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"Ninguém pode pagar dramas do passado": Bispos portugueses debatem indemnizações a vítimas de abusos na Igreja

"Questão não pode, não deve e não terá uma volta atrás", defende o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa.

11 de novembro de 2024 às 18:25

O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), D. José Ornelas, garantiu, na Assembleia Plenária dos bispos, que "ninguém pode pagar ou anular os dramas do passado" provocados pelos casos de abusos no seio da Igreja Católica.

O encontro entre bispos portugueses começou esta segunda-feira, em Fátima, e tem como principal motivo de discussão a questão das indemnizações às vítimas dos abusos sexuais.

A questão dos abusos sexuais cometidos no seio da Igreja não pode, não deve e não terá uma volta atrás
D. José Ornelas

Presidente da Conferência Episcopal Portuguesa

O presidente da CEP defende que o "processo de compensações financeiras" é "parte" do caminho que a Igreja está a prosseguir. "Queremos que seja um passo importante para o reconhecimento do mal que lhes foi infligido e de pedido de perdão, que contribuam para sarar feridas e afirmar a dignidade, contra a qual nunca alguém devia ter atentado", detalhou.

Depois de em abril ter sido aprovada a atribuição de indemnizações às vítimas, a CEP definiu, em julho, o regulamento para essas compensações. Os pedidos começaram a surgir a 1 de junho e podem ser feitos até 31 de dezembro deste ano.

"Temos consciência de que a realidade dos abusos sexuais e os dramas das vítimas que causaram não deixou indiferente nem a Igreja nem a sociedade."

No discurso, Ornelas recordou que esta foi a primeira assembleia desde a reunião, com o Papa Francisco, em maio. O bispo lembrou o drama das guerras, também abordado na reunião com o Sumo Pontífice, como um desafio ao qual a Igreja "não pode ser indiferente".

Na Ucrânia, em Gaza e no Líbano, bem como em tantas outras geografias do mundo, como o Iémen, o Sudão e muitos outros, sucedem-se conflitos que nos comovem com o seu séquito de miséria, fome, doença e destruição
D. José Ornelas

Presidente da Conferência Episcopal Portuguesa

As tensões globais levaram o presidente do CEP a refletir sobre a polarização política "imprópria para regimes democráticos", também sentida, segundo o próprio, em Portugal.

D. José Ornelas terminou o discurso de olhos postos no Sínodo e no Jubileu de 2025. "Que esta Carta Encíclica [Dilexit] possa guiar-nos sinodalmente na celebração do Jubileu 2025 e no caminho transformador para uma Igreja sinodal, misericordiosa e missionária", acrescentou.

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