Arqueólogos contestam o achado, não confirmado no terreno.
Chama-se William Gadoury, tem 15 anos e é o responsável por uma polémica que divide arqueólogos e cientistas que estudam a civilização Maia. Tudo porque o estudante canadiano ganhou um prémio de ciência num concurso regional do Quebeque (Canadá), por um trabalho que defende a existência de uma cidade da civilização Maia até agora desconhecida.
William é um apaixonado pela civilização que dominou o México e a América Central antes da chegada dos europeus e dedicou-se a estudar as constelações identificadas pelos Maias. "Descobri que os Maias e outras civilizações construíram as suas cidades principais de acordo com as posições das estrelas nas constelações. Baseado nos meus cálculos, a correlação entre essas cidades e a posição das estrelas é 95% correta", explica na apresentação do projeto.
Mas a investigação foi mais além. William pegou nas 22 constelações que contam de um dos códices que os Maias deixaram e sobrepôs as imagens com o mapa real. Reparou que 117 cidades maias encaixavam perfeitamente. Mas o estudante analisou uma 23ª constelação que constava de outro livro sobre os Maias e reparou que duas cidades coincidiam com o posicionamento das estrelas. Só que faltava uma terceira. Analisou várias cartas de satélite e chegou à conclusão que, no local onde deveria estar uma terceira estrela, existiam indícios de ruínas Maias.
O periódico canadiano Journal de Montreal viu as imagens que William identificou a mostrou-as a Armand LaRocque, um especialista em deteção de imagens por satélite da Universidade de Nouveau-Brunswick: "As formas geométricas, como quadrados e retângulos, que aparecem nas imagens são formas que dificilmente podem ser atribuídas a fenómenos naturais", diz o cientista. A cidade, apelidada de Boca de Fogo - uma cidade nunca encontrada que se julga ter sido uma das maiores do Império -, fica junto à fronteira do México com o Belize.
Dúvidas dos Cientistas
Mas se a descoberta de William entusiasmou as agências espaciais do Canadá e dos EUA, a arqueólogos e especialistas na civilização Maia não estão tão certos que que o adolescente tenha descoberto uma nova cidade. Até porque a tese de que os Maias alinhavam as cidades pelas estrelas não é nova, mas nunca foi provada.
"Há muitas cidades pré-hispânicas ainda escondidos na selva (por exemplo em Campeche, Quintana Roo, Yucatán), por isso não me parece estranho que a criança tinha tenha encontrado um lugar com ruínas através da aplicação de um padrão à floresta ou às ruínas existentes. Isso tem a ver com o afluxo de contextos pré-hispânicos, mais do que com alguma fórmula ancestral ou algo parecido", explica Christopher M. Götz, Responsável do laboratório de Zooarqueologia da universidade de Yucatán, no México, citado pelo El País
Rafael Cobos Palma, doutorado em Antropologia pela Universidade de Tulane, nos Estados Unidos, sugere ao jovem do Quebeque uma viagem ao sul do México. "Se descobrir a localização de sítios arqueológicos, ou seja, a altura dos seus edifícios e a extensão da área dos seus assentamentos fosse uma tarefa fácil, os arqueólogos não teriam que ir para o acampamentos e recorrer a instituições que apoiam a pesquisa. O trabalho de investigação científica de um arqueólogo é algo sério, muito sério".
Mas há também vozes, como a do reputado arqueólogo mexicano Héctor Hernández Álvarez, que defendem o mérito do adolescente. "Atualmente, as novas tecnologias de percepção remota permitem identificar assentamentos ou descobrir sítios que foram ocupadas por grupos humanos no passado. O que tem de se verificar é se isso realmente coincide com a ideia de que as cidades maias foram planeadas com base num cosmograma", diz ao El País.
Certo é que, até ao momento, não há notícia de alguém ter ido ao local indicado pelo jovem Gadoury o que realmente lá existe. Pelo que a possibilidade de se estar perante uma nova cidade Maia não pode ser posta de lado.
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