O novo livro do jornalista fala sobre a existência de vida inteligente em outros planetas.
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O romancista que mais livros vende em Portugal revela os seus segredos de escrita e fala sobre os rendimentos que os livros lhe trouxeram.
-Em ‘Sinal de Vida’, como nos seus restantes livros, existe a menção de que a informação histórica e científica é verdadeira. Como faz a preparação para cada obra?
José Rodrigues dos Santos – O que procuro fazer sempre é um jogo entre a ficção e a não ficção. É uma história ficcional, mas o mistério é real. Toda a informação científica ou histórica é real. E os leitores gostam deste jogo, porque através de uma história que é interessante aprendem coisas verdadeiras.
-Só começa a escrever quando tem a pesquisa consolidada?
- Um romance meu começa com a ideia, depois vem a pesquisa, pode acontecer até que durante a pesquisa chegue à conclusão que não vou contar nada de novo e desisto. Ou começo a descobrir coisas novas. Aí vou consolidando a pesquisa, normalmente de vários meses. Só depois é que estruturo o livro e o começo a escrever.
-Num mês lançou dois romances com mais de 1300 páginas no total… Nos últimos anos tem lançado, pelo menos, um livro por ano. Como é que organiza o seu dia para escrever a este ritmo e, ao mesmo tempo, manter o emprego na RTP?
- Há pessoas que usam o tempo livre para ir ao café, ou para arranjar namoradas. Eu uso o meu para escrever, porque divirto-me imenso. E tenho outra vantagem. Trabalho muito rapidamente e escrevo com muita facilidade. Escrevo sem dificuldade dez páginas por dia. Em dois meses aparecem logo 600 páginas. Claro que há fins de semana e nunca são dois meses, acabam por ser três. Mas a trabalhar a esse ritmo, e na verdade não é trabalho, é prazer, não é difícil.
-Num dia normal, a que horas começa a trabalhar nos livros e a que horas entra na RTP?
- Os meus dias são estruturados em função da época do ano. No inverno é a altura que estou mesmo a escrever. Acordo às sete e tal, tomo banho, e pumba, começo logo. Depois almoço, escrevo mais um bocado, e vou para a RTP. Na primavera tenho mais viagens de promoção. No verão e outono faço leituras de pesquisa do próximo romance. Acordo e estou a ler horas e horas.
-No final de ‘Sinal de Vida’, acredita que há vida noutros planetas?
- Hoje começa a haver a convicção entre muitos biólogos de que foi encontrada vida em Marte (ver caixa). E se foi encontrada em dois planetas vizinhos, é porque é comum no universo. A questão é saber se a vida inteligente também está espalhada no universo.
-E está?
- Acho que está. A teoria darwinista diz que a evolução é puro acaso, mas alguns biólogos estão a chamar a atenção de que esta teoria pode estar incompleta. A inteligência na Terra apareceu várias vezes. E, se é assim, com toda a probabilidade nos outros planetas também vai aparecer várias vezes.
-Em 2007, assinou um acordo com o Gotham Group para levar o livro ‘Códex 632’ aos EUA e, também, fazer a sua adaptação ao cinema. Mais de dez anos depois, ainda tem a esperança de ver os seus romances serem adaptados ao cinema?
- A minha preocupação é fazer romances. Não estou preocupado com adaptações, embora esteja aberto a elas. No caso do ‘Códex’, esse contrato já não está em vigor porque veio a crise e as produções pararam. A ‘Fórmula de Deus’ está a ser adaptada... Existe um projeto da Belga Films, de Luc Besson. Disseram que contavam ter o filme cá fora antes de 2020, vamos ver se irá acontecer.
-E quem é que vê no papel de Tomás Noronha?
- A Belga Films estava a considerar o Jake Gyllenhaal, mas antes é preciso arranjar o dinheiro e não tenho a certeza que já o tenham conseguido.
- Estamos a falar de 20, 30, 40, 50 milhões…?
- 60 milhões… São valores que em Portugal nem vale a pena falar. Se fosse para o Orçamento do Estado, o Mário Centeno estaria muito contente.
-Já vendeu cerca de quatro milhões de exemplares a nível mundial. Este número é uma responsabilidade acrescida?
- O que tenho em atenção é o facto de que o leitor tem um elevado padrão de expectativa e cada livro é muito exigente de fazer. Tenho de dar o máximo em cada um. Não me poupo. Não dou nada por adquirido… temos de estar sempre a reinventarmo-nos. É difícil atingir um determinado nível, mas mais difícil ainda é mantê-lo. É uma tarefa quase impossível.
-Confirma que em direitos de autor já recebeu cerca de 15 milhões de euros brutos?
- Confirmo que gostaria de ter ganho isso [risos]...
-Mas ganha mais como autor do que na RTP?
- Sim, isso é verdade. Ganho mais enquanto romancista do que enquanto jornalista.
-A atividade como escritor fez de si um homem rico?
- Sou rico no sentido em que tenho uma família e amigos de que gosto, sinto-me bem com a vida. Não tenho dificuldades financeiras. Agora um homem rico… Estava a jantar com o Dan Brown e ele diz-me: ‘Amanhã vou de Lisboa para Madrid’, mas no avião dele… isso é outra realidade. Do ponto de vista financeiro, ele sim, é um homem rico.
"Hoje em dia, os políticos não gostam muito de ser entrevistados por mim"
PERFIL
José Rodrigues dos Santos
Nasceu em 1964, em Moçambique, e começou no jornalismo na Rádio Macau, em 1981. Antes da RTP, trabalhou ainda na BBC. Doutorado em Ciências da Comunicação, já lançou 25 livros, 18 dos quais romances, tendo vendido quatro milhões de exemplares a nível mundial. ‘Sinal de Vida’ é hoje apresentado (às 17h00, no Auditório dos Oceanos do Casino de Lisboa).
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