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Enfermeiros do Montepio Rainha D. Leonor, nas Caldas da Rainha, em greve por melhores condições

Instituição conta com cerca uma dúzia de enfermeiros na casa de saúde, dos quais alguns atualmente estão de férias, quatro encontram-se de baixa médica e um em licença parental.

22 de agosto de 2025 às 14:21

O Sindicato dos Enfermeiros indicou esta sexta-feira que a greve dos profissionais do Montepio Rainha D. Leonor, nas Caldas da Rainha, está a ter uma adesão de 100%, mas a administração contesta os números, apontando para 66,7%.

A greve, convocada pelo Sindicato do Enfermeiros Portugueses (SEP), "teve uma adesão de 100%", disse à agência Lusa o sindicalista Rui Marroni que hoje de manhã acompanhou o piquete de greve concentrado em frente às instalações do Montepio Rainha D. Leonor, nas Caldas da Rainha, no distrito de Leiria.

Contudo, de acordo com o enfermeiro Manuel António Ferreira, membro da direção da instituição, "no turno das 08h00 às 14h00, dos três enfermeiros que deveriam estar de serviço, apenas dois aderiram à greve, sendo a adesão de 66,7%".

Segundo a administração, a instituição conta com cerca uma dúzia de enfermeiros na casa de saúde, dos quais alguns atualmente estão de férias, quatro encontram-se de baixa médica e um em licença parental.

Os enfermeiros contestam a alteração "de forma unilateral" do contrato coletivo de trabalho que regia os trabalhadores da instituição, até 2022 afetos a CNIS, Confederação Nacional das instituições de Solidariedade Social e, desde 2023, regidos pelo contrato coletivo da Associação Portuguesa de Mutualidades (APM).

A alteração, segundo Rui Marroni, "criou prejuízos para os enfermeiros, como também desregulou os horários que estavam em vigor", o que levou o sindicato a apresentar uma proposta de carreira, em 27 de junho, a que a direção da instituição não deu resposta.

O SEP acusa a direção de "insistir em condições de trabalho que efetivamente são prejudiciais para os enfermeiros" e que levam os profissionais "a sair da instituição".

Os enfermeiros sustentam que a alteração do contrato de trabalho permitiu a implementação horária de 40 horas semanais e levou à retirada do subsídio de turno (de 15% para quem fazia dois turnos e de 25% quem fazia três), reduzindo os honorários.

Na proposta entregue à administração, o SEP exige "a manutenção das 35 horas semanais, que é aquilo que está em vigor e que se pretende que se mantenha", bem como que os enfermeiros tenham "direito a folgas, descanso semanal, descanso complementar, que os dias de folga que são trabalhados sejam compensados e que haja o pagamento das chamadas horas penosas, noturnas e fins de semana".

Os enfermeiros reclamam ainda aumentos salariais para valores "mais aproximados dos praticados no setor público", referiu a delegada sindical Cristina Rodrigues, enfermeira no Montepio há mais de 17 anos, salientando que "nem sequer recebe o valor mínimo de ingresso no público, de 1.550 euros", mesmo "sendo a enfermeira mais antiga", já que "o ordenado base é de 1.531 euros".

Contactada pela agência Lusa, o presidente do conselho de administração do Montepio Rainha D. Leonor, Paulo Ribeiro, negou que não tenha sido dada resposta à proposta do SEP e esclareceu que informou "telefonicamente e por 'e-mail' que estava a negociar diretamente com os enfermeiros".

O responsável acrescentou ainda que a associação mutualista "atualizou os ordenados em 2,1% já este ano" e que, na proposta apresentada aos enfermeiros, propôs "aumentos de 5% para todos os enfermeiros e de 10% para os enfermeiros mais antigos, a implementar até ao final do ano".

Paulo Ribeiro indicou também que, com alteração do contrato coletivo de trabalho, "deixaram de ser pagos os subsídios de turno, mas o trabalho suplementar passou a ser pago aos enfermeiros a 100%".

O Montepio Rainha D. Leonor é uma associação mutualista fundada em 1860, nas Caldas da Rainha, que presta diversos serviços na área da saúde e que conta com uma clínica (com internamento) e um lar residencial.

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