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Adeus ao crítico que não temia o poder: Augusto M. Seabra morreu aos 69 anos

Programador artístico debatia-se com várias complicações de saúde.

06 de setembro de 2024 às 01:30

Foi crítico cultural e programador artístico, amante da música, teatro e cinema. Distinguiu-se nas páginas do ‘Expresso’, entre 1978 e 1989, foi um dos fundadores do ‘Público’ e escreveu para ‘A Luta’ e ‘Diário de Notícias’. Fez parte do júri em festivais de cinema de Cannes ou San Sebastian. Nunca deixou nada por dizer. No exercício da crítica chegou a ser processado por ter chamado “energúmeno” a Rui Rio (em causa uma polémica com a Casa da Música) e para a história ficará o dia em que fez cair o ministro da cultura João Soares (2016).

Augusto M. Seabra morreu na madrugada desta quinta-feira, em Lisboa, aos 69 anos. Debatia-se com complicações de saúde que se agravaram nas últimas semanas. “Encarnou como poucos no Portugal contemporâneo a figura do crítico cultural”, escreveu, em nota de pesar, o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa, recordando “um dos últimos representantes de um tempo em que a crítica era determinante no espaço público” e sublinhando a “longuíssima amizade, cumplicidade e apoio”. Alertou ainda para o facto do seu “trabalho e a sua memória” esperarem “uma seleção e edição condignas”. Já a ministra da Cultura, Dalila Rodrigues, lembrava esta quinta-feira o “seu pensamento crítico sobre a cultura, entendida em todas as suas dimensões”.

Há três anos, Augusto M. Seabra tinha doado o seu acervo pessoal (livros, discos, DVD e periódicos) a sete entidades públicas, como a Cinemateca Portuguesa, a Universidade do Porto e a Biblioteca Nacional.

Nascido a 9 de agosto de 1955, Augusto M. Seabra formou-se em Sociologia mas dedicou-se à crítica de música a partir de 1977. Foi produtor executivo do Departa- mento de Programas Musicais da RTP e colaborador na conceção de musicais. Em 2016, o então ministro da Cultura João Soares prometeu-lhe “salutares bofetadas” por artigos de opinião com críticas à linha de ação política da cultura. Em resultado, Soares acabaria por apresentar a sua demissão.

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