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Terroristas de Barcelona estavam a preparar ataque na Sagrada Família

Homens queriam fazer ataque de maior envergadura e estiveram em Paris em agosto "em trabalho".

22 de agosto de 2017 às 09:46

Um dos homens implicados nos atentados da Catalunha confessou em tribunal que a Catedral da Sagrada Família, um dos sítios mais visitados de Barcelona, era o alvo do ataque que o grupo estava a planear. Os terroristas pretendiam matar junto a diversos monumentos da cidade, num ataque de maior envergadura, mas os planos tiveram de ser alterados. 

Segundo avança o jornal El Mundo, Mohamed Houli Chemlal, o terrorista que ficou ferido em Alcanar na noite dos atentados de Barcelona e Cambrils, foi quem acabou por confessar as intenções do grupo durante um interrogatório, esta terça-feira.Tais afirmações vão ao encontro do que as autoridades espanholas já esperavam: presumia-se que o ataque nas Ramblas tinha sido orquestrado como uma manobra de última hora após uma explosão numa casa em Tarragona ter denunciado que o grupo estaria a manusear explosivos.Grupo viajou até Paris em agostoAinda durante a manhã, soube-se que os terroristas de Barcelona "fizeram uma viagem extremamente rápida a Paris", antes dos ataques, disse esta terça-feira o ministro do Interior francês, Gerard Collomb, acrescentado que o assunto está a ser investigado.

O ministro do Interior francês, em declarações à cadeia de rádio e televisão BFMTV sublinhou que os serviços secretos franceses não tinham "controlados" os membros da "célula" da Catalunha.

Na mesma entrevista, Gerard Collomb disse também que a investigação ainda não descobriu os motivos da viagem a Paris que ocorreu uma semana antes dos ataques em Barcelona e Cambrills, na Catalunha e que fizeram 15 mortos, entre os quais duas portuguesas.

"Foi uma viagem extremamente rápida de ida e volta", frisou depois de ter afirmado que os homens se tinham deslocado à capital francesa "em trabalho".

Gerard Collomb confirmou que um radar da polícia de trânsito detetou, por excesso de velocidade, o veículo (Audi) em que viajavam os membros do grupo.

Por outro lado, e de acordo com o jornal Le Parisien, o veículo detetado pelo radar foi o mesmo utilizado no atentado de Cambrils, em que morreu uma pessoa.

O jornal refere que o registo, por excesso de velocidade, data do dia 12 de agosto, em Essone, a sul de Paris, e que quatro pessoas seguiam no interior do veículo.

O jornal cita uma fonte policial que refere ter-se tratado "de uma mera passagem por França".

Outras fontes disseram ao Le Parisien que os homens pernoitaram num hotel da região de Paris, a 11 de agosto.

Collomb, na entrevista à BFMTV, disse que as forças de segurança francesas detetaram o grupo em Paris e que o facto foi "transmitido às autoridades" espanholas.

O ministro francês afirmou que logo após os atentados "os serviços secretos franceses seguem o assunto em estreita colaboração com os serviços espanhóis" e que na segunda-feira manteve um contacto telefónico com o ministro do Interior espanhol, Juan Ignacio Zoido.

Gerard Collomb adiantou que Zoido vai deslocar-se a Paris, na quarta-feira, para a formalização de um "dispositivo de cooperação" na formação de gendarmes franceses e elementos espanhóis da Guardia Civil.

Entretanto, os quatro indivíduos implicados nos atentados de Barcelona e Cambrils prestam hoje declarações ao juiz Fernando Andreu, na Audiência Nacional, em Madrid, que vai formular a acusação e determinar as medidas de coação.

Os suspeitos chegaram às 08h00 (07h00 em Lisboa) à capital espanhola, transportados em carros celulares da Guardia Civil, depois de terem passado a noite no comando policial de Tres Cantos, na Catalunha.

Os quatro suspeitos são membros do mesmo grupo responsável pelos atentados e que era formado, pelo menos, por 12 pessoas, cinco dos quais foram abatidos em Cambrils.

Outros dois morreram na explosão de quarta-feira na vivenda de Alcanar e o último, Younes Abouyaaqoub, foi morto pela polícia na segunda-feira.

Younes Abouyaaqoub, o suposto condutor da furgoneta, utilizada no atropelamento dos peões nas Rambas, encontrava-se em fuga desde quinta-feira.

Polícia investiga eventual ajuda prestada a autor do ataque

O conselheiro de Justiça do governo autónomo da Catalunha, Carles Mundó, disse hoje que a polícia quer saber se o autor do atentado, abatido na segunda-feira pelas autoridades, contou com ajuda para fugir depois do ataque.

Younes Abouyaaquob conduziu o veículo que atropelou os peões que se encontravam nas Ramblas, centro de Barcelona, tendo provocado a morte a 15 pessoas, entre as quais duas cidadãs portuguesas.

Logo após o ataque, Abouyaaquob pôs-se em fuga tendo sido abatido pela polícia, na segunda-feira, em Subirats.

Um dos motivos que indicam que o atacante foi ajudado é o facto de, no momento em que foi abatido, Younes Abouyaaquob se encontrar com um cinto de explosivos falso, tendo mudado anteriormente de roupa.

Mundó admite que "seguramente contava com algum tipo de logística".

O conselheiro explicou também que a polícia na Catalunha (Mossos de Esquadra) está a trabalhar para determinar se a "célula terrorista de Alcanar (Tarragona) "contava com algum "apoio nacional ou internacional" que possa vir a ser um "risco" no futuro.

Carles Mundó especificou que quando menciona a "desarticulação da célula" refere-se à neutralização dos 12 implicados que foram identificados pelos Mossos de Esquadra mas que "é evidente" que podem existir "elementos de cooperação", pelo que a investigação avança nesse sentido.

Mundó revelou que alguns elementos do grupo detidos prestaram declarações à polícia, o que proporcionou informação para as autoridades prossigam com as investigações.

O membro do governo autónomo da Catalunha acrescentou que as declarações dos quatro implicados, hoje, perante a Audiência Nacional em Madrid podem vir a ser cruciais para "explicarem tudo o que sabem".

Por outro lado, o conselheiro recomendou "prudência" em relação às informações relacionadas entre os atentados e outros países para que as "linhas de investigação" não sejam comprometidas e que, até ao momento, tudo o que tem sido "difundido" sobre os contactos com o estrangeiro são apenas conjeturas.

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