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Exercício a solo para uma actriz exibicionista

Um espectáculo a vários títulos inesperado é que aquele que a actriz brasileira Christiane Torloni está a apresentar, até ao fim do mês, no Teatro Tivoli, em Lisboa.

20 de novembro de 2005 às 00:00

‘Mulheres Por Um Fio’, construído a partir de textos de Jean Cocteau, Dorothy Parker e Miguel Falabella, é um exercício a solo para uma actriz exibicionista, e, na sessão a que o CM assistiu, o público não cabia em si de surpreendido com a prestação de uma mulher que conhece apenas das telenovelas.

Esqueçam tudo o que viram. Em palco, a brasileira usa e abusa de um corpo flexível e musculado, obviamente habituado a um trabalho regular, senão mesmo diário, e instruído em várias técnicas, desde o ballet ao ioga, passando pelo Pilates e pelas artes marciais.

Dividido em três partes distintas, uma passada nos anos 30, outra nos anos 50 e a última na actualidade, conta-nos a história de três mulheres obcecadas com o telefone. A primeira, uma espécie de diva do cinema mudo, está à beira do suicídio por ter sido abandonada pelo amante.

A outra, uma loura platinada, pseudo-ingénua e a imitar, em tudo, Marilyn Monroe, pede a Deus que o novo namorado lhe telefone. A última não tem mãos a medir com as solicitações sociais (e sexuais) que lhe fazem via telemóvel.

Para cada uma, o encenador José Possi Neto criou um cenário diferente e dirigiu a actriz num registo distinto. Se para a primeira mulher Christiane Torloni nos oferece uma interpretação expressionista, de gestos largos e exagerados, para a segunda o seu corpo assume as poses falsas da publicidade americana dos anos 50 e a sua voz tem um tom irritantemente infantil.

A última personagem – a que está mais próxima do nosso quotidiano – é uma mulher que viveu a fundo a libertação sexual feminina, que faz ginástica, tratamentos de beleza e terapia hormonal e não hesita em recorrer ao cirurgião plástico quando alguma coisa sai do sítio.

É sobretudo aqui que Torloni exibe o seu corpo em todo o esplendor, em malabarismos impossíveis de descrever.

Dramaturgicamente, o espectáculo não chega a impor-se como um todo, mas antes como uma colagem de partes distintas. No entanto, vale a pena ir ao Tivoli ver o ‘show’ de versatilidade da actriz brasileira.

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