"Era uma vez Jorge Sampaio" reúne testemunhos de 250 personalidades da vida pública portuguesa, da política, diplomacia, cultura ou desporto.
O atual Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e os antigos titulares do cargo Cavaco Silva e Ramalho Eanes juntaram-se num livro de homenagem a Jorge Sampaio que chega às livrarias em 2 de dezembro.
"Era uma vez Jorge Sampaio" reúne testemunhos de 250 personalidades da vida pública portuguesa, da política, diplomacia, cultura ou desporto, de direita e de esquerda, e é ilustrado com imagens dos mais destacados fotojornalistas portugueses que acompanharam o percurso do ex-Presidente da República e líder socialista falecido no passado dia 10 de setembro.
Com a chancela da Tinta da China, o livro foi coordenado por João Bonifácio Serra, Jorge Simões, José Gameiro, José Pedro Castanheira, jornalista e autor de uma biografia de Sampaio, com colaboração de Paulo Petronilho.
O primeiro texto é assinado pelos filhos de Jorge Sampaio, André e Vera, que abordam a "pessoa autêntica, que não dissimulava estados de espírito", mas também o "homem bom, atento e disponível, para quem as pessoas contavam acima de tudo".
Além de reunir os testemunhos de todos os Presidentes vivos, o livro contém depoimentos do atual primeiro-ministro, António Costa, mas também de anteriores, como António Guterres, hoje secretário-geral da ONU e então sucessor de Sampaio na liderança do PS, e Francisco Pinto Balsemão.
Os ex-líderes partidários Luís Marques Mendes e Manuela Ferreira Leite (PSD), Adriano Moreira (CDS), Carlos Carvalhas (PCP) e Francisco Louçã (BE) figuram também na homenagem póstuma, na qual não falta ex-ministros como Leonor Beleza, Alberto Martins, António Correia de Campos, Eduardo Ferro Rodrigues, hoje presidente da Assembleia da República, Eduardo Marçal Grilo, Elisa Ferreira, Murteira Nabo, João Cravinho, João Soares, José Vera Jardim, Luís Castro Mendes, Luis Valente de Oliveira, Pedro Siza Vieira.
Há também testemunhos de figuras ligadas à Cultura como Maria do Céu Guerra, Pedro Abrunhosa, Mário Cláudio, Manuel Alegre, poeta e ex-candidato a Presidente da República, mas também de constitucionalistas como Jorge Miranda, Gomes Canotilho ou Jorge Reis Novais, que foi consultor de Sampaio, ou ainda de Vasco Lourenço, presidente da Associação 25 de Abril, dos embaixadores Seixas da Costa, Bernardo Futscher Pereira, António Sampaio da Nóvoa (ex-candidato a Belém) ou João de Vallera, da médica Isabel do Carmo, os banqueiros Rui Vilar e Artur Santos Silva, do ex-procurador-geral da República Cunha Rodrigues, a ex-bastonária dos advogados Maria de Jesus Serra Lopes ou do antigo futebolista do Benfica António Simões.
António Simões lembra que, quando estava no auge da carreira, recebeu uma proposta para ir jogar no clube argentino Boca Juniors e o advogado então envolvido no caso foi Jorge Sampaio. Só que o seu benfiquismo falou mais alto e acabou por ficar no Benfica. Da amizade com Jorge Sampaio, António Simões comenta: "só os 90 minutos de um qualquer Benfica-Sporting é que nos poderiam colocar em campos opostos..."
Em "muito emotivas" recordações de Jorge Sampaio, Marcelo Rebelo de Sousa conta que, em 1962, numa conversa ao jantar em que se discutia a crise académica, a sua mãe destaca o nome de Jorge Sampaio.
"Meu pai, saído do Governo um ano antes, concorda e evoca a amizade por seus pais - que duraria até ao fim da vida de todos eles - e comenta: põe os olhos nesse rapaz. Ele vai muito longe. É o melhor deles", escreve o atual Presidente, concluindo: "Retive: Dez anos antes do início do convívio, ao almoço, na Rua Duque de Palmela. Com o Expresso em frente e o seu escritório no prédio ao lado. Assim conheci - sem conhecer - Jorge Sampaio".
A segunda "dolorosa recordação" de Marcelo refere-se a agosto passado, quando ambos estiveram juntos no Algarve, no habitual jantar da Meia-Praia em casa do jornalista José António Lima. "À partida, depois de o abraçar, aventei novo encontro no Inverno. Mas, para mim, era claro ter sido a última vez a estar com o amigo. Como sempre, o seu inesquecível olhar dizia tudo. Naquele momento, dizia-me adeus".
Aníbal Cavaco Silva aponta "três situações" em que Jorge Sampaio se "colocou ao lado do interesse nacional, afastando-se da posição de destacadas personalidades do Partido Socialista em domínios de grande sensibilidade política, evitando criar dificuldades à realização do programa" do Governo do PSD por si liderado.
E termina com um desabafo: "Que bom seria se os líderes políticos de hoje pudessem cooperar num semelhante clima de respeito mútuo, pondo os interesses do país à frente das contas eleitorais e da conjuntura".
Cavaco começa por recordar, em novembro de 1987, quando Sampaio, acompanhado pelo então secretário-geral do PS Vitor Constâncio, "reafirmou que o Partido Socialista não levantaria problemas de constitucionalidade à proposta de lei do Governo de privatização até 49% do capital de empresas públicas".
"Em segundo lugar, quando, acabado de ser eleito secretário-geral do PS, me garantiu que respeitaria o acordo político de revisão constitucional que eu assinara em 14 de outubro de 1988 com o dr. Vitor Constâncio", o que, escreve, levou o então Presidente Mário Soares e outros socialistas a acusá-lo de ter feito demasiadas cedências ao Partido Social-Democrata, levando-o a demitir-se da liderança do partido.
Em terceiro lugar, Cavaco Silva destaca a "posição construtiva" de Jorge Sampaio "de apoio" às posições do então governo social-democrata nas negociações sobre a revisão do Tratado da Comunidade Europeia que conduziram à aprovação do Tratado de Maastricht".
Cavaco destaca ainda a recusa de Jorge Sampaio, quando era presidente da Câmara Municipal de Lisboa, em "alinhar com as críticas à construção do Centro Cultural de Belém, reconhecendo que se tratava de um equipamento importante para a cidade" e "sem grande impacto relativamente ao Mosteiro dos Jerónimos".
Ramalho Eanes destaca a "visão estratégica" de Jorge Sampaio, enquanto presidente da câmara de Lisboa e o "papel de relevo" na defesa dos interesses de Portugal, enquanto Presidente da República, indicando a transferência da administração de Macau de Portugal para a China e a "tão difícil independência de Timor-Leste em 2002".
Este livro é ilustrado por imagens de mais de duas dezenas de imagens de fotojornalistas como Acácio Franco, Alberto Frias, André Kosters, António Cotrim, António Pedro Ferreira, Clara Azevedo, Eduardo Gageiro, Guilherme Venâncio, Homem Cardoso, José Carlos Pratas, José Manuel Ribeiro, José Sena Goulão, , Luís Ramos, Luís Vasconcelos, Luiz Carvalho, Manuel Almeida, Manuel Moura, Mário Cruz, Miguel A. Lopes, Miguel Silva, Nuno Veiga, Paulo Carriço, Paulo Petronilho, Rui Ochoa, Tiago petinga, Tiago Sousa Dias ou Vitor Mota.
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