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Artigo exclusivo

As marcas que a guerra deixou nos militares portugueses

Faz 60 anos no dia 4 de fevereiro que começou a guerra colonial em Angola, uma das páginas mais negras da história do Portugal contemporâneo.

31 de janeiro de 2021 às 01:30

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Ilídio Costa com a bengala que trouxe de Moçambique na mão e a tatuagem da sua companhia no braço
Ilídio Costa com a bengala que trouxe de Moçambique na mão e a tatuagem da sua companhia no braço Direitos Reservados
Manuel Lopes tem também no corpo as memórias da guerra que não esquece
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António Varão fazia 22 anos naquele dia 9 de dezembro de 1961. À hora de jantar fez a festa com os camaradas com quem vivia há mais de meio ano na Angola distante para onde Salazar os tinha mandado "rapidamente e em força" num discurso à Nação a 13 de abril do mesmo ano. "Aí por volta das 22h ou 23h fomos para a patrulha e antes de irmos dissemos ‘quando regressarmos continuamos a festa’, mas não houve mais festa porque o António morreu nessa noite com um tiro na cabeça, a menos de um metro de mim. Acho que foi o ponto de viragem em que eu percebi quão vulneráveis nós éramos. Num momento estava tudo bem e no outro acabou. Num momento a festejar a vida e no outro a chorar a morte. Esse momento marcou-nos, não havia como não marcar", recorda António Gomes, hoje com 81 anos, um dos camaradas de António Varão. O episódio aconteceu na zona dos Dembos, precisamente onde teve início a rebelião dirigida pela UPA (União das Populações de Angola) contra os colonos portugueses e que causou centenas de vítimas. Nessa altura, à metrópole não chegavam notícias do que sucedia naquela província ultramarina – o governo de Salazar bloqueara qualquer informação – e por isso António Gomes não sabia o que esperar da mobilização para Angola quando, no fim de abril, o convocaram pelo altifalante do quartel sem grande pompa, apesar da circunstância. Viria a ser incorporado no Batalhão de Caçadores 88, que embarcou no ‘Niassa’, no fim de abril, e chegou a Angola no dia 1 de maio de 1961.

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