cometidas contra a população de Covas do Barroso, de mobilização de apoio e de recolha de fundos para as ações legais da associação".

O acampamento reúne centenas de participantes, organizações não-governamentais e especialistas, e quer ser também um espaço de partilha de experiências e de "reforço dos laços" com a comunidade local.

A mina de lítio a céu aberto obteve uma Declaração de Impacte Ambiental (DIA) condicionada em 2023 e a empresa prevê iniciar a produção em 2027.

A mina do Barroso foi considerada um projeto estratégico pela Comissão Europeia em março de 2025, mas tem sido contestada localmente por populares, autarcas e ambientalistas.

Nos últimos anos, foram realizadas várias manifestações e submetidos processos judiciais, entre outras ações de luta contra a exploração mineira neste território.

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