Gonçalo Martins de Mello ou Sebastião, um deles é o temível Tubarão, a misteriosa e manipuladora figura que aterroriza a vida de algumas das personagens de ‘Tempo de Viver'.
Quem é o Tubarão? Esta é a inquietante e persistente pergunta que todos fazem a Rui Vilhena na recta final de ‘Tempo de Viver’, uma das telenovelas portuguesas mais vistas da nossa televisão. Mas a identidade da misteriosa e intrépida personagem só será desvendada no final de Março, quando a TVI transmitir o último episódio. Até lá, o autor avisa: “Essa é uma informação que só eu tenho. Só eu sei quem é o Tubarão”. E, para baralhar ainda mais os seus colaboradores directos e a grande equipa que trabalha na produção, Rui Vilhena escreveu cinco cenas para cinco diferentes tubarões. Gonçalo, Sebastião, Bárbara, Antónia e Beatriz foram as personagens escolhidas pelo autor. Mas dos respectivos intérpretes, Marco d’Almeida, José Neves, Dalila Carmo, Maria José Pascoal e Yolanda só quatro estiveram em estúdio a gravar finais diferentes. À última hora, a personagem de Beatriz (interpretada por Yolanda) acabou por ser desvinculada do final.
A cena relativa à identidade do Tubarão, que irá integrar o último episódio de ‘Tempo de Viver’, “só será editada no dia da sua transmissão, para evitar fugas de informação”, avisa Rui Vilhena. Mas a Correio TV sabe que, desta vez, o autor deverá escolher uma personagem masculina, cujo papel na trama pouco indicia, no momento, que venha a ser o grande vilão. Mas, todas as quatro personagens escolhidas têm motivos para serem o Tubarão, que, ao longo da novela, tem sido responsável por vários incidentes, como o atropelamento de Fátima ou a prisão de Fausto.
Dalila Carmo, que no papel da alcoólica Bárbara, gravou um dos finais de ‘Tempo de Viver’ não tem dúvidas: “As brincadeiras do Tubarão têm mais a ver com o imaginário feminino... mas não acredito que seja uma mulher. Porquê? Não sei, comecei a fazer as contas a certos pormenores e cheira-me que o Tubarão é um homem”. A actriz compreende o sigilo mantido durante nove meses em torno da identidade do grande vilão de estória de Rui Vilhena, mas sente que o clima de segredo não favorece a representação. “Não sei quem é o Tubarão, mas essa informação ter-me-ia ajudado no meu trabalho. O factor surpresa pode funcionar bem para o público, mas para mim, actriz, é uma frustração, porque não sei em que direcção conduzir a representação”, explica a actriz à Correio TV.
Maria José Pascoal foi outra das actrizes para quem Rui Vilhena escreveu um dos finais de ‘Tempo de Viver’. Rendida à escrita do autor afirma: “Foi brilhante ao longo de toda a novela e nos diferentes finais que concebeu. Todo o texto foi escrito com muita sabedoria e filosofia, de tal modo que as probabilidades de o Tubarão ser uma mulher ou um homem são exactamente iguais. Foi um trabalho muito gratificante”. Conta Maria José Pascoal que a dúvida sobre a identidade do Tubarão lançou a discussão entre o elenco de ‘Tempo de Viver’. E avisa: “O verdadeiro final vai surpreender-nos a todos, telespectadores e actores, porque o comportamento do Tubarão nunca foi denunciado ao longo da estória”. Questionada sobre se a natureza das maldades do vilão poderia denunciar o seu género, a actriz remata: “Não, porque no que toca à maldade, homens e mulheres são iguais.
José Neves, o Sebastião de ‘Tempo de Viver’, é um dos actores que mais viu o seu desempenho ganhar tecitura dramática. Na recta final da estória, Sebastião, marido de Marta (Rita Blanco) e simples funcionário de uma joalharia dos Martins de Mello, troca a imagem de homem apagado pela de vilão. O próprio Rui Vilhena avisa: “O Sebastião vai fazer muitas maldades e muitos telespectadores desejarão que ele seja castigado”. Mas o actor José Neves, que gravou um dos finais da novela, não faz previsões porque, em sua opinião, “todos os desfechos gravados fazem muito sentido”. E acrescenta: “A determinada altura achei que não conhecer a identidade do Tubarão tornava mais simples a gestão das minhas relações na cena. Ou seja, não sabendo quem ele era, não corria o risco de o desmascarar”. Em ensaios para uma peça de teatro, o actor José Neves assegurou à Correio TV que está “muito curioso” em descobrir quem é o Tubarão até porque, sublinha, quer ver como se encaixa a lógica da escrita de Rui Vilhena.
A vinte capítulos do final, o autor limita-se a dizer, que “qualquer um pode ser o Tubarão”. E prepara-se para voltar a surpreender escudado por dois dos seus lemas. Um que refere que os “bons não são sempre bons”, nem “os maus sempre maus”. Outro sublinha que, ao contrário das expectativas socialmente aceites e dos finais típicos, nem sempre “os vilões são punidos” e os “bons são felizes”.
