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Encapuzados deixam Jesus com olho negro

Responsável da academia foi avisado 14 minutos antes da chegada dos 50 encapuzados mas não fechou os portões.

18 de maio de 2018 às 01:30

"Vocês são filhos da p..., c... Montes de m... Vamos-vos matar! Vocês estão f...! Vamos-vos arrebentar a boca toda! Não ganhem no domingo [final da Taça de Portugal] que vocês vão ver!" Estas ameaças foram feitas a jogadores e técnicos do Sporting, sequestrados e agredidos, por 30 dos 50 encapuzados que invadiram a academia em Alcochete, descreve o Ministério Público no despacho em que indicia os 23 detidos por terrorismo.

Invasão que, apurou o CM, o Sporting poderia ter evitado: Ricardo Gonçalves, chefe de operações da academia, foi avisado 14 minutos antes que o grupo ia a caminho. O alerta foi de Bruno Jacinto, fundador do Diretivo XXI e membro da Juve Leo, oficial de ligação aos adeptos do Sporting, cargo que foi de André Geraldes. Gonçalves alega que alertou a GNR mas não fechou os portões. Foi ao encontro do grupo e reconheceu vários membros da Juve, que o mandaram sair da frente e avançaram para as agressões.

Pela reconstituição de 36 testemunhos, na tarde de terror de terça-feira - que deixou Jorge Jesus com um olho negro após um golpe de cinto na face e um murro pelas costas -, os agressores tinham um "plano previamente gizado" para "intimidar" e "molestar fisicamente" jogadores e técnicos. O primeiro embate foi com Jorge Jesus, empurrado e alvejado com tochas na rua, que provocaram danos de 3 mil € no Porsche de Nélson Pereira (treinador de guarda-redes).

No balneário, "bloquearam as saídas" e arremessaram "4 tochas". Seguiram-se as ameaças e, depois, mais agressões. No exterior estavam vários cabecilhas da claque, que disseram ter perdido o controlo da situação e saíram num BMW que foi autorizado a entrar na academia.

Telemóveis para denunciar mandante 

Os 23 têm quase todos menos de 30 anos e são de Lisboa. Seis estão na listagem oficial da Juve Leo no IPDJ. Tal como o CM noticiou ontem, três (Valter Semedo, Ricardo Neves e Miguel Ferrão) estão acusados no caso em que morreu um italiano, junto à Luz, em 2017. Outro, Guilherme Sousa, que tem vitórias em campeonatos de luta, foi um dos 100 casuals que em 2013 foram detidos no Dragão. Dezena e meia tem ficha policial por agressões à polícia, rixas e tráfico de droga.

Mas há casos mais graves. Bruno Monteiro, cantoneiro, de alcunha ‘Grande’, foi detido em dezembro de 2013, pela PJ de Setúbal, e colocado em preventiva por homicídio simples na forma tentada. Foi condenado a 4 anos e 9 meses de cadeia. Saiu aos dois terços da pena em liberdade condicional.

Respondeu também por tráfico de droga e furto em estabelecimento.

Fernando Mendes vai ser chamado 

Vai ser em breve chamado pela investigação, que deverá transitar da GNR para a PJ por causa de terrorismo e sequestro, e constituído arguido.

PORMENORES

Banho e muda de roupa

O Tribunal do Barreiro interrogou ontem quatro dos 23 detidos. A sessão é retomada hoje. Informou que providenciou para que os arguidos pudessem ter "um banho" e uma "muda de roupa" dada pela família.

GNR ajuda a tapar cara

Os arguidos contam com a colaboração da GNR para ocultarem os rostos na entrada e saída do tribunal, uma vez que estão algemados. O CM tentou, sem sucesso, uma reação da GNR.

Famílias e claques

À porta do tribunal têm estado famílias mas também elementos de destaque da Juve Leo e do movimento casuals do Sporting.

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