Hino nacional, o hastear da bandeira e figuras como Marcelo são os principais motivos que levam os populares a assistir às comemorações oficiais do 05 de Outubro.
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O presidente Marcelo Rebelo de Sousa discursou esta quarta-feira, na Câmara Municipal de Lisboa, na comemoração dos 112 anos da República portuguesa e defendeu que fazer avançar a democracia é uma missão coletiva e que nela "existe caminho para todos", recuando ao Portugal de há cem anos para alertar para o perigo das ditaduras.
Num discurso de onze minutos, na cerimónia comemorativa dos 112 anos da Implantação da República, na Praça do Município, em Lisboa, Marcelo Rebelo de Sousa falou dos governos que "tendem quase sempre a ver-se como eternos" e das oposições "quase sempre a exasperarem-se pela espera", afirmando em seguida que "nada é eterno" e que "a democracia é por natureza o domínio da alternativa, própria ou alheia".
"E porque temos e sabemos hoje o que não tínhamos e sabíamos em 1922, sabemos que existe caminho para todos nós dentro da democracia. E que só depende de nós, mesmo num mundo em pós-pandemia e em guerra, não apenas sermos muito diferentes de Portugal de 1922, mas sermos cada dia que passa melhores do que somos e cada vez melhores no futuro", prosseguiu.
Marcelo Rebelo de Sousa, que discursou depois do presidente da Câmara Municipal de Lisboa, apontou as "insatisfações, indignações, exigências de muito mais e melhor" referidas por Carlos Moedas como "sinal da força da democracia".
Foi o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas, que iniciou os discursos e foi o seu primeiro como autarca, nas comemorações de outubro. "Não podemos ser o país da Europa onde os mais jovens demoram mais a sair de casa dos pais. Temos de ser o país que cuida", disse Moedas.
"Não nos podemos resignar perante alguma estagnação económica", disse o social-democrata, defendendo que é necessário "um país preparado para um mundo cada vez mais competitivo; um país que liberte os portugueses do jugo fiscal que se torna insuportável para as suas vidas". Segundo o autarca, é necessário que os portugueses tenham capacidade de decidir sobre a sua própria saúde, a educação dos mais novos e sobre a habitação. E chamou para si essa responsabilidade, afirmando que quando essa ação "não pode partir do Estado central, deve ser assumida pelos municípios, que têm a responsabilidade política mais direta sobre os cidadãos".
É preciso "audácia para fazer política para as pessoas, com as pessoas, ouvindo as pessoas. E para não fazer uma política de impor às pessoas aquilo que os políticos acham que deve ser a sua vida", invocou ainda Moedas.
O hino nacional, o hastear da bandeira e figuras como o Presidente Marcelo são os principais motivos que levam os populares a assistir esta quarta-feira às comemorações oficiais do 05 de Outubro.
"Somos portugueses e temos de nos apresentar como tal", disse à agência Lusa José Rebelo de Lima, 76 anos, com a bandeira portuguesa a cobrir-lhe o corpo.
Morador em Braga, aproveitou uma visita a Lisboa para assistir às comemorações do 112.º aniversário da implantação da República, mas o seu objetivo é maior: "Quero visitar o interior da Câmara Municipal de Lisboa".
Enquanto isso não é possível, regozija-se com a possibilidade de estar próximo dos governantes de Portugal. "Aqui nós podemos vê-los bem perto, o que é difícil nos outros dias".
Outro momento especial para este septuagenário é o içar da bandeira portuguesa e, a este propósito, recorda sorridente o episódio em que a bandeira foi içada ao contrário, na altura em que Cavaco Silva era o Presidente da República.
Sobre o regime republicano, não tem dúvidas de que é o melhor, apesar de agora se falar muito em monarquias, por causa do funeral da rainha Isabel II.
"É o que temos. Não vale a pena discutir isso, porque é o que temos", disse, lamentando que uma data tão importante como o 05 de Outubro seja tão pouco falada. "Tenho um neto com 14 anos e não sabe nada disto. É só telemóveis".
Igualmente atento e confortável na primeira fila para assistir à cerimónia, Manuel Nunes, 65 anos, é um espetador habitual desta cerimónia, recentemente interrompida e condicionada devido à pandemia de covid-19.
"Gosto de ver os meus representantes. Faço parte de uma cerimónia que tocou pela primeira vez "A Portuguesa"", contou.
Para Manuel Nunes, o som das bandas emociona-o. "Até arrepia", frisou. Por isso, quando o hino nacional é interpretado, sente que está a vivenciar um momento importante.
Gosta especialmente de ver os representantes do povo na varanda da Câmara Municipal de Lisboa, onde, há 112 anos, foi proclamada a República portuguesa.
E dos Paços do Concelho vai para o Palácio de Belém, onde a festa da República continua. Manuel Nunes destaca a abertura que o Presidente Marcelo tem promovido, ao contrário de Cavaco Silva, de quem "toda a gente tinha medo".
"Cavaco fechou, mas Marcelo abriu. Marcelo Rebelo de Sousa extravasou tudo", disse, congratulando-se com a forma "popular" do chefe de Estado.
De passagem por Lisboa, que visita pela primeira vez, a canadiana Kerri Alderson foi apanhada pela cerimónia quando procurava uma loja para trocar dinheiro.
À Lusa, contou que pouco sabe da implantação da República, mas sabe que é um dia feriado e importante.
Acha graça ao tempo que os populares esperam para ver os seus governantes, mas afirma que é importante existirem governantes populares, ao contrário do primeiro-ministro do seu país, cujas atitudes de "playboy" parecem agradar cada vez menos.
"Gosto que os políticos interajam com a população, mas de uma maneira séria. O nosso primeiro-ministro faz tudo em demasia. O seu comportamento não é digno do cargo que ocupa", lamentou.
E também ela optou por esperar e ver a banda tocar, enquanto iniciava o desfile de personalidades para a cerimónia oficial da implantação da República portuguesa.
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