Realizador recebeu esta quinta-feira à tarde a insígnia de honra da Academia Nacional de Belas-Artes, em Lisboa, onde foi homenageado.
Numa sala cheia de personalidades, entre as quais o professor José Augusto França – que propôs a homenagem –, o arquitecto António Marques Miguel e António Valdemar, da Academia, e vários alunos, Oliveira ouviu orgulhoso o discurso, pleno de elogios, de José Augusto França.
Convidado a falar à plateia, o cineasta não se inibiu a ler dois textos de sua autoria, revelando aos presentes as suas reflexões sobre a sociedade actual. No primeiro, “um jogo de uma realidade utópica” (que Oliveira já lera na Tertúlia do Martinho da Arcada, em Outubro), o Mestre sugeriu “uma ideia para salvar a actual situação de crise.” Num cenário utópico e por si idealizado, Oliveira lançou um pensamento: “eliminar totalmente o dinheiro porque é nele que se consubstancia o mal”.
Sem moedas e notas, prevaleceriam as relações laborais e o trabalho seria a moeda de troca, segundo o texto lido.
“O trabalho seria o fundamento do sistema” que funcionaria como troca de serviços, abolindo a pobreza e os roubos e em que “cada um teria o indispensável para viver” na utopia do cineasta.
Avançando para uma “reflexão sobre a Natureza Humana”, Oliveira manteve a energia, durante muitos mais longos minutos, para, de pé, lembrar as guerras e terrorismo, a poluição e o progresso e os perigos do buraco na camada do ozono. Para rematar, citando o colega canadiano, David Cronenberg: “Todo o homem é um cientista louco e a vida o seu laboratório.”
No final, questionado pelos jornalistas sobre o futuro do seu acervo, o cineasta esquivou-se e, lacónico, apenas atirou: “Já não digo nada sobre isso, queria era ver o futuro da minha casa”, afirmou, referindo-se ao impasse da sua Casa do Cinema, assunto que ainda está em discussão e que, além de Oliveira, envolve a Fundação Serralves (que alberga, actualmente, o seu arquivo) e o Ministério da Cultura.
Recorde-se ainda que, no fim-de-semana, Gabriela Canavilhas, ministra da Cultura, voltou a falar na criação de um pólo da Cinemateca no Porto já em 2010, frisando que gostaria de aí albergar o acervo do cineasta.
Antes da homenagem na Academia, o cineasta esteve na Tóbis a ultimar a montagem de um documentário sobre os painéis de S. Vicente de Fora. O filme, pedido por Serralves para a celebração do seu 20º aniversário, será exibido em “sessões particulares no Museu”, como disse ao CM o realizador.
Serralves vai também assinalar o 101º aniversário de Oliveira, no próximo dia 11, com a exibição de ‘Aniki Bobó’ às escolas. No dia seguinte, a Fundação e a Câmara de Vila do Conde inauguram, às 16 horas, no Centro de Memórias de Vila do Conde uma exposição conjunta sobre Oliveira e José Régio.
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