Cartas e CDs entregues nas residências oficiais do Presidente da República e do primeiro-ministro e na Assembleia da República.
As associações de defesa dos clientes bancários lesados das sucursais externas do BES entregaram hoje milhares de cartas e CDs nas residências oficiais do Presidente da República e do primeiro-ministro e na Assembleia da República, a reclamar uma solução.
Os representantes da Associação de Defesa dos Clientes Bancários (ABESD) e da Associação de Lesados Emigrantes Portugal Venezuela (ALEPV) começaram a manhã de hoje com a missão de entregar 1.600 cartas, uma por cada um dos emigrantes lesados que ainda não recuperou o dinheiro que tinha no extinto Banco Espírito Santo (BES), na residência oficial do Presidente da República, em Belém, onde foram recebidos por um assessor.
Os representantes dos emigrantes, que levaram também CDs com depoimentos de lesados, repetiram o mesmo processo na residência oficial do primeiro-ministro, bem como na Assembleia da República, onde entregaram uma carta dirigida a cada deputado, para chamar a atenção para a "injustiça" de que dizem ser alvo.
Os emigrantes que, em muito casos, perderam as poupanças de uma vida de trabalho no estrangeiro, queixam-se de ser o único grupo de lesados do BES que ainda não viu os seus problemas resolvidos e reclamam a constituição de um fundo de recuperação de créditos, tal como aconteceu com os outros lesados.
"Aqui fomos todos burlados. [...] O Governo, através da instituição Banco de Portugal, sabia o que estava a acontecer na altura e não foi capaz de atuar", disse à Lusa Francisco Carvalho, da direção da ABESD, um dos sete elementos que participou na ação levada a cabo esta manhã.
Segundo as associações, para que pudesse ser constituído um fundo de recuperação de créditos para estes casos, o Governo solicitou uma recomendação da Assembleia da República e uma declaração de 'mis-selling' (práticas abusivas por parte da instituição bancária), bem como a constituição de uma comissão independente na Ordem dos Advogados, requisitos estes que as associações cumpriram.
No entanto, há 14 meses o Governo pediu ao Banco de Portugal que ateste a recuperabilidade da garantia do fundo de recuperação e o processo parou a partir de então, ao passo que os restantes lesados do BES já receberam o que ficou acordado (75% do valor perdido, ou 50% nos casos em que o valor era superior a 500.000 euros).
"Todos os lesados do papel comercial já receberam o seu dinheiro, nós somos o único grupo de lesados que ainda não conseguiu nenhuma solução para o nosso dinheiro, estamos desesperados", disse à Lusa Vasco Barros, representante da ALEV.
"Somos gente honesta, nós contribuímos com muito dinheiro para o progresso de Portugal, nós mandámos dinheiro para o nosso país, nós sempre sonhámos com voltar a Portugal e sentimo-nos injustiçados. [...] Penso que é justo que nos resolvam a nossa situação", acrescentou.
Vasco Barros lamentou que não haja "respeito pelos emigrantes" e defendeu que, por causa disso, há "milhões de emigrantes que podiam estar a mandar dinheiro para Portugal" e já não o fazem, com medo que lhes aconteça o mesmo.
Maria Augusta Freitas, de 74 anos e emigrante na Venezuela durante 50 anos, foi uma das lesadas do BES que participou na ação de hoje.
Acompanhada pela filha, Maria Augusta contou à Lusa, com o sotaque carregado pelos 50 anos passados a falar espanhol, que, depois de saberem que tinham perdido todas as suas poupanças, fecharam a porta da mercearia que tinham na Venezuela e voltaram para Portugal só com uma mala na mão.
O marido de Maria Augusta, disse, com a "dor tão grande de ter de deixar tudo", sofreu um enfarte, ainda na Venezuela, e outro quando chegou a Portugal.
O BES, tal como era conhecido, acabou em agosto de 2014, deixando milhares de pessoas lesadas devido a investimentos feitos no banco ou em empresas do Grupo Espírito Santo.
O Banco de Portugal, através de uma medida de resolução, tomou conta da instituição fundada pela família Espírito Santo e anunciou a sua separação, ficando os ativos e passivos de qualidade num 'banco bom', denominado Novo Banco, e os passivos e ativos tóxicos no BES, o 'banco mau' ('bad bank'), sem licença bancária.
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