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"O Benfica é uma máquina difícil de parar"

Produto da formação leonina, o extremo destaca Paulo Bento como a sua maior referência.

22 de janeiro de 2017 às 06:00

Correio Sport - Está de volta a Portugal, depois de uma passagem pelo Ratchaburi Mitr Phol da Tailândia. Como foi a experiência?

Yannick Djaló - Positiva. Fui receoso, não conhecia o futebol de lá. Mas as coisas correram bastante bem. Consegui não ter lesões, que é o que tem atrapalhado a minha carreira. Na Tailândia, não há espaço para lesões. Há uma dependência muito grande dos jogadores estrangeiros.

– Que dificuldades encontrou na Tailândia?

– Primeiro, o calor, com temperaturas de 40 graus para quem treina às 16h30. Depois, temos de ser nós a lavar os equipamentos.

– Como é que se adaptou a uma realidade diferente?

– Lembrei-me de algo que o fisioterapeuta Mário André nos dizia quando éramos miúdos: ‘Quando forem embora do Sporting é que vão dar valor a isto tudo.’ Ao início, fiquei surpreendido por ter de lavar o equipamento mas rapidamente me adaptei.

– Ficou a porta aberta para voltar?

– Eles queriam renovar, mas não chegámos a acordo. Neste momento, não penso regressar à Tailândia.

– Com o mercado de transferências a fechar, o que é que o futuro lhe reserva?

– Não volto para Portugal para já. Há várias abordagens de países como Rússia, EUA, Turquia, Qatar e Dubai. Vamos ver o que é melhor.

– Pondera voltar a jogar no campeonato nacional?

– Mais tarde. Foi onde comecei, onde gosto de estar. É um campeonato difícil, temos excelentes treinadores, a nível tático, as equipas são muito evoluídas. Por isso é que muitos jogadores estrangeiros não conseguem render tanto porque é um campeonato difícil.

– E tem acompanhado?

– Sempre. Vejo o Benfica forte, uma estrutura muito bem montada, uma máquina difícil de parar. O Sporting tem um plantel fantástico, como não tinha há muitos anos, com grandes nomes, só que neste momento as coisas não têm saído. Falta a bola entrar para a equipa ter mais confiança, ganhar dois ou três jogos seguidos com uma boa margem de vantagem para conquistarem confiança.

– Acha que é falta de sorte?

– Quando se ganha aqui e perde-se ali começa a sentir-se algum desconforto e as coisas não fluem. Neste momento, o Sporting está com dificuldades porque não tem tido uma continuidade. Isso gera desconfiança que tem dificultado bastante a vida a todos na estrutura.

– O que pensa de Jesus?

– É fantástico, tenho uma excelente relação com o míster Jorge Jesus.

– Foi ele que o dispensou do Benfica...

– Sim, mas isso é trabalho, há que fazer escolhas. Na altura, ele optou por outros jogadores, eu respeito isso. Se me escolhesse, teria de dispensar outros. O futebol é mesmo assim.

– O que está a faltar para que Jorge Jesus faça pelo Sporting o mesmo que fez pelo Benfica?

– Quando ele pegou na equipa houve uma evolução na agressividade, no ritmo de jogo. Este ano, isso não aconteceu mas é um processo que necessita de tempo porque não é de um ano para o outro que se fazem as coisas, apesar de ser um excelente treinador. Jorge Jesus precisa de mais tempo, o que é difícil para os adeptos.

– Ele tem a fama de ter mau feitio com os jogadores. Recorda algum episódio?

– Num jogo contra o Chelsea, no final, sofremos um golo do Raul Meireles. Ele entrou dentro de campo a gritar que a culpa era minha porque eu não estava no sítio certo. Mas ele só me tinha visto na primeira fase do lance. Depois, durante uma palestra, ele usou esse jogo e disse que eu tinha estado muito bem naquele lance... Jorge Jesus é muito exigente e, no calor do momento, se calhar, dirige-se aos jogadores de forma mais agressiva. Mas fora dali é espetacular.

– Acha que Bruno de Carvalho está a fazer um bom trabalho no Sporting?

– O Sporting teve uma evolução excecional desde que ele pegou na presidência do clube. Pode não ser do agrado de todos a forma como o dirige, mas que o Sporting teve uma clara evolução, isso é de louvar.

– Esteve nos dois clubes, Sporting e Benfica. Quais as diferenças que encontrou?

– Na altura, quando estava no Sporting, os três grandes eram todos iguais. Mas quando cheguei ao Benfica, senti diferença. O Benfica tinha uma dimensão superior, estava mais bem estruturado.

– Presumo que acompanhe carreiras de outros colegas, como Cristiano Ronaldo. Como o tem seguido?

– Excecional. É o maior exemplo que eu tenho do querer, da superação, apesar do imenso talento que sempre teve desde miúdo.

– Conhece-o bem, desde a formação do Sporting…

– Sim, é a mesma pessoa que conheci na formação, que conheci com 14 anos, quer é brincar e rir.

– Que memórias guarda desses tempos?

– Ainda há pouco tempo estive com o Fábio Paim e recordávamos a dificuldade que era para o acordar. Houve um tempo em que eu fiquei responsável pelo Paim para tentar pô-lo na linha. Muitos da formação tentaram endireitar o Paim. Partilhávamos o quarto e ele nunca queria acordar para ir para a escola, até levava com água na cara.

– Quais as suas referências?

– Apesar de ter tido episódios bonitos com Laszlo Boloni, o Paulo Bento foi o treinador que mais me marcou, apostou em mim. Gosto da pessoa que é e da sua coerência.

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