Chegou sisudo e logo prometeu colocar o Benfica a jogar “o dobro” da época transacta. Em oito meses, cumpriu a promessa que revolucionou por completo o futebol das águias.
Os jogadores do Benfica vão jogar o dobro do que jogaram na época passada. E o dobro, se calhar, é pouco." A frase pertence a Jorge Jesus e data de 17 de Julho de 2009, dia em que foi oficialmente apresentadocomo novotreinadordo Benfica. Volvidos oito meses, os adeptos da águia estão rendidos ao homem que pode devolver-lhes o título de campeão nacional. Caso ganhe neste fim-de-semana ao Sp. Braga, o caminho fica aberto.
De uma época para a outra, muito mudou na Luz. Boa parte a Jesus se deve. Cedo se percebeu que algo estaria em transformação no ninho da águia. Sisudo no trato, procurou, com timidez, fintar a escassez de polimento na imagem com um discurso ‘prà-frentex’ em contraponto com o dos antecessores. Descarta ‘falinhasmansas’, mostra-se indiferente ao elogio fácil e não esconde alguns ódios de estimação.
"Só agora está num clube que lhe permite lutar por títulos mas ainda vai a tempo de ser um dos melhores do Mundo", disse Manuel de Oliveira, ‘mentor táctico’ de Jorge Jesus.
Amigo de Pinto da Costa e Sousa Cintra, foi outrora um médio abnegado mas pouco criativo ao serviço do Sporting, clube de toda a família. Sócio do E. Amadora e Belenenses, "com as quotas pagas", Jorge Jesus continua a colher ensinamentos de Manuel de Oliveira e também de Manuel Sérgio, de quem adoptou a sistematização integrada do treino, onde as vertentes física, técnica e táctica se encontram sempre interligadas. Jesus não prescinde para isso de três fiéis ‘mosqueteiros’ que o acompanham desde há vários anos: Mário Monteiro (preparadorfísico), Raul José (adjunto para as movimentações ofensivas) e Miguel Quaresma (adjunto para as movimentações defensivas).
Obcecado com a defesa, exigente com as obrigações do meio-campo e do ataque, Jesus quis estar sempre àfrentedos acontecimentos. Essa vontade de saber sempre mais levou-o a estagiar um mês em Barcelona (entre Abril e Maio de 1993), onde conviveu com os métodos de JohannCruyff.Mais tarde, em Parma, a conselho de Rui Costa, observou Alberto MalesanieemRoma Zednek Zeman, aquele que diz ser a sua maior referência.
Desconfiado por natureza, detesta imprevistos e continua sem saber jogar para empatar. "Já me tentaram ensinar mas não consigo entender", disse há alguns anos.
PONTOS CHAVE
Sistematização do treino
Para Jesus, o jogo é uma consequência do treino. Para isso, não concede que as vertentes táctica, técnica, física e psicológica caminhem em separado.
Adepto do pormenor
Os treinos são preparados com semanas de antecedência e em função do adversário. Tudo é definido ao detalhe. Jesus detesta imprevistos.
Táctica e modelo de jogo
Jorge Jesus considera que a táctica é a valorização de todo o modelo de jogo. Adepto do 3x4x3 e do 4x3x3 à holandesa, tem agora apostado no 4x4x2 losango.
Vencer o jogo desde o banco
Jorge Jesus acredita que os jogos podem ser vencidos desde o banco. Por isso, defende que um treinador deve saber ‘ler’ o jogo com a maior rapidez possível.
Jogar sempre para ganhar
Adepto das escolas holandesa e italiana, Jesus diz não saber jogar para empatar. É esta a mentalidade que passa para os seus jogadores no dia-a-dia.
OS 'GURUS' DO TREINADOR
MANUEL OLIVEIRA
Manuel de Oliveira é o grande mentor táctico de Jorge Jesus. Do ‘velho’ mestre, o técnico benfiquista ‘bebeu’ inúmeros ensinamentos, entre eles o ousado 3x4x3.
JOHAHN CRUYFF
Campeão europeu em 1992, Johan Cruyff foi o grande impulsionador do ‘Dream Team’ do Barcelona, clube que Jorge Jesus escolheu para estagiar no ano seguinte.
MANUEL SÉRGIO
De Manuel Sérgio, Jesus adoptou a sistematização integrada do treino, onde o físico, o técnico, o táctico e o psicológico se encontram sempre interligados.
SAIBA MAIS
20 ANOS DE CARREIRA
Jorge Jesus, de 55 anos, iniciou-se como treinador principal no Amora em 1989. Vinte anos depois, atingiu o ponto mais alto da carreira ao Lassinar pelo Benfica.
Jorge Jesus alcançou agora um feito relevante na carreira de treinador: cem vitórias no principal escalão do futebol português, na partida com o P. Ferreira (3-1), da 7.ª jornada. Um percurso iniciado a 27 de Agosto de 1995, no 2-0 do ‘seu’ Felgueiras sobre o Marítimo.
TREINADOR JESUS NA LIGA
Jogos: 292
Vitórias: 113
TESTEMUNHOS DE EX-PUPILOS
“EM PORTUGAL, NINGUÉM TRABALHA COMO ELE”: Hugo Leal Jogador – Salamanca
Foi um prazer enorme trabalhar com Jorge Jesus no Belenenses. Atrevo-me a dizer que, em Portugal, ninguém trabalha como ele. Os seus métodos são fantásticos e está sempre atento ao pormenor. Vive para o futebol a 100 por cento. Um verdadeiro estudioso.”
“TRANSMITE ENORME SEGURANÇA”: Rui Neves Ex-jogador - E. Amadora
Foi um dos treinadores que mais me marcaram, principalmente em termos de metologia de treino. É minucioso, perfeccionista, e os jogadores sabem o que fazer em campo. Transmite enorme confiança aos atletas. Não sabia o que era _jogar para o empate.”
“PRIVILEGIA SEMPRE OS ASPECTOS TÁCTICOS”: Quim Ex-jogador – V. Setúbal
Trabalhei com Jorge Jesus só no meu último ano de jogador mas as recordações são positivas. Privilegia sempre os aspectos tácticos e tem uma comunicação muito forte com os atletas. Apesar de ser muito duro, também sabe chegar ao coração das pessoas.”
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