Sobre o tipo de ciberataques, o 'phishing' representou 40% dos incidentes segundo o relatório Cibersegurança em Portugal.
A banca, as infraestruturas digitais e os prestadores de serviços de Internet foram os "setores mais afetados pelos incidentes registados pelo CERT.PT", segundo o relatório Cibersegurança em Portugal esta quinta-feira divulgado pelo Centro Nacional de Cibersegurança (CNCS).
No ano passado, o CERT.PT, do CNCS, registou um aumento de 26% no número de incidentes de cibersegurança em 2021, comparativamente ao ano anterior.
De acordo com a edição de 2022 do relatório Cibersegurança em Portugal - Riscos e Conflitos, "os setores mais afetados pelos incidentes registados pelo CERT.PT em 2021 foram a banca (13% dos incidentes), as infraestruturas digitais (8%) e os prestadores de serviços de Internet (6%)".
Sobre o tipo de ciberataques, o 'phishing/smishing' [envio de 'mails' ou SMS para 'pescar' informação confidencial dos utilizadores] representou 40% dos incidentes, a engenharia social 14% e a distribuição de 'malware' 13%, de acordo com o CNCS.
"As marcas mais simuladas nos ataques de 'phishing/smishing' em 2021 são do âmbito da banca (48% dos casos), dos transportes e logística (21%) e das plataformas de 'emails' (19%)", refere o relatório.
Os tipos de incidentes mais registados pelos membros da RNCSIRT [Rede Nacional de CSIRT é um fórum de excelência para partilha de informação de caráter operacional] no ano passado foram a tentativa de 'login' (16%), a exploração de vulnerabilidades (9%) e o 'scanning' (8%).
No ano passado "verificou-se um aumento de 6% no número de notificações de violações de dados pessoais reportadas à CNPD [Comissão Nacional de Proteção de Dados] face ao ano anterior", refere o documento.
Relativamente aos setores e atividades com mais notificações à CNPD em 2021, o comércio e serviços representou 25%, a banca 13% e a administração local 8%.
"Entre as notificações enviadas à CNPD em 2021, a origem mais frequente para os incidentes em causa é a falha humana (24% das notificações), o 'ransomware' (22%) e as ações fraudulentas (13%). O princípio da informação mais comprometido é o da confidencialidade (62%)", lê-se no relatório.
Já o número de crimes relacionados com a informática registados pelas autoridades policiais "cresceu 6% em 2021 face ao ano anterior, embora o número de crimes estritamente informáticos tenha decrescido 11%".
A percentagem de crimes relacionados com a informática em relação ao total de crimes registados em Portugal subiu 0,4 pontos percentuais - de 7,4% em 2020 para 7,8% no ano passado, sendo a burla informática/comunicações a que tem mais registos em 2021 (91% do total).
Segue-se o acesso/interceção ilegítimos (com 3%) - o crime estritamente informático com mais registos em 2021.
"A burla informática/comunicações é o tipo de crime relacionado com a informática com mais condenados em 2020 (75% dos casos), seguido da falsidade informática (13%) (DGPJ)", adianta o relatório.
O número de condenados em crimes relacionados com a informática diminuiu (menos 44%) e a de arguidos (menos 36%) em 2020 face a 2019.
"O número de denúncias ao Gabinete Cibercrime da PGR continua a aumentar com uma subida para mais do dobro em 2021 (113%) (PGR)", é referido no relatório.
No ano passado, o 'phishing' e vários tipos de burla 'online' continuaram a ser os tipos de criminalidade mais denunciados ao Gabinete de Cibercrime da PGR. Verificou-se ainda "uma subida de 40% no número de processos de atendimento e apoio registados pela Linha Internet Segura em 2021 face ao ano anterior (APAV)".
A 'sextortion' (30% dos casos), a burla (12%) e o furto de identidade (8%) "foram os crimes e outras formas de violência mais registados na dimensão Helpline da Linha Internet Segura em 2021".
