Parques fotovoltaicos do Sul de Espanha estavam a produzir mais energia do que a necessária no momento do apagão.
Cinco segundos e 15 gigawatts (GW) de energia elétrica desaparecidos devido à instabilidade de produção dos parques solares no Sul de Espanha. Esta terá sido a origem do apagão que na segunda-feira deixou Portugal e Espanha sem eletricidade durante um dia.
De acordo com Eduardo Prieto, diretor de Serviços Operacionais da Rede Elétrica espanhola, esses 15 GW – suficientes para abastecer mais de 11,5 milhões de casas, quase o dobro dos 6,4 milhões de clientes em Portugal –, que representam 60% da eletricidade que estava a ser consumida em Espanha às 11h33, causaram “uma oscilação muito forte nos fluxos de potência” quando deixaram de ser produzidos. E essa oscilação, cujas causas ainda estão a ser investigadas, levou ao desligamento da rede espanhola à francesa. Essa interrupção “levou ao colapso” do sistema elétrico ibérico e ao apagão em toda a península, uma vez que a rede elétrica nacional está interligada com a espanhola. Na altura, por uma questão de preços, Portugal estava a importar cerca de 30% da energia consumida no País.
Para o responsável da empresa de distribuição de energia espanhola, este foi um acontecimento “absolutamente excecional”.
No entanto, peritos apontam para os problemas causados pelo aumento da produção de energia solar por ser mais instável e tecnicamente mais difícil de gerir de forma a manter o equilíbrio entre produção e consumo, que têm de estar em equilíbrio 24 hora por dia, 365 dias por ano.
Uma análise divulgada pelo jornal ‘El Mundo’ revela que, na última semana, “todos os dias e sensivelmente à mesma hora”, houve excesso de produção de energia fotovoltaica, que ultrapassou as necessidades de consumo e, esta segunda-feira, provocou um efeito dominó nas centrais solares da Andaluzia, Extremadura, Castilla-La Mancha e Aragão. Aliás, a 22 de abril, cinco dias antes do apagão ibérico, um problema semelhante, mas com consequências menos graves, levou a Repsol a paralisar a produção numa refinaria em Cartagena. No mesmo dia,o excesso de tensão elétrica fez disparar os sistemas de proteção dos comboios de alta velocidade entre Madrid (Chamartín) e as Astúrias (Pajares).
E TAMBÉM
“Não pode repetir-se”
O primeiro-ministro espanhol prometeu “total transparência” na investigação às causas do apagão e garantiu que o seu Governo irá “exigir responsabilidades pertinentes aos operadores privados” se for esse o caso. “O que sucedeu ontem [segunda-feira] não pode voltar a repetir-se”, sublinhou Pedro Sánchez.
Alerta em fevereiro
A operadora espanhola Red Eléctrica alertou há dois meses para o risco de “desconexão” do sistema devido ao excesso de produção de energia fotovoltaica.
Espanha ataque descartado
A empresa responsável pela gestão da rede elétrica espanhola (REE) descartou a possibilidade de o apagão que afetou Portugal e Espanha ter sido causado por um ciberataque, garantindo que “não foi detetada qualquer intrusão” nos seus sistemas. Apesar disso, tanto a Audiência Nacional como o CNI (serviços secretos) estão a investigar.
Mais centrais com arranque autónomo
O Governo quer dotar as centrais elétricas do Baixo Sabor e do Alqueva com capacidade de arranque autónomo para acelerar o restabelecimento de energia em caso de novo apagão. Apenas as centrais da Tapada do Outeiro e Castelo de Bode têm essa capacidade, o que é suficiente do ponto de vista da eficácia, mas “insuficiente do ponto de vista da rapidez”, diz o Executivo.
Apren defende rede mais robusta
A Associação Portuguesa de Energias Renováveis (Apren) diz que o apagão veio demonstrar que a transição energética deve ser feita em paralelo com a construção de uma rede “mais robusta, interligada e avançada”. Já para o antigo diretor-geral da Energia, Mário Guedes, o sucedido “evidenciou a vulnerabilidade do País em termos de independência energética”.
REN é controlada pelo Estado chinês
O grupo estatal chinês State Grid é, desde 2012, o maior acionista da REN - Redes Energéticas Nacionais, com uma participação de 25%. Trata-se da maior empresa mundial de distribuição de energia elétrica, controlada pelo regime chinês, dominado pelo Partido Comunista Chinês de Xi Jinping. O segundo maior acionista da REN é a ‘holding’ pessoal da família de Amancio Ortega, dono da Zara e um dos homens mais ricos do Mundo. Já o Estado português não tem qualquer participação desde 2014. No ano passado, a REN teve lucros de quase 153 milhões de euros.
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