O investigador e consultor do Institute for Condom-Guidance, em Singen, na Alemanha, Jan Vinzenz Krause, lidera a equipa que acaba de apresentar um novo método contraceptivo que já está a fazer furor em todo o Mundo. Um preservativo sob a forma de um spray de látex colorido que actua em cinco segundos.
Basta carregar num botão e esperar que este método à medida de todos os gostos e tamanhos faça efeito. “As pessoas vão poder usá--lo com segurança, de uma forma mais divertida”, diz Jan Vinzenz Krause, de 29 anos, que há cinco anos começou a dedicar-se à criação deste formato inovador que mostra como o sexo seguro pode e deve estar na moda, sendo a vertente criativa da responsabilidade da germânica Qualo Design. Depois de se dedicar ao estudo de áreas tão distintas como a Economia e a Física, Jan centrou-se na Medicina e na promoção da educação sexual junto de escolas e associações de jovens.
O novo preservativo só deverá chegar ao mercado em 2008, mas não faltam voluntários para testar o método. De resto, a página online da empresa associada à pesquisa, a Vinico (www.spraykondom.de) explica passo a passo o que os interessados devem fazer para se candidatarem ao teste. Por enquanto, o futuro chama-se ‘Spray On’, o contraceptivo ‘taylor made’.
Revista Domingo - Em que consiste este novo método contraceptivo?
Jan Vinzenz Krause - É muito simples. Basta pôr o spray no pénis pressionando um botão da caixa para o activar. O spray deve ser aplicado com movimentos circulares para cobrir todo o pénis ,e em cinco segundos fica pronto. Funciona como se se tratasse de uma lavagem ao carro. Chamamos-lhe o procedimento ‘360 graus’. A grande vantagem é que o preservativo se adapta a todos os tamanhos de pénis. Deixa de ser um problema para os menos ‘dotados’, apesar do tamanho não ser tudo, claro.
- É mesmo ‘taylor made’, como anuncia, como se fosse encomendado por medida ao alfaiate?
- Acredito que o preservativo deve ser feito a pensar em quem o usa. Se for comprar outro produto, como um par de sapatos, escolho o modelo e peço o meu tamanho exacto. Comparo isto ao que deveria ser a indústria do preservativo. Acontece que se for à farmácia comprar preservativos recebo uma caixa bastante genérica. Existem poucos tamanhos diferentes, e não sei o que é melhor para mim. Podem aconselhar-me em um ou outro aspecto, mas não têm em conta a medida exacta de cada homem.
- A medida condiciona muito o desempenho sexual com um preservativo comum?
- Sim. No Instituto tentamos olhar para as várias reacções ao uso do preservativo, segundo os vários tamanhos. Se o pénis for muito pequeno, ele escorrega. E se for muito grande, continua a haver um problema para quem usa um preservativo normal, é como se o homem se sentisse asfixiado, enfiado numa ‘prisão’.
- Foi sobretudo esse problema do tamanho que o motivou? Por continuar a ser uma obsessão masculina?
- Sim, sei que os alemães, por exemplo, continuam a ter muitos problemas em usar preservativos. Muitos preferem comprá-los nas máquinas automáticas do que no interior das farmácias. Sentem-se mais à vontade. Acredito que em Portugal, por exemplo, se passe o mesmo, bem como no resto dos países. Quero mostrar que é possível usar um preservativo de forma divertida, segura e sem constrangimentos.
- O desempenho do contraceptivo também está condicionado por outros factores. Em que é que este produto individualizado pode ajudar?
- Há outros aspectos como as várias práticas sexuais. Comportamentos diferentes exigem preservativos diferentes. O ‘Spray On’ ajusta-se a todos eles.
- Já testou o ‘Spray On’ pessoalmente?
- Claro! Fui o primeiro a testá-lo, afinal fui eu que o desenvolvi. Gostei e funcionou bem. Outras duas pessoas utilizaram-no de seguida e também não tiveram problemas.
- O efeito é semelhante ao formato convencional ou notou diferenças ao utilizar?
- O efeito é bom e o resultado seguro. A temperatura não é fria, não atrapalha a erecção e a sensação é similar a um preservativo comum quando o homem atinge o clímax.
- E que outras vantagens oferece, para além de ajustar aos diferentes tamanhos e situações?
- Por exemplo, se o homem usar o preservativo no escuro, sei que a maioria tem dificuldade em reconhecer o lado certo de utilização, para além de que corre o risco de o romper. Com o ‘Spray On’ nada disto se passa.
- E este formato também pretende ser divertido, tornar o uso do preservativo atractivo.
- Sim, é muito ‘arty’. É possível escolher o tipo de látex, as cores do spray. E já estamos a trabalhar com criadores de Hamburgo para desenvolver outros padrões. Para além disso, também é um spray amigo do ambiente.
- E desvantagens deste dispositivo?
