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Correio da Manhã

Tv Media
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Nuno Artur Silva volta a gerar polémica na RTP

Canal compra programas a produtora do ex-administrador e atual secretário de Estado.
Duarte Faria 23 de Fevereiro de 2020 às 10:17
Nuno Artur Silva e Gonçalo Reis, presidente da RTP, voltaram a encontrar-se depois de o primeiro ter sido afastado da RTP
Nuno Artur Silva e Gonçalo Reis, presidente da RTP, voltaram a encontrar-se depois de o primeiro ter sido afastado da RTP FOTO: Ricardo Ruella
A RTP voltou a fazer negócios com a Produções Fictícias (PF), que continua a ser detida pelo ex-administrador da empresa e agora secretário de Estado do Cinema, Audiovisual e Media, Nuno Artur Silva.

A situação foi denunciada pela Comissão de Trabalhadores da empresa pública, que acusa agora a administração de Gonçalo Reis de não dar explicações.

Ao CM, a RTP confirmou ter comprado, no ano passado, um documentário à PF, intitulado ‘O Fascínio das Histórias’ (que teve o apoio da Gulbenkian). Foi emitido na RTP2 em novembro e custou 20 mil euros.

Mas a RTP já terá também manifestado interesse numa série de humor que poderá custar quase 400 mil euros. O ‘Sol’ revela que há ainda outro projeto a ser analisado, da autoria de Virgílio Castelo (responsável pela ficção da RTP quando Artur Silva era administrador), no valor de 600 mil euros. A RTP nega. O caso está a gerar mal-estar na empresa.

É que, apesar de quando aceitou integrar o Governo Artur Silva ter anunciado que vendeu a sua participação na PF, o secretário de Estado continua a ter ligação à empresa. Artur Silva cedeu as quotas ao sobrinho, André Machado Caldeira, e a Michelle Costa, que gerem a produtora desde 2015.

No entanto, os compradores têm dois anos para pagar as quotas, por 180 mil euros, ou o negócio pode ser revertido. Além disso, Artur Silva recebe mais 20 mil euros se o resultado líquido da PF for superior a 40 mil euros em 2020 ou a produtora seja dissolvida até ao fim deste ano.

Questionada sobre mais este caso de possível "conflito de interesses", a RTP recusou prestar mais esclarecimentos. Artur Silva manteve-se em silêncio, tal como o Ministério da Cultura. António Feijó, presidente do Conselho Geral Independente (CGI) da RTP disse ao CM que "neste momento não há comentários a fazer".

No entanto, o CM sabe que o caso não agrada a alguns dos membros deste organismo, que o deverá analisar nos próximos dias.

Salário de Flor aumenta 63%
A CT da RTP quer ainda que a administração esclareça se a ex-diretora de Informação foi sucessivamente promovida a nível salarial.

"Foi elevada dos níveis 4C para 5A, deste para 5B, e deste ainda para Quadro Superior de nível 3A, após a sua exoneração do cargo de diretora de Informação. A CT quer conhecer o fundamento legal para aquelas sucessivas alterações no curto lapso de um ano."

Ao que o CM apurou, Flor Pedroso terá passado de um salário-base de 2385 euros para 3901 euros, segundo a tabela salarial em vigor. Contas feitas, um aumento de 63,6%.
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