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Chuva e impermeabilização dos solos deixam culturas submersas no Vale do Lis

Agricultores com prejuízos de 1,5 milhões de euros, sobretudo no arroz e no milho.

17 de novembro de 2025 às 15:51

A chuva intensa dos últimos dias e a crescente impermeabilização dos solos deixou submersos 600 hectares de produção de alimentos no Vale do Lis, no concelho de Leiria, causando um prejuízo que os agricultores calculam em 1,5 milhões de euros. A cultura mais afetada é a do arroz, mas também há prejuízos no milho, hortícolas, na fruta e nas pastagens permanentes.

"Nós temos um sistema de drenagem que está a bombar 2500 litros de água por segundo, o que seria mais do que suficiente para retirar a água do perímetro hidroagrícola", disse ao CM Henrique Damásio, da Associação de Regantes e Beneficiários do Vale do Lis (ARBVL), frisando que "o problema" é a "quantidade astronómica de água" que vai diretamente para os terrenos agrícolas, em resultado da "impermeabilização das zonas envolventes e isso é que nos causa indignação e transtorno".

O custo da bombagem intensiva da água dos campos é suportada pelos agricultores, através das taxas que pagam para a ARBVL, representando nesta altura 50 por cento do orçamento anual com a energia elétrica.

Segundo Henrique Damásio, a drenagem pluvial das áreas impermeabilizadas envolventes está a ser erradamente canalizada para dentro do perímetro hidroagrícola e nós ficamos com as culturas submersas e sem a capacidade de poder evacuar esta água toda".

Para ultrapassar o problema, deveriam ser implementadas "bacias de retenção e poços de infiltração para alimentar os aquíferos", o que impediria a água de ir "diretamente para o Vale do Lis".

Fábio Franco é produtor de hortícolas e os seus terrenos têm dois metros de altura de água. "Não se consegue drenar essa quantidade de água, os hortícolas começam a estragar-se, é inviável colocá-los na prateleira do supermercado, e o processo de colheita é dificultado e dispendioso", afirma.

Nos pomares de fruta de Vitor Duarte, a elevada quantidade de água acumulada também está a "prejudicar, porque provoca a asfixia radicular das árvores, que acabam por morrem com as raízes apodrecidas".

"Quando a água que chove na zona de Leiria vem pelo rio abaixo, a água vai cair no Vale do Lis e vai-nos criar um problema de alagamento, vai-nos criar os custos associados à drenagem e além do mais, toda a água que não é canalizada para as cisternas estivais vai-nos fazer falta no verão", acrescenta o agricultor Micael Leal.

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