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Morre musa do erotismo das nuvens (COM FOTOS)

Mais famosa pelo papel de ‘Emmanuelle’ do que pela beleza ou os cerca de 50 filmes interpretados, a artista Sylvia Kristel faleceu aos 60 anos, na madrugada de ontem, durante o sono, vítima de cancro. A sua herança vale por duas cenas de sexo num avião. No início dos anos 70, já depois de o homem ir à Lua, e quando as viagens aéreas se tornaram populares, ela quebrou um tabu: o ‘sexo a jacto’.

19 de outubro de 2012 às 01:00

A ideia existia há mais de dez anos, nas primeiras páginas do livro ‘Emmanuelle', de Emmanuelle Arsan, proibido durante anos. Depois dos choques de ‘O Último Tango em Paris' e ‘Garganta Funda', com as novidades sexuais entre a ‘arte e ensaio' e o pornográfico, ‘Emmanuelle' (1974) jogou com outra luxúria, o avião, e Kristel foi a escolha nesta realização do fotógrafo da moda Just Jaeckin. O filme abria com um avião a levantar voo e a fita levava todos às nuvens.

Calcula-se que mais de 650 milhões de terrestres tenham visto, no cinema ou em VHS e DVD, as duas cenas que duram no máximo dois minutos. Primeiro com ‘Emmanuelle' a desafiar um companheiro de viagem para as duas cadeiras vazias, e depois a ser levada por outro, nos braços, para o WC do avião. ‘Emmanuelle' foi uma bomba de bilheteira. Vendeu cerca de 50 milhões de entradas em todo o Mundo. Em Portugal, foi uma das novidades pós-25 de Abril, e houve filas às portas dos cinemas. Há notícias de pancadaria à porta de salas, e um recorde de exibição em cartaz, durante 13 anos (553 semanas), numa sala dos Campos Elísios, em Paris.

O proveito de Sylvia Kristel foi, porém, tão fugaz como o sexo no avião. Entrou em mais de dez sequelas de ‘Emmanuelle', mas poucos a viram como actriz. Hollywood chamou-a para a superprodução ‘Aeroporto 79', um ‘flop'. O remédio foi entrar noutros filmes eróticos (‘Mata Hari' e ‘Lições Privadas'). Em 2005, manifestou-se-lhe um cancro na garganta que se estendeu ao fígado. Ontem exalou o último suspiro.

"MANTIVE OS HOMENS AFASTADOS"

Aos 54 anos, Sylvia Kristel veio a Portugal, ao Festival Avanca, não como actriz, mas como realizadora da curta ‘Topor and Me'. Na altura, falou com o CM e lembrou os anos em que a sua personagem mais famosa estava no auge: "Os homens ficavam assustados por estar na minha presença, acho que pensavam que era mesmo a ‘Emmanuelle' que estava ali, e não a Sylvia. Mantive os homens afastados", partilhou. Ainda sobre esse período, a actriz disse que era "muito ingénua"e que passava o dia "a olhar para a televisão e para o espelho".

Na mesma conversa, revelou ser uma mulher que amava a vida e que adorava o ócio, como "ir a restaurantes, ver bons filmes e estar na companhia de amigos".

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