Na novela anterior, o estrondoso sucesso que foi ‘Ninguém Como Tu’, o autor apanhou de surpresa o grande público e o elenco ao apresentar Guida (Sofia Aparício), a insuspeita jornalista e amiga de Luiza (Alexandra Lencastre), como a assassina de António (Nuno Homem de Sá ). Rui Vilhena pondera agora subverter o raciocínio que o levou a escolher Guida. E, em vez de voltar a apostar num vilão feminino, ele optará por um homem. Havendo duas figuras masculinas no grupo dos cinco suspeitos, qual delas será o Tubarão? Se Sebastião for o mau da estória, o desfecho não apanha completamente de surpresa os telespectadores, dado que a personagem vai fazer explodir o seu carácter maquiavélico nos próximos episódios.
Ora, sabendo-se que Rui Vilhena não trabalha “com finais clássicos”, como o próprio insiste tanto em dizer, um desfecho inusitado seria eleger Gonçalo como o Tubarão, o grande vilão do enredo. Seguindo a lógica do autor, que foi deixando pistas ao longo de toda a novela, este final belisca a nova imagem que Gonçalo começou a fazer passar: um homem com alguma integridade e dotado de sentimentos.
Por outro lado, a ambígua ligação a Fausto no mundo dos negócios deixaria de ser necessária, uma vez que com o afastamento deste último, Gonçalo passaria a ter o controlo sobre a famosa cadeia de joalharias. Acrescente-se a vontade de vingar a mãe pelos anos que teve de sofrer ao lado do padrasto e Gonçalo parte como favorito na corrida pelo papel mais ambicionado de ‘Tempo de Viver’.
Já Sebastião parece ter menos potencial para assumir tamanho protagonismo na trama de Rui Vilhena. No entanto, essa seria exactamente a razão que levaria o autor a conceder-lhe a honra de vestir a pele do ‘rei dos sete mares’ e reflectiria a evolução da personagem. Outrora um mero funcionário numa das lojas da Martins de Mello, Sebastião nunca suportou a forma como era tratado pelo patrão e o despedimento da empresa fez crescer esse sentimento de injustiça. A revolta cresceu e a forma violenta como Sebastião começou a tratar Marta é o espelho dessa mudança.
Por outro lado, os anos passados a trabalhar para a Martins de Mello ter-lhe-iam permitido ter acesso a documentos que ilustravam os negócios obscuros praticados por Fausto. Contudo, e uma vez que foram gravados quatro finais diferentes, não será de descartar a hipótese de Vilhena voltar a surpreender toda a gente e fazer de Bárbara ou Antónia o tão famigerado Tubarão.
VILÃO APAIXONADO
O romance com Raquel trouxe uma imagem mais benevolente ao homem que já mostrou ser capaz de tudo para retirar a Fausto o controlo da empresa de jóias.
SEMPRE EM QUEDA
Após anos de casamento, o antigo vendedor da Martins de Mello perde a esposa para Fausto. A fraqueza inerente à personagem pode ser ilusória.
ÁLCOOL ILUDE
A eliminação de Fausto daria à personagem alcoólica a vingaça pelo tratamento que o cunhado deu à irmã durante muitos anos.
ESPOSA ENGANADA
Ao destruir Fausto, Antónia vinga-se das traições contínuas e faz com que a Martins de Mello fique para os filhos Gonçalo e Bernardo.
RUI VILHENA ANTECIPA DESFECHOS
FINAIS A CONTA-GOTAS
“Mesmo quando não estou a trabalhar estou sempre a pensar nas minhas personagens. Deito-me, levanto-me, tomo duche e o pequeno-almoço a pensar nelas”. É assim que Rui Vilhena congemina e dá credibilidade às suas estórias. É assim que tece os seus êxitos. Os telespectadores portugueses, esses, renderam-se definitivamente às suas estórias de cariz urbano. Atento e aberto à inovação Rui Vilhena revela que em ‘Tempo de Viver’, e ao contrário das suas anteriores novelas, não vai guardar todos os desfechos para o final. “Daqui para frente, e ao longo dos próximos 20 capítulos, vai haver surpresas diárias. Veremos o fim das personagens em doses homeopáticas”. Para a televisão Rui Vilhena escreveu as novelas ‘Terra Mãe’ (1998, RTP) e ‘Ninguém Como Tu’ (2005, TVI). E ainda as sitcoms ‘O Café da Esquina’ e ‘Reformado e Mal Pago’, e a série ‘Bastidores’ (RTP). Nascido em Moçambique, o autor cresceu e estudou no Brasil. Foi nos Estados Unidos que aprofundou os seus conhecimentos de guionismo.
Canal - TVI
Dia - Segunda a Sábado
Hora - 22h15
Formato - Novela
DATA - AUDIÊNCIA - SHARE
Junho 2006 - 16,1 - 41,0
Julho 2006 - 14,2 - 38,6
Agosto 2006 - 12,9 - 40,1
Setembro 2006 - 13,4 - 40,2
Outubro 2006 - 14,8 - 39,7
Novembro 2006 - 13,8 - 38,2
Dezembro 2006 - 13,3 - 37,3
Janeiro 2007 - 13,8 - 37,0
Fevereiro 2007 - 13,0 - 36,3
1 525 000 ESPECTADORES DO MÊS DE ESTREIA
A novela de Rui Vilhena começou com audiências auspiciosas, mas nunca conquistou o sucesso da antecessora ‘Ninguém Como Tu’.
1 231 900 ESPECTADORES DO MÊS DO FINAL
Em Fevereiro, a média de espectadores de ‘Tempo de Viver’ decaiu, em parte devido à concorrência de ‘Páginas da Vida’, uma novela da Globo, em exibição na SIC.
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