A edição de hoje
Mudança duas vezes por ano já não tem o mesmo benefício, mas provoca desfasamento do corpo com o ritmo do sol.
A proposta do Governo espanhol para acabar com a mudança da hora legal está a gerar discussões devido às implicações que acarreta e a fazer recordar os quatro anos, entre 1992 e 1996, quando Cavaco Silva alinhou Portugal com o fuso horário europeu.
Na prática, caso a medida fosse aprovada e passasse a vigorar a atual hora de inverno durante todo o ano, o sol nasceria às 07h51 no final de dezembro e às 05h12 no primeiro dia do verão. O por do sol seria às 17h18 ou às 20h04, respetivamente. Em sentido contrário, se for aplicada a hora de verão, por altura do Natal o sol iria nascer às 08h51 e o ocaso seria pelas 18h18, a meio de junho o dia começaria às 06h12 e acabava às 21h04.
Se é verdade que a mudança de hora tem implicações no ritmo circadiano (o ritmo natural do próprio corpo que regula os principais processos biológicos) duas vezes por ano, manter sempre a mesma hora também. “Um dos fatores mais importantes para a sincronização do nosso relógio interno é a luz solar que, como sabemos, apresenta uma variação sazonal.
Adicionalmente, temos que considerar que estamos integrados numa sociedade e cultura e, da mesma forma que tal nos incute horários e atividades a considerar, promove também regras e políticas que condicionam e estruturam a nossa ação”, explica a psicóloga Liliana Amorim, para quem “estas decisões políticas não têm em consideração o nosso relógio interno e, por vezes, promovem um desfasamento maior entre o que é o nosso relógio interno, o relógio solar pelo qual estamos alinhados e o relógio social”. “Dadas as circunstâncias sociais em que nos encontramos, [a mudança de hora] já não apresenta o mesmo benefício e, em termos de saúde, principalmente para algumas pessoas em algumas localizações, onde apresenta um preço de saúde demasiado elevado.
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