Em Portugal são vários os casos de marido e mulher que trabalham em canais concorrentes. Gestão da relação é crucial.
O segredo é a alma do negócio, mas como é que se resolve esta questão quando marido e mulher estão em lados opostos da barricada? Na televisão portuguesa são vários os exemplos de casais que trabalham em estações concorrentes, muitos deles com cargos de relevo e que têm de conciliar a profissão com a vida familiar, sabendo que o que partilham em casa pode dar ‘trunfos’ à concorrência. Contudo, os casais ouvidos pela Correio TV garantem que não misturam o ‘prazer com os negócios’ e que quando revelam os segredos profissionais em casa, sabem que eles não vão ser contados ao ‘inimigo’.
"É evidente que falamos das coisas que nos afligem, mas separamos muito bem as águas", diz Nuno Santos, director de Informação da RTP, que em casa não perde de vista uma jornalista da concorrência. Casado com Andreia Vale, repórter da SIC, o director do canal público assegura que essa é uma questão que não fragiliza a relação pessoal ou profissional. "Naturalmente, tenho muito mais segredos do que ela, mas não tenho qualquer problema em que os saiba. Nunca precisei de fechar nenhuma porta, mas também porque a Andreia faz questão de não saber".
Por seu lado, Andreia Vale garante que aprendeu o truque: não fazer perguntas. "Temos uma relação muito leve no que toca a debater o trabalho um do outro, mas não faço uma cobertura muito excessiva, não escrutino o trabalho dele, também porque não sou curiosa", diz a jornalista.
Já Nuno Santos faz questão de seguir a profissão da companheira. "Tenho curiosidade em ver o trabalho da Andreia e acompanho-o. Digo o que penso e gosto que ela me diga também o que pensa sobre o que faço", revela.
E mesmo na hora de ver televisão garantem que a gestão do comando é pacífica. "No comando mando eu, mas cedo-o aos miúdos, embora seja mais fácil resolver essas questões com mais do que uma televisão em casa", revela Nuno Santos. Andreia Vale assume que o controlo da televisão, passa, efectivamente, pelo marido. "É o Nuno que manda no comando, deixei de ver televisão à noite por causa disso e acabo por só ver notícias no computador".
Em casa da colega de redacção da SIC, Marta Atalaya, o cenário é semelhante. "Definitivamente, são as crianças que mandam no comando", diz a jornalista de Carnaxide, casada com o director de Informação da TVI, José Alberto Carvalho. "Temos de comprar mais televisões até porque temos um leque aqui entre 17 e dois anos, portanto, entre o ‘Glee’ e o canal Panda, sobra muito pouco espaço para os adultos verem as notícias" refere a repórter.
Apesar de trabalhar na estação privada que concorre directamente com a do marido, Marta Atalaya esclarece que a distância imposta pelas responsabilidades de cada um não impede que partilhem preocupações profissionais. "Naturalmente que falamos de trabalho. E ao final do dia comentamos, com todo o respeito, é claro, a forma como cada canal apresentou a notícia. Acho que é normal", afirma. No entanto, ressalva, o debate entre os dois jornalistas decorre "numa perspectiva muito construtiva".
José Alberto Carvalho dirige a informação de Queluz desde Fevereiro, tendo chegado à TVI vindo da RTP. Mas os dois jornalistas já parti-lharam a redacção da SIC e entendem que a discrição é a melhor fórmula para gerir a carreira com segurança. "Não notámos a diferença de estar em canais diferentes, até porque sempre nos pautámos por promover algum distanciamento normal entre casais que trabalham na mesma empresa", salienta a pivô da SIC Notícias.