As conclusões que resultam deste estudo "apontam para a persistência de algumas ameaças próprias do contexto de pandemia, como as ligadas à instrumentalização das fragilidades do fator humano, mas também o reforço de outras que têm grande capacidade de impacto, como o 'ransomware' ou a exploração de vulnerabilidades", lê-se no documento.
"O número de incidentes e de cibercrimes continua a aumentar, não se vislumbrando o regresso a níveis pré-pandemia em grande parte dos casos", perspetivando-se "ainda o emergir da influência do contexto geopolítico e estratégico internacional nas dinâmicas do ciberespaço em manifestações de natureza híbrida, bem como a mitigação progressiva da pandemia enquanto tema dominante nesta matéria".
No primeiro trimestre deste ano, sublinha o relatório, "vários casos com potencial de impacto elevado afetaram o ciberespaço de interesse nacional do ponto de vista mediático e em termos de efeitos em serviços e pessoas", destacando "os ataques ao grupo de media Impresa, pelo efeito mediático e pela importância dos dados comprometidos, bem como à Vodafone, sobretudo pelos serviços afetados".
Em ambos os casos, "assistiu-se a uma destruição de dados que comprometeu a disponibilidade da informação e de serviços", refere o relatório.
"Para 2022 e 2023 são identificadas como principais tendências em Portugal a propensão para uma maior intervenção de atores estatais, a persistência do uso das fragilidades do fator humano, ataques de 'ransomware', violações de dados relativas a credenciais de acesso, exploração de vulnerabilidades e as tecnologias móveis a serem cada vez mais utilizadas como superfícies de ataque", adianta.
As tendências nacionais "articulam-se com as tendências internacionais que têm continuidade em relação a 2021, mas também com as que emergem no início de 2022, como sejam as que resultam do conflito na Ucrânia ou da recorrência de ataques com impacto no país advindos de agentes de ameaça internacionais de caracterização ambígua".
Se, por um lado, "o contexto de guerra pode incentivar as ações de atores estatais, por outro, as fragilidades do fator humano no uso, por exemplo, de um 'smartphone' podem ser portas de entrada para grupos que se confundem na motivação entre os ganhos financeiros, o niilismo político e o vandalismo informático", acrescenta.
Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?
Envie para geral@cmjornal.pt
o que achou desta notícia?
concordam consigo
A redação do CM irá fazer uma avaliação e remover o comentário caso não respeite as Regras desta Comunidade.
O seu comentário contem palavras ou expressões que não cumprem as regras definidas para este espaço. Por favor reescreva o seu comentário.
O CM relembra a proibição de comentários de cariz obsceno, ofensivo, difamatório gerador de responsabilidade civil ou de comentários com conteúdo comercial.
O Correio da Manhã incentiva todos os Leitores a interagirem através de comentários às notícias publicadas no seu site, de uma maneira respeitadora com o cumprimento dos princípios legais e constitucionais. Assim são totalmente ilegítimos comentários de cariz ofensivo e indevidos/inadequados. Promovemos o pluralismo, a ética, a independência, a liberdade, a democracia, a coragem, a inquietude e a proximidade.
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza expressamente o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes ou formatos actualmente existentes ou que venham a existir.
O propósito da Política de Comentários do Correio da Manhã é apoiar o leitor, oferecendo uma plataforma de debate, seguindo as seguintes regras:
Recomendações:
- Os comentários não são uma carta. Não devem ser utilizadas cortesias nem agradecimentos;
Sanções:
- Se algum leitor não respeitar as regras referidas anteriormente (pontos 1 a 11), está automaticamente sujeito às seguintes sanções:
- O Correio da Manhã tem o direito de bloquear ou remover a conta de qualquer utilizador, ou qualquer comentário, a seu exclusivo critério, sempre que este viole, de algum modo, as regras previstas na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, a Lei, a Constituição da República Portuguesa, ou que destabilize a comunidade;
- A existência de uma assinatura não justifica nem serve de fundamento para a quebra de alguma regra prevista na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, da Lei ou da Constituição da República Portuguesa, seguindo a sanção referida no ponto anterior;
- O Correio da Manhã reserva-se na disponibilidade de monitorizar ou pré-visualizar os comentários antes de serem publicados.
