"Não só precisamos de imigrantes, mas precisamos de evoluir", considera o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa.
O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) citou esta sexta-feira Jesus Cristo para dizer que não considera católicos quem se afirma crente e tem um discurso contra os imigrantes e contra o acolhimento.
"Isso é o que, a mim, mais me custa entender em tudo isto", disse José Ornelas, confrontado com o facto de muito do discurso xenófobo, populista e anti-imigrantes invocar a fé católica e a matriz judaico-cristã da Europa.
Numa conferência após o XVI Encontro de Bispos dos Países Lusófonos, José Ornelas citou o que respondeu Jesus Cristo aos seus contemporâneos que o acusavam de violar a fé judaica em que havia sido criado: "A resposta é 'não vos conheço'".
"Não só precisamos de imigrantes, mas precisamos de evoluir" e deixar de ter uma "cultura de medo", algo que as leis propostas (da nacionalidade e estrangeiros) parecem acentuar, alertou José Ornelas.
Nesta alteração prevista, "o que tem mais [nos diplomas] é proibição e a preocupação com o medo que se gerou", enquanto, em contrapartida, a redação proposta é "muito, muito parca naquilo que é o dever, a necessidade e o desafio da integração" dos imigrantes, um tema em que, "praticamente, o discurso desapareceu", considerou Ornelas.
O presidente da CEP mostrou-se particularmente crítico de "alguns aspetos" no que respeita ao adiamento dos prazos para o reagrupamento familiar de imigrantes, que "são danosos do ponto de vista da inteligência" e no propósito de integrar os estrangeiros.
O reagrupamento familiar "constitui um dos aspetos fundamentais para uma pessoa se sentir bem em qualquer país e não se sentir sempre fora de casa, porque tem aquilo que marca a sua vida, que é a sua família", que "faz parte da dignidade humana e faz parte da integração", considerou o bispo de Leiria-Fátima.
Por isso, "estar a dificultar ulteriormente com prazos" adicionais é algo de "nocivo e mau".
As migrações constituem "um tema muito debatido" nos trabalhos, explicou José Ornelas, responsável da Conferência que acolheu o encontro.
"As experiências que nós temos de busca de integração têm neste momento uma situação desafiadora aqui, concretamente no contexto europeu e concretamente para aquilo que nos diz respeito Portugal", reconheceu.
Nas conclusões aprovadas, os bispos lusófonos defenderam uma "maior atenção ao acolhimento, proteção, promoção e integração dos migrantes e refugiados por parte das comunidades na diáspora, respeitando a sua diversidade cultural e a dignidade de cada pessoa e de cada família que migra, e lutando contra a legislação que atenta a esses princípios".
No encontro, foram também definidas as "condições e critérios de colaboração em relação ao intercâmbio de padres e agentes pastorais", com protocolos diocese a diocese e programas de "inserção e inculturação", "partilha de recursos humanos, formativos e materiais", sinergias na formação dos sacerdotes"
"Rezamos pelos povos que são vítimas das extremas violências e mortes, e apelamos aos líderes políticos que acabem as guerras e estabeleçam o diálogo para a edificação da paz", referiram os representantes de Angola, Brasil, Cabo Verde, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.
"A mensagem que nos deixou e o diálogo connosco estabelecido reforçam a nossa atenção à construção da paz e da hospitalidade, o cuidado pelo acolhimento, inclusão e acompanhamento dos migrantes, o respeito pela diversidade no contexto da liberdade religiosa, o combate às indiferenças e aos radicalismos, o cuidado da casa comum e da ecologia integral".
A iniciativa foi organizada pela Fundação Fé e Cooperação, que organizou um colóquio com o tema "Fraternidade, novo nome para a Paz" e os bispos foram recebidos pelo Presidente português e saudaram a abertura do chefe de Estado às preocupações.
"Num momento em que as relações internacionais e o sentido de uma comunidade global estão ameaçados e em que aumenta a tendência para a defesa e protecionismo, é fundamental restabelecer a diplomacia da fraternidade, assente na comunhão, na cooperação e na relação entre os povos, capaz de afirmar o bem comum, a dignidade humana, a coesão e a paz mundial", referem os bispos.
Ficou também decidida a realização do XVII encontro em São Tomé e Príncipe, de 12 a 17 de janeiro de 2027.
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