Populares relatam confusão e falta de abrigos para esperar os veículos.
A nova rede de autocarros da Área Metropolitana do Porto (AMP), denominada Unir, "só veio desunir as pessoas", disse esta segunda-feira à Lusa Maria Lima Leite, utente no primeiro dia útil do serviço que causou confusão nos Carvalhos, em Gaia.
"Em vez de Unir, só veio desunir as pessoas". A frase é de Maria Lima Leite, potencial utente da nova rede da AMP rumo ao trabalho em Espinho, não estivesse há mais de uma hora à espera de um autocarro no suposto Interface dos Carvalhos, que de tal só tem mesmo o nome.
Na manhã desta segunda-feira, os autocarros da Unir, a nova rede metropolitana de autocarros que arrancou no feriado de sexta-feira, iam parando em frente aos Bombeiros Voluntários dos Carvalhos, numa zona que, na prática, é um parque de estacionamento para automóveis.
Não há abrigos, não há os prometidos postaletes com números das linhas, não há sequer o sinal de trânsito azul informativo de que se está numa paragem de autocarro e as pessoas estão de pé. Os veículos têm até dificuldade em dar meia volta dentro do 'interface', tendo que fazer uma manobra para chegarem à suposta paragem.
Já falta de informação, revolta e impaciência há em abundância num dos supostos pontos de encontro de linhas promovidos pela nova rede Unir, operada no lote de Vila Nova de Gaia e Espinho pela Transportes Beira Douro (pertencente à Auto Viação Feirense).
"O 'site' está péssimo, confuso. Depois, não têm contactos telefónicos. É só email. Uma pessoa manda email, claro que não respondem", reclama Maria José Espírito Santo, que veio de Santa Maria da Feira.
Segundo a utente, "hoje [segunda-feira] um motorista nem sabia onde havia de parar" nos Carvalhos, entre as paragens do centro, das bombas de gasolina e do novo suposto 'interface' não assinalado.
"Tínhamos autocarros a passar quase de hora a hora. Principalmente no horário da manhã tínhamos bastantes. Com esta nova situação, o primeiro a passar é às 7h26, muito tarde. Os anteriores já vinham cheios, o das 7h35 já vinha cheio também, não sei onde vão pôr as pessoas que vinham nos dois anteriores num só. Hoje [segunda-feira] nem sequer passou", reclamou à agência Lusa.
A utente conta ainda que as crianças vindas da Feira para o Colégio dos Carvalhos "tiveram de ligar para os pais para irem buscá-los". "Está este caos. Ninguém sabe onde é que tem de apanhar" o autocarro, observa.
O transporte escolar foi também uma das queixas de Maria Augusta, que contou à Lusa que a falta do autocarro vindo do Curro (Canelas) fez com que os alunos tivessem de percorrer cerca de 30 minutos a pé para chegar às escolas dos Carvalhos.
"Está muita canalha lá em baixo à espera. Veio muita canalha a pé por aí acima para ir para a escola. Não há direito. Por acaso tivemos boleia, senão ainda lá estávamos", disse à Lusa, indignada.
No meio da multidão que esperava os autocarros - ou camionetas, como sempre foram conhecidos os veículos dos operadores privados - a Lusa escutou ainda queixas de falta de transporte escolar de zonas como as Cavadinhas (Pedroso) e Outeiro (Serzedo).
"O horário que dizia Curro - Outeiro - Carvalhos dizia 7h00. Não fizeram a das 7h00. Não tem lógica nenhuma. Muita gente veio a pé. Do Outeiro ainda é um pedaço", reclama também Maria Lopes, que estimou o tempo perdido em meia hora "para quem andar depressa", o que não é o caso dos muitos idosos que tiveram de fazer o percurso a pé.
Além das dificuldades com frequências e localização das paragens, nenhum dos autocarros apresentava bandeira digital identificando o número da linha e o destino (mantiveram-se os velhos papéis), mas foram visíveis mensagens como "Feliz Natal" ou até textos como "ikke i traffik", um impercetível sueco significando algo como "não no trânsito", o que contrastava com a experiência dos utentes no congestionamento matinal em plena Estrada Nacional 1.
Alguns veículos já apresentam o azul, preto e branco da Unir, mas outros estão ainda decorados com o verde quer dos veículos da Gondomarense ao serviço do novo operador, quer dos autocarros importados da Suécia, havendo mesmo autocarros com cores da empresa aeroportuária Groundforce.
"Há muita falta de comunicação. Eu também li comentários no Facebook (...) e houve muitas pessoas a queixarem-se do mesmo", disse à Lusa Manuel Silva, outro utente.
Já Pedro Monteiro, que esta segunda-feira se dirigia para o Hospital Santos Silva, considerou que "foi tudo um bocadinho feito à pressa" e "quando as coisas são feitas assim, é um bocado de má gestão das empresas de mobilidade".
"Há os horários no site das entidades, mas são um pouco confusos para quem não sabe com que linhas se coser. Uma pessoa procura os horários, mas ainda está muito confuso. São muitos horários, muitas linhas", lamentou.
Fátima Gonçalves, uma "acérrima apoiante" do transporte público vinda de Argoncilhe (Feira), "só queria uma ligação a Santo Ovídio" para chegar ao metro rumo ao Hospital São João. Lembrou que se "fala tanto em alterações climáticas" com a nova rede - "que, à partida, era para unir" - acabando por chegar à conclusão que "os transportes públicos não funcionam".
"O meu sonho é que no meu país, na minha zona, os transportes públicos funcionem. (...) Eu estou aqui à espera para ir para o trabalho. Não tenho transporte, e se calhar sou obrigada a levar o carro, a andar a poluir, porque os senhores que mandam não querem saber de nós para nada", vociferou.
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