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Cabeça de Ronaldo e mão de Patrício garantem vitória de Portugal

Portugal só ganha, sem pingo de justiça, porque tem Ronaldo. Jogar mal no Europeu era uma opção. Desta vez é um padrão.

21 de junho de 2018 às 01:30

Se fomos campeões da Europa a jogar mal, desta vez, estamos a jogar tão mal, tão mal, que ainda acabamos campeões do Mundo. Fernando Santos bem sabe que no Europeu a equipa jogava um futebol pouco vistoso, mas era sólida no meio-campo e curta a defender. O jogar mal do Europeu era uma opção. Desta vez é um padrão. Que Fernando Santos tem de eliminar. Como? Trocando algumas peças.

Não é aceitável que Bernardo Silva continue a titular depois de um jogo abaixo de sofrível, o primeiro; e de outro desastroso, este, com Marrocos. À incapacidade de ganhar lances defensivos ou de choque, Bernardo Silva junta uma série de passes falhados de forma infantil. Terá de descansar no banco, se Fernando Santos quiser seguir em frente. A mesma incapacidade de luta aplica-se a João Mário.

Portugal só ganha, sem pingo de justiça, por ter Ronaldo fixado em inaugurar o marcador a cada minuto quatro.

Assim foi na exibição sublime com a Espanha, assim é na gestão de esforço com Marrocos. Ronaldo marca de cabeça, com excelente centro de Moutinho. No resto do jogo, o capitão limita-se a ser melhor do que os outros, sem gastar muita energia. Melhor do que os jogadores de campo. Não melhor do que Rui Patrício. Quando uma sofrida vitória tem o guarda-redes como maior destaque, só o resultado pode alegrar.

Depois do golo, Marrocos pega no jogo, ganha o meio-campo, penetra pelo flanco direito como faca em manteiga no verão. O festival de Patrício começa aos 12', numa boa defesa a um golpe de cabeça. E assim vai pelo tempo fora. O meio-campo luso só não naufraga por boa exibição de William e maior empenho de Moutinho. A desgraça está nos flancos, com Bernardo Silva e João Mário abaixo do mínimo sacrifício exigível e Gonçalo Guedes a correr muito mais do que joga.

O segundo tempo é ainda mais irritante. Marrocos domina todo o terreno. Rui Patrício faz grande defesa, aos 55', com a sobriedade dos enormes. E, logo dois minutos após, arranca a defesa da noite, com uma extraordinária estirada para a sua direita.

Os remates por cima, de vários marroquinos em excelente posição para marcar, prolongam a vantagem portuguesa, num futebol de agonia, onde nem as substituições funcionam.

Este massacre da artilharia contrária só termina quando, aos 90', Pepe dá o corpo à bala frontal, que assim desvia para canto. Em seguida, aos 93', o último tiro dos africanos passa por cima, para alívio dos netos de Camões.

No último jogo desta fase, talvez fosse bom Fernando Santos optar por uma equipa que jogue mais curta e mais dura. Se é para jogar mal, que seja por opção do técnico, com gente guerreira que não perca todos os duelos mais rijos. Com artistas diletantes não vamos lá!

Árbitro 

Mark Geiger

Outra demonstração de que errar é humano e a boa-fé também. Erra para os dois lados, sem que se note qualquer intenção oculta. No balanço da arbitragem, se alguém sai beneficiado é Portugal, com alguns lances duvidosos junto à área. 

MAIS E MENOS

Mais: Rui Patrício

Se temíamos algum efeito nefasto causado pelos traumas recentes provocados por Bruno de Carvalho, esses medos estão dissipados. Está na plena posse dos seus recursos físicos e técnicos. Evoluiu muito a jogar com os pés. Está a entrar no zénite da carreira. Brilha no Mundial e irá brilhar muito em Inglaterra.

Menos: Bernardo Silva

Ninguém nega o talento que demonstra amiúde. Mas este levezinho está a dececionar os adeptos que acreditam no génio sem peso nem músculos de suporte. Está sem capacidade de drible, de passe, de conquista. Se neste confronto mediterrânico, alguém fez de D. Sebastião, foi ele. Perdido na relva da sua Alcácer Quibir. 

Cristiano Ronaldo

"A um passo da qualificação"

"Conseguimos mais três pontos. Temos quatro e estamos a um passo de conseguirmos qualificar-nos. É o objetivo principal, mas estou feliz por ter conseguido marcar o golo da vitória. Soubemos sofrer e marcámos um golo", disse Cristiano Ronaldo, o melhor jogador em campo, que mantém os pés assentes na terra. "Expectativas? Continuar o nosso trabalho, apurarmo-nos e depois logo se verá. O objetivo é pensar jogo a jogo e agora queremos vencer o próximo para passar em frente, se possível", acrescentou.

Fernando Santos

"O que se passou é inexplicável"

"Sofremos mas era importante ganhar. Entrámos bem no jogo, mas depois perdemos o controlo, com muitos passes errados. É inexplicável. Tentei dizer isso aos jogadores ao intervalo, parecia que faltava confiança. Olhas para o semblante dos jogadores e notas que eles estão incomodados", assumiu Fernando Santos, visivelmente desagradado com a exibição da equipa. Já para Ronaldo, que voltou a ser decisivo, só elogios. "É como o Vinho do Porto e está sempre em constante evolução", assumiu o selecionador.

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