BBC pede desculpas a Trump por edição enganosa mas rejeita difamação

Advogado de Trump tinha enviado uma carta à BBC a exigir um pedido de desculpas e a ameaçar avançar com um pedido de indemnização de mil milhões de dólares (860 milhões de euros).

14 de novembro de 2025 às 00:38
BBC Foto: AP
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A emissora pública britânica BBC pediu esta quinta-feira desculpas ao Presidente norte-americano, Donald Trump, pela edição enganosa do seu discurso de 06 de janeiro de 2021, mas discordou veementemente da existência de fundamentos para um processo por difamação.

A BBC noticiou que o seu presidente, Samir Shah, enviou uma carta pessoal à Casa Branca a dizer que ele próprio e a estação lamentavam a edição do discurso proferido por Trump antes de alguns dos seus apoiantes invadirem o Capitólio em 2021, no documentário BBC Panorama emitido antes das eleições presidenciais norte-americanas, em novembro de 2024.

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"Reconhecemos que a nossa edição, involuntariamente, criou a impressão de que estávamos a exibir uma única secção contínua do discurso, em vez de excertos de diferentes momentos, e que isso deu a falsa impressão de que o Presidente Trump tinha feito um apelo direto à violência", escreveu a BBC numa retratação.

A estação afirmou ainda que não há planos para retransmitir o documentário que juntou excertos do discurso proferidos com quase uma hora de intervalo.

O advogado de Trump tinha enviado uma carta à BBC a exigir um pedido de desculpas e a ameaçar avançar com um pedido de indemnização de mil milhões de dólares (860 milhões de euros) por difamação.

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A crise na BBC surgiu após o jornal britânico Daily Telegraph ter publicado na semana passada um relatório de um consultor externo com uma série de críticas à estação.

Entre as questões identificadas estava o documentário no qual foram unidos dois excertos separados do discurso de Trump, num dizendo aos seus apoiantes que iria caminhar com eles até o Capitólio e noutro que iriam "lutar com unhas e dentes".

Na edição foi omitida uma parte em que Trump dizia que estaria com os manifestantes para que fossem ouvidas as suas vozes "de forma pacífica e patriótica".

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Na sequência do caso, a diretor-geral da BBC, Tim Davie, e a diretora de informação, Deborah Turness, demitiram-se no domingo e o presidente do conselho de administração, Samir Shah, pediu publicamente desculpas na segunda-feira pelo "erro de julgamento".

Também hoje, a BBC anunciou que está a investigar um segundo caso de edição enganadora de um discurso de Trump.

De acordo com o The Telegraph, a BBC exibiu uma reportagem em junho de 2022 no seu programa "Newsnight" em que foram editados excertos do discurso de Trump a 6 de janeiro de 2021 dando a entender que estava a incitar os seus apoiantes a irem ao Capitólio e "lutarem com todas as suas forças".

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"Este problema foi levado ao nosso conhecimento e estamos a conduzir uma investigação", disse um porta-voz da BBC, acrescentando que a estação "está comprometida com os mais elevados padrões editoriais".

Em relação ao incidente ocorrido no programa "Newsnight", o The Telegraph cita um ex-funcionário do programa, que afirma que um possível problema com a edição do discurso de Trump - imediatamente denunciado em estúdio por um convidado, um ex-colaborador de Trump - foi discutido após a exibição do programa dentro da equipa, mas foi ignorado por um executivo.

Na quarta-feira, o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, afirmou acreditar numa "BBC forte e independente", mas exigiu que a emissora pública britânica assuma a responsabilidade e corrija erros rapidamente.

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"Quando são cometidos erros, é necessário que eles ponham a casa em ordem", assumam a responsabilidade e "corrijam os erros rapidamente", disse Starmer.

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