Ministério da Saúde proibiu a divulgação de dados não autorizados pela tutela.
Câmara e Bombeiros Voluntários de Vale de Cambra manifestaram-se este sábado contra a "sonegação de informação" imposta pelo Governo quanto à covid-19, depois de na sexta-feira o Ministério da Saúde ter proibido a divulgação de dados não autorizados pela tutela.
Em causa está o balanço diário que essas instituições do distrito de Aveiro vinham fazendo sobre a evolução epidemiológica local da doença, com base em números que eram disponibilizados pelo delegado de saúde do município e que esse está agora proibido de divulgar, face a instruções superiores para que só seja partilhada estatística da Direção-Geral da Saúde (DGS).
Para o presidente da Câmara Municipal de Vale de Cambra, José Pinheiro, a decisão do Governo traduz-se numa "sonegação da informação que a todos prejudica", sobretudo tendo em conta que nesse concelho de quase 26.000 habitantes a autarquia já registava na sexta-feira 100 casos da covid-19 - 51 dos quais num único lar de Terceira Idade - e que a contabilidade da DGS continua a referir menos de 50 infeções há vários dias.
Numa posição tornada pública via rede social Facebook, o autarca do CDS-PP defende que o comportamento agora imposto pela tutela representa "um claro prejuízo para os concelhos que tinham uma informação correta em cada dia e assim a comunicavam aos seus munícipes".
Nessa perspetiva, José Pinheiro encara a decisão do Ministério da Saúde como "reprovável" e diz que essa vem apenas juntar-se "à dificuldade em conseguir realizar testes" de rastreio à covid-19, uma vez que, se não fosse pelo "empenho da Câmara Municipal, muitos deles não chegavam" ao território.
Nos Bombeiros Voluntários de Vale de Cambra, também o comandante Vítor Machado adota posição semelhante: "Lamentável é, provavelmente, a palavra indicada para o momento, quando um município que tudo tem feito para responder à pandemia, que gasta os seus recursos para responder e substituir quem deveria responder, e que tem tomado todas as decisões apropriadas a cada situação, agora deixa de poder ser informado da real condição do seu território".
Recordando a "subida vertiginosa" de casos da covid-19 no concelho, onde a meio da semana o número de infetados praticamente duplicou na sequência de dezenas de testes efetuados no referido lar da Fundação Luiz Bernardo de Almeida, o comandante da corporação critica a decisão da DGS de proibir os delegados locais de saúde pública de disponibilizarem dados aos presidentes de Câmara - e, por inerência do cargo, à Comissão Municipal de Proteção Civil.
Vítor Machado admite que os números recolhidos localmente "fazem soar alarme" - são mais elevados que os da tutela porque mais rapidamente atualizados -, mas defende que esses dados "também fazem com que a população adote medidas mais restringidas no seu dia-a-dia - o que é bom e tem reflexo nos possíveis contágios".
O chefe do corpo ativo dos Bombeiros Voluntários de Vale de Cambra realça, por isso, que, ao impedir a cedência de informação à câmara e à Comissão Municipal de Proteção Civil, o Governo limita toda a operação a montante da resposta hospitalar.
"Faz com que deixemos de ter uma linha orientadora de intervenção e de ter a real noção da gravidade ao nível local", argumenta Vítor Machado, apelando a que as autarquias "evidenciem junto da tutela o facto de que quem paga tem direito a ser informado".
O novo coronavírus responsável pela presente pandemia de covid-19 foi detetado na China em dezembro de 2019 e já infetou mais de 1,6 milhões de pessoas em todo o mundo, causando mais de 100.000 mortes em 193 países e territórios. Desse universo de doentes, mais de 355.000 estão dados como recuperados.
Em Portugal, onde os primeiros casos confirmados foram registados no dia 02 de março, o último balanço da Direção-Geral da Saúde indicava 435 óbitos entre 15.472 casos de infeção confirmada. Entre esses, 1.179 estão internados em hospitais, 233 recuperaram e os restantes convalescem em casa ou noutras instituições.
Em 17 de março, o Governo declarou o estado de calamidade pública no concelho de Ovar e, Em 19 de março, o estado de emergência em todo o país. Ambos vigoram até às 23h59 do dia 17 de abril, sendo que a população está proibida de circular fora do seu concelho de residência até ao final de segunda-feira, com o objetivo de desincentivar viagens no período da Páscoa.
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