- A maior desvantagem é que é pouco portátil. Gosto muito do meu produto, mas sei que não é perfeito. Se for a uma discoteca ou uma festa é difícil de transportar, a não ser que se peça à parceira para o levar na mala. É sobretudo ideal para usar em casa. Por outro lado, é bom para quem procura sexo casual, envolvimentos de uma só noite, para homens e mulheres que não conhecem à partida o tamanho do pénis da pessoa com quem se vão envolver. Podem levar a caixa no carro, por exemplo.
- A partir de quando estará disponível no mercado?
- A partir do Verão de 2008.
- O que falta desenvolver neste método?
- Continuo a trabalhar no processo de difusão do látex e a melhorar o efeito de vulcanização.
- O preço de venda ao público será muito superior ao dos preservativos convencionais?
- Não será assim tão caro. É um produto proporcional às lâminas de barbear, o princípio é o mesmo. Compra-se a caixa e depois é possível recarregar com spray. O líquido custará entre sete e nove euros. O dispositivo tubular deverá custar entre 15 e 25 euros.
- E compensa? Cada caixa dará aproxidamente para quantas utilizações?
- Dependerá muito da espessura do látex aplicado em cada situação, mas em média pode dar para 10 a 20 vezes. Penso que compensa.
- A remoção do preservativo é feita de forma diferente?
- Não, é igual. Não só actua e é sentido da mesma forma como se remove exactamente da mesma forma que um preservativo dito ‘normal’.
- Nenhum método é 100% seguro, apesar do preservativo continuar a ser o mais eficaz. Consegue identificar o índice de protecção do ‘Spray On’?
- Também não haverá diferenças quanto ao nível de protecção. Não será menos nem mais seguro do que um preservativo comum, apesar de não funcionar de igual maneira.
- Este método destina-se especificamente aos homens. E as mulheres? Já teve reacções?
- Tenho uma história engraçada sobre o spray. No Verão passado, recebi uma mulher no meu consultório que tinha ouvido falar deste método e me disse o seguinte: “Esta ideia do spray é óptima, mas tenho uma ideia ainda melhor para lhe propor. Que tal um spray que demorasse vinte minutos a fazer efeito em vez de apenas cinco segundos?” (risos)
- Diferentes formas de encarar o sexo...
- Sim, é normal que um homem tenha um orgasmo cedo, enquanto que as mulheres dão muito mais atenção aos preliminares, daí a observação dela.
- Para além de investigador, intervém fora do laboratório?
- Faço o circuito das escolas, associações de adolescentes e jovens dando formação na área da prevenção. Promovo a educação sexual junto de entidades locais do Ministério da Saúde alemão. Fico com uma grande perspectiva interna dos problemas dos jovens, em particular dos homens.
- E que ‘feedback’ tem junto dos mais jovens? Quais são as principais dúvidas ou comentários?
- Bem, o que ouço mais é o típico: “Não gosto de usar preservativo”, justificando que “mata a emoção do momento”. Têm necessidade de o ajustar, acham que não é prático, e por isso não o usam muitas vezes.
- Sente-os pouco informados sobre as questões da sexualidade e os riscos inerentes, as doenças sexualmente transmissíveis, a gravidez indesejada...?
- Acho que os jovens alemães vivem a sexualidade tal como o resto dos jovens na União Europeia. Muitos não usam preservativo e ainda pensam que a sida só acontece aos homossexuais ou que se resolve com comprimidos. A doença ainda é pouco comunicada nos media, apesar de haver um grande crescimento da informação através da internet. Entretanto, já apresentei o produto num projecto chamado SOS Children. Mostrei como funciona a 21 rapazes.
- Que repercussão está a ter este novo contraceptivo? Já passou as fronteiras da Alemanha...
- O telefone não pára de tocar. No dia em que foi anunciado o novo método recebi chamadas de todos os lados do Mundo. Desde a BBC à China. No nosso Product Open Space já recebemos vários pedidos. Da Suíça à África do Sul. Entretanto, estamos a procurar mais voluntários para testar o novo método, através do nosso site. Entre 200 e 300 homens já experimentaram. Até à data, as reacções são positivas.
- E depois do ‘Spray On’, que outro passo poderá ser dado?
- Neste momento, isso implica muita visão. É difícil pensar em outra coisa. Mas quem sabe uma máquina onde o homem introduza o pénis e o espermicida seja invisível. Tudo é possível.
TRADIÇÃO VS VANGUARDA
Quando usado correctamente e em conjunto com um espermicida, a eficácia de um preservativo é quase total. A grande diferença face ao ‘Spray On’ é o modo e tempo de colocação. Quanto à forma de remoção, os métodos são idênticos.
QUESTIONÁRIO DOMINGO
- Um País... Noruega, África do Sul, e quem sabe Portugal, que vou conhecer no próximo Verão
- Uma pessoa... Richard Branson
- Um livro... ‘Kinsey, Let’s Talk About Sex’
- Uma música... ‘Sin, Sin, Sin’ de Robbie Williams
- Um lema... ‘Ter sempre esperança’ ou ‘Nunca desistir!’
- Um clube... Selecção de futebol alemã
- Um prato... ‘Maultaschen’ (um prato à base de raviolis)
- Um filme... ‘Relatório Kinsey’
