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Iberdrola vai levar presidente de operador da Red Eléctrica à justiça

Em causa estão declarações em que atribuiu responsabilidades do apagão de 28 de abril às empresas produtoras.

13 de outubro de 2025 às 15:11

A Iberdrola vai queixar-se na justiça da presidente da Red Eléctrica, a operadora do sistema elétrico de Espanha, por declarações em que atribuiu responsabilidades do apagão de 28 de abril às empresas produtoras, noticiam esta segunda-feira meios de comunicação social espanhóis.

Segundo "fontes jurídicas" citadas pela agência de notícias EFE e o jornal El Mundo, a empresa vai iniciar "ações legais" contra Beatriz Corredor, presidente da Red Eléctrica (REE).

Beatriz Corredor afirmou, numa audição no Senado de Espanha em 11 de setembro, que o apagão se deveu a incumprimentos das empresas geradoras de eletricidade, sem mencionar nenhuma em concreto.

Ainda assim, referiu-se a uma unidade fotovoltaica na zona de Badajoz, que a imprensa espanhola tem identificado como sendo da Iberdrola e que Beatriz Corredor disse ter-se "comportado de forma indevida" no dia do apagão, o que fez com que o sistema se tornasse "muito mais vulnerável".

Apesar de não ter referido o nome da Iberdrola, a empresa considera que "esta insinuação" de Beatriz Corredor ataca "a sua honra", disseram as mesmas fontes jurídicas à EFE.

Num relatório sobre o apagão apresentado em 18 de junho, a REE atribuiu o episódio a incumprimentos de obrigações por parte das empresas produtoras de energia e rejeitou acusações de mau planeamento.

"Se os geradores com obrigação de cumprimento de controlo dinâmico de tensão - os geradores ligados ao sistema no momento do incidente - tivessem cumprido, não teria havido apagão", disse a diretora-geral de Operação da Red Elétrica, Concha Sánchez.

Segundo a REE, após oscilações relevantes no sistema a partir das 12h03 locais de 28 de abril (meia hora antes do apagão), uma série de centrais de produção desligou-se, levando ao apagão total, mas fizeram-no de forma "incorreta", incumprindo obrigações, uma vez que nesse momento a tensão no sistema estava "totalmente dentro dos limites" estabelecidos legalmente.

A REE recusou ter feito uma "má planificação" nos dias e horas anteriores ao apagão, como apontou o Governo espanhol num relatório e a associação espanhola de produtores de energia Aelec, defendendo que o colapso teria sido evitado se as empresas com unidades de produção tivessem cumprido as obrigações que tinham naquele dia por solicitação do operador.

O relatório apresentado pelo Governo espanhol, também em junho, responsabilizou tanto a REE como as empresas produtoras de eletricidade pelo apagão, concluindo que houve mau planeamento por parte da Red Eléctrica, mas também incumprimentos de obrigações por parte das produtoras.

O apagão ibérico de 28 de abril foi provocado por uma sucessão de desligamentos súbitos de produção renovável, e subsequente perda de sincronismo com a rede continental europeia, segundo o painel de peritos europeus que investiga o incidente.

O relatório publicado este mês, elaborado por 45 especialistas de operadores de rede e reguladores de 12 países, classifica o incidente como de "escala 3", o nível mais grave previsto pela legislação europeia, e descreve-o como "o mais significativo ocorrido no sistema elétrico europeu em mais de 20 anos", afetando milhões de cidadãos e provocando perturbações graves em serviços essenciais.

De acordo com a análise da Rede Europeia de Gestores de Redes de Transporte de Eletricidade (ENTSO-E, na sigla em inglês), a sequência de falhas teve início às 12h32 (hora de Bruxelas), quando diversas centrais solares e eólicas no sul de Espanha se desligaram subitamente da rede, seguidas de perdas adicionais em regiões como Granada, Badajoz, Sevilha e Cáceres.

O relatório nota que as análises realizadas pelos centros de coordenação regionais na véspera do incidente não tinham identificado riscos significativos.

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