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"Conversas à Janela" combatem solidão dos idosos em tempo de pandemia no Bombarral

Três técnicos da câmara percorrem todos os dias as aldeias do concelho do Bombarral para dois dedos de conversa.

20 de fevereiro de 2021 às 07:13

Os idosos do concelho do Bombarral combatem a solidão dos dias da pandemia com a ajuda de três técnicos da câmara, que percorrem todos os dias as aldeias em troca de dois dedos de conversa.

Frederica Silva e Mónica Machado integram a equipa de três técnicos que trocaram as aulas de natação e hidroginástica para irem todas as tardes, de segunda a sexta-feira, junto dos mais velhos, muitos deles utentes da piscina e alunos da Universidade Sénior que já conheciam.

Teresa Correia frequentava as aulas de inglês, dança, costura solidária e desporto no âmbito da Universidade Sénior. Com "tudo cancelado" devido à pandemia, os dias são agora mais tristes para esta mulher de 70 anos, a viver sozinha.

"Agora, vejo televisão, leio, às vezes faço também trabalhos manuais e outros dias não faço nada, diz com uma certa desmotivação esta mulher, para quem o projeto "foi uma boa ideia para animar mais estes dias, ao ver gente conhecida e falar".

Abília e Norberto Sortes, de 79 e 77 anos, foram obrigados a deixar a hidroginástica e a dança. Agora vão-se ocupando do jardim e de algumas atividades agrícolas, que, contudo, os impedem de manter a vida ativa que levavam.

Com a redução de contactos com filhos e netos, o aparecimento das técnicas permite ir "falando e estando mais entretidos", diz Norberto, segundo o qual o projeto ajuda a combater a solidão.

Com as aulas de hidroginástica e trabalhos manuais suspensas, os dias de Carolina Luís, 73 anos, agora são passados em casa.

"Agora não há nada, só o bicho. É muito difícil porque vivo sozinha e por vezes não sei o que hei de fazer", afirma Carolina, para quem "sabe bem" a animação de Frederica e Mónica, que a deixam "mais acompanhada".

Frederica Silva e Mónica Machado não hesitaram, logo em março de 2020, aquando do primeiro confinamento, a "disponibilizarem-se para ajudar qualquer setor da câmara que precisasse de mais colaboradores", uma vez que o seu trabalho nas piscinas está suspenso.

"Os monitores ficaram sem ter o que fazer, portanto é um desafio para ambas as partes", refere o presidente daquela câmara do distrito de Leiria, Ricardo Fernandes (PS).

À janela das casas, com idosos de um lado e elas de outro, mantendo as devidas distâncias que a pandemia veio obrigar, dão dois dedos de conversa e promovem jogos, para distrair aqueles que se encontram agora mais isolados.

Quando a roleta calha na dança, dispara-se uma música do telemóvel, liga-se a coluna portátil e incentiva-se os interlocutores a dar um pé de dança sozinhos ou acompanhados pelos seus conjugues.

A música enche a rua e atrai as atenções dos vizinhos, que também vêm à porta ou à janela, sem, contudo, se promover o ajuntamento de pessoas.

O projeto 'Conversas à Janela' arrancou há três semanas, abrangendo mais de uma centena de pessoas.

"As pessoas sentem que nós nos lembramos delas e combatemos a solidão e os dias difíceis, sublinha Frederica Silva.

O projeto tem também como objetivo fazer o levantamento da situação em que a população sénior se encontra, elencando as principais necessidades que possam estar a sentir, nomeadamente no que diz respeito às diferentes tarefas que obrigam a sair de casa.

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