Mas para os protagonistas da ficção e do entretenimento também é preciso ultrapassar em casa as barreiras impostas pela concorrência entre canais. No horário nobre da SIC, a protagonista da novela ‘Rosa Fogo’, Cláudia Vieira, disputa as atenções do público com o namorado Pedro Teixeira, também ele protagonista, mas da novela da TVI ‘Anjo Meu’. O casal, que se conheceu enquanto contracenava na série juvenil ‘Morangos com Açúcar’, está acostumado a ‘dormir com o inimigo’, uma vez que, enquanto Pedro se manteve em Queluz, Cláudia rumou a Carnaxide em 2008. E a ditadura das audiências exige que a actriz seja implacável, mesmo quando se trata da família. "O Pedro que se cuide", já avisou, divertida, em declarações à imprensa.
Na novela da TVI, Pedro Teixeira partilha o ecrã com João Reis, a quem pode pedir alguns conselhos sobre como gerir a situação. É que este também é casado com um nome de peso da concorrência: Catarina Furtado. "Acompanhamos o trabalho um do outro e fazemos comentários sobre as grelhas dos vários canais", conta à Correio TV o actor. E a apresentadora da RTP 1, que se prepara para estrear, no dia 29, ‘A Voz de Portugal’, pode contar também com o apoio incondicional do marido. "Às vezes vou aos bastidores dos programas dela, visitá-la e dar-lhe apoio", explica João Reis.
A série ‘A Ferreirinha’, da RTP, juntou o casal, que não se encontra em televisão desde a participação do actor em ‘Dança Comigo’, que Catarina apresentava. Mas ficou a vontade de se voltarem a cruzar no ecrã. "Obviamente que gostava, mas se tiver que acontecer, acontece. Não nos batemos por isso, mas também não temos o preconceito de não querer trabalhar juntos por sermos um casal", explica o Geraldo de ‘Anjo Meu’.
Apesar de o casal trabalhar em televisão, o actor confessa que não é muito atento ao que as estações emitem. "Há programas que não vejo e que a Catarina tem de acompanhar, porque tem outras responsabilidades na área da apresentação. Está mais atenta à concorrência, devido aos compromissos, e tem uma relação profissional com a televisão, enquanto a minha relação é de lazer", refere João Reis.
No entanto, também na casa dos dois actores a última palavra sobre a caixinha mágica cabe aos mais novos: "de manhã e ao fim-de-semana é a hora sagrada para as crianças, que mandam no comando". "Depois é pacífico, sobretudo à hora de ver o ‘Telejornal’. Mas temos duas televisões e facilmente consigo ver outra coisa".
O mesmo já não acontece na casa da directora de Conteúdos da SIC. "Lá em casa quem manda no comando sou eu, que eu é que sou da televisão", garante bem-disposta Júlia Pinheiro, casada com o director de Programas da RDP (empresa do grupo RTP), Rui Pêgo.
"Mas temos uma grande democracia, ele vê o que lhe interessa e, como há várias televisões em casa, quando algum de nós tem de acompanhar algum assunto com maior urgência pode fazê-lo", acrescenta a apresentadora de ‘Querida Júlia’.
Com os dois elementos do casal em postos de responsabilidade, mas em lados opostos da barricada, Júlia Pinheiro esclarece que "pode haver um ou outro comentário sobre o que está a ser exibido nos respectivos canais, mas tudo o que tem a ver com planificação não se fala em absoluto". A apresentadora da SIC, que antes também já acumulava funções de direcção na TVI, diz que "a questão não foi discutida e aconteceu naturalmente". "Temos os dois ética profissional levada ao mais alto nível e não há nenhuma dificuldade em manter as coisas assim".
Ainda assim, Júlia Pinheiro mantém-se próxima do trabalho do marido, que retribui o gesto. "Acompanha-me imenso, debate, aconselha e eu o mesmo em relação a ele. Adoro ouvi-lo na antena e temos um orgulho mútuo pelas carreiras um do outro". Actualmente, a família conta já com um terceiro elemento na televisão. Rui Pêgo, o filho, entrou na SIC Radical num casting do programa ‘Curto Circuito’. Na altura a mãe estava na TVI, mas agora partilham os mesmos corredores em Carnaxide.
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