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Trinta profissionais lançam manifesto para exigir os "centros de saúde de volta"

Subscritores destacam que o objetivo do manifesto não é destruir o SNS24, frisando a necessidade de definir as situações em que este mecanismo é de facto importante.

14 de novembro de 2025 às 08:47

A Fundação para a Saúde lança esta sexta-feira um manifesto, subscrito por 30 profissionais, contra o "esvaimento dos centros de saúde" e para alertar para as dificuldades de acesso aos cuidados de saúde primários.

O manifesto é subscrito pelo Bastonário da Ordem dos Médicos, Carlos Cortes, o diretor do Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto, Manuel Sobrinho Simões, e pela antiga ministra da Saúde Maria de Belém Roseira, entre outros nomes do setor da Saúde e da sociedade civil.

No manifesto, citado esta sexta-feira pelos jornais Público e Diário de Notícias, os profissionais afirmam que "há centros de saúde no país (...) que já não atendem os seus utentes ao telefone" e "respondem aos seus emails com atraso e recusam atendê-los em caso de doença aguda".

Por estes motivos, os signatários lançam o repto: "Exigimos o nosso centro de saúde de volta".

No manifesto, defendem que o "esvaimento da ideia do centro de saúde é real" e que, não tendo resposta nos cuidados de saúde primários, o utente tem de ligar para a Linha Saúde24.

"Chamada, que mesmo em período de baixa intensidade de doença aguda, pode demorar tempos insuportáveis para ser atendida. Onde um profissional que não conhece a pessoa de todo, nem tem acesso à sua informação de saúde, perguntará o que o algoritmo precisa 'para tomar uma decisão' sobre o seu destino", é referido no documento.

No manifesto, intitulado "Sobre os serviços e cuidados de saúde a que temos direito", os signatários sublinham que "não foi para substituir a equipa de saúde familiar que a linha SNS24 foi ciada".

Os subscritores destacam que o objetivo do manifesto não é destruir o SNS24, frisando a necessidade de definir as situações em que este mecanismo é de facto importante, ou seja, nos picos de doença aguda, durante períodos de utilização normal das urgências.

"É muito importante que as pessoas sintam que numa aflição, numa doença aguda -- não necessariamente uma emergência médica -, podem beneficiar daquela relação de confiança, de cuidados de saúde por profissionais que os conhecem, assim como de toda a informação de saúde a seu respeito", é referido no documento.

No entendimento dos subscritores, "é possível e é preciso que o centro de saúde e as suas equipas profissionais, com aquilo que conhecem dos seus utentes e com a informação ao seu dispor sobre eles, orientem o seu acesso aos cuidados de saúde de que necessitam" e sejam "o espaço de proximidade onde as pessoas encontram o seu SNS".

Em declarações ao jornal Público, o psiquiatra e professor António Leuscher, um dos subscritores, diz que a intenção do documento passa por garantir cuidados de saúde centrados no doente, assegurando confiança, proximidade e acessibilidade.

"Quando dizemos que queremos o nosso centro de saúde de volta, falamos de um centro de saúde multifuncional, muito pronto para responder", refere, acrescentando que "para isso é preciso salvaguardar a acessibilidade".

O manifesto é ainda subscrito pelo presidente do Conselho Consultivo da Entidade Reguladora da Saúde (ERS), Alcindo Maciel Barbosa, o médico especialista em medicina geral e familiar José Luís Biscaia, o psiquiatra Júlio Machado Vaz, entre outros-

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