Se surgir alguma dúvida não hesite a contactar-nos internetgeral@medialivre.pt ou para 210 494 000
O Correio da Manhã oferece nos seus artigos um espaço de comentário, que considera essencial para reflexão, debate e livre veiculação de opiniões e ideias e apela aos Leitores que sigam as regras básicas de uma convivência sã e de respeito pelos outros, promovendo um ambiente de respeito e fair-play.
Só após a atenta leitura das regras abaixo e posterior aceitação expressa será possível efectuar comentários às notícias publicados no Correio da Manhã.
A possibilidade de efetuar comentários neste espaço está limitada a Leitores registados e Leitores assinantes do Correio da Manhã Premium (“Leitor”).
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes disponíveis.
O Leitor permanecerá o proprietário dos conteúdos que submeta ao Correio da Manhã e ao enviar tais conteúdos concede ao Correio da Manhã uma licença, gratuita, irrevogável, transmissível, exclusiva e perpétua para a utilização dos referidos conteúdos, em qualquer suporte ou formato atualmente existente no mercado ou que venha a surgir.
O Leitor obriga-se a garantir que os conteúdos que submete nos espaços de comentários do Correio da Manhã não são obscenos, ofensivos ou geradores de responsabilidade civil ou criminal e não violam o direito de propriedade intelectual de terceiros. O Leitor compromete-se, nomeadamente, a não utilizar os espaços de comentários do Correio da Manhã para: (i) fins comerciais, nomeadamente, difundindo mensagens publicitárias nos comentários ou em outros espaços, fora daqueles especificamente destinados à publicidade contratada nos termos adequados; (ii) difundir conteúdos de ódio, racismo, xenofobia ou discriminação ou que, de um modo geral, incentivem a violência ou a prática de atos ilícitos; (iii) difundir conteúdos que, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, tenham como objetivo, finalidade, resultado, consequência ou intenção, humilhar, denegrir ou atingir o bom-nome e reputação de terceiros.
O Leitor reconhece expressamente que é exclusivamente responsável pelo pagamento de quaisquer coimas, custas, encargos, multas, penalizações, indemnizações ou outros montantes que advenham da publicação dos seus comentários nos espaços de comentários do Correio da Manhã.
O Leitor reconhece que o Correio da Manhã não está obrigado a monitorizar, editar ou pré-visualizar os conteúdos ou comentários que são partilhados pelos Leitores nos seus espaços de comentário. No entanto, a redação do Correio da Manhã, reserva-se o direito de fazer uma pré-avaliação e não publicar comentários que não respeitem as presentes Regras.
Todos os comentários ou conteúdos que venham a ser partilhados pelo Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã constituem a opinião exclusiva e única do seu autor, que só a este vincula e não refletem a opinião ou posição do Correio da Manhã ou de terceiros. O facto de um conteúdo ter sido difundido por um Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã não pressupõe, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, que o Correio da Manhã teve qualquer conhecimento prévio do mesmo e muito menos que concorde, valide ou suporte o seu conteúdo.
ComportamentoO Correio da Manhã pode, em caso de violação das presentes Regras, suspender por tempo determinado, indeterminado ou mesmo proibir permanentemente a possibilidade de comentar, independentemente de ser assinante do Correio da Manhã Premium ou da sua classificação.
O Correio da Manhã reserva-se ao direito de apagar de imediato e sem qualquer aviso ou notificação prévia os comentários dos Leitores que não cumpram estas regras.
O Correio da Manhã ocultará de forma automática todos os comentários uma semana após a publicação dos mesmos.
Para usar esta funcionalidade deverá efetuar login.
Caso não esteja registado no site do Correio da Manhã, efetue o seu registo gratuito.
Escrever um comentário no CM é um convite ao respeito mútuo e à civilidade. Nunca censuramos posições políticas, mas somos inflexiveis com quaisquer agressões. Conheça as
Inicie sessão ou registe-se para comentar.