Esgoto abaixo, dia após dia, o monstro é alimentado e cresce a olhos vistos. Travar o monstro dos esgotos é olhar pela sua saúde… e pela do planeta.
19 de abril de 2022 às 10:59Até podemos achar que o gesto é inofensivo: afinal, é, "só" um cotonete, "só" um preservativo, "só" um penso higiénico. Um dia, depois outro, depois outro… E, claro, não são "só" os nossos pequenos deslizes que vão, literalmente, pelo esgoto abaixo. Aos nossos juntam-se os dos vizinhos e de outras pessoas com comportamentos pouco amigos do ambiente.
Deslize a deslize, o monstro vai ganhando vida, com cabelos, toalhitas ou restos de comida, óleos; e ganha também uma quantidade inexplicável de insólitos: cabelos, brinquedos, artigos elétricos, incluindo joias e dinheiro – sim, há literalmente pessoas a deitar no esgoto objetos de valor. Quando chega às ETAR, o monstro vem já bem grande e mais difícil de combater.
Não deitar lixo pelo esgoto dá bons resultados – está a evitar entupimentos em casa! –, mas também nas redes subterrâneas. Permite poupar recursos no tratamento de águas residuais e melhorar a eficiência nos processos de tratamento e na manutenção.
Nem esgotos, nem sanita, nem sarjeta. Parece redundante dizer que "o lugar do lixo é no lixo", mas nem assim, muitas vezes, isto se cumpre. A dificuldade de se separar os resíduos ou a preguiça de se dirigir ao ecoponto mais próximo – em casa ou na rua – não é desculpa! De acordo com as boas práticas , nada deve ser enviado pelo esgoto, com exceção do papel higiénico, que se dissolve no processo. Conheça de que forma anda a alimentar indevidamente o monstro…
O óleo com que cozinhou ou a sopa que ficou por comer vão, de forma muito sistemática, pelo esgoto abaixo. Por serem líquidos, cria-se a noção (errada) de que serão escoados sem entraves. O problema é que a gordura não só não se dissolve, como fica agarrada às tubagens. O resultado? Canalização danificada e mau cheiro dentro de casa…
A solução: recolha os restos de óleo, azeite e sopa em recipientes vazios e deposite-os no oleão.
Quando os medicamentos não são tomados até ao final da embalagem ou passam o prazo de validade, o primeiro instinto é deitá-los pela sanita abaixo – vemo-lo até nos filmes. Por uma questão de segurança e de saúde, não se colocam medicamentos no caixote do lixo nem em casa. Mas a sanita não é o local certo, também por uma questão de saúde e segurança. Os compostos dos medicamentos libertam-se na água, o que dificulta o processo de tratamento e pode afetar o recurso que há de ser devolvido à natureza.
A solução: entregue os medicamentos que já não vai utilizar nas farmácias. Elas saberão dar-lhes o destino certo.
… Fraldas e até preservativos! A noção (errada) de que os detritos de WC podem ir pela sanita abaixo custa muito caro: tanto às tubagens e esgotos domésticos, como à rede pública. A acumulação destes detritos causa graves entupimentos no esgoto. Resíduos mais pequenos, como os cabelos ou os cotonetes, não são passíveis de ser tratados nas ETAR (Estações de Tratamento de Águas Residuais), o que pode comprometer o processo de tratamento.
A solução: um protetor de ralo no chuveiro, para evitar que os cabelos vão ralo abaixo, é o primeiro passo para um WC sem entupimentos. Para estes e todos os outros resíduos, um pequeno balde de casa de banho deve ser o recurso. Depois, é só deitar no lixo comum.
Mas cuidar da água começa muito antes do que vai pelo esgoto abaixo! No Portal da Água pode descobrir várias formas de se poupar e várias iniciativas, porque preservar a água é uma obrigação todos.
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