A RTP voltou a fazer negócios com a Produções Fictícias (PF), que continua a ser detida pelo ex-administrador da empresa e agora secretário de Estado do Cinema, Audiovisual e Media, Nuno Artur Silva.
A situação foi denunciada pela Comissão de Trabalhadores da empresa pública, que acusa agora a administração de Gonçalo Reis de não dar explicações.
Ao
CM, a RTP confirmou ter comprado, no ano passado, um documentário à PF, intitulado ‘O Fascínio das Histórias’ (que teve o apoio da Gulbenkian). Foi emitido na RTP2 em novembro e custou 20 mil euros.
Mas a RTP já terá também manifestado interesse numa série de humor que poderá custar quase 400 mil euros. O ‘Sol’ revela que há ainda outro projeto a ser analisado, da autoria de Virgílio Castelo (responsável pela ficção da RTP quando Artur Silva era administrador), no valor de 600 mil euros. A RTP nega. O caso está a gerar mal-estar na empresa.
É que, apesar de quando aceitou integrar o Governo Artur Silva ter anunciado que vendeu a sua participação na PF, o secretário de Estado continua a ter ligação à empresa. Artur Silva cedeu as quotas ao sobrinho, André Machado Caldeira, e a Michelle Costa, que gerem a produtora desde 2015.
No entanto, os compradores têm dois anos para pagar as quotas, por 180 mil euros, ou o negócio pode ser revertido. Além disso, Artur Silva recebe mais 20 mil euros se o resultado líquido da PF for superior a 40 mil euros em 2020 ou a produtora seja dissolvida até ao fim deste ano.
Questionada sobre mais este caso de possível "conflito de interesses", a RTP recusou prestar mais esclarecimentos. Artur Silva manteve-se em silêncio, tal como o Ministério da Cultura. António Feijó, presidente do Conselho Geral Independente (CGI) da RTP disse ao
CM que "neste momento não há comentários a fazer".
No entanto, o
CM sabe que o caso não agrada a alguns dos membros deste organismo, que o deverá analisar nos próximos dias.
Salário de Flor aumenta 63%A CT da RTP quer ainda que a administração esclareça se a ex-diretora de Informação foi sucessivamente promovida a nível salarial.
"Foi elevada dos níveis 4C para 5A, deste para 5B, e deste ainda para Quadro Superior de nível 3A, após a sua exoneração do cargo de diretora de Informação. A CT quer conhecer o fundamento legal para aquelas sucessivas alterações no curto lapso de um ano."
Ao que o
CM apurou, Flor Pedroso terá passado de um salário-base de 2385 euros para 3901 euros, segundo a tabela salarial em vigor. Contas feitas, um aumento de 63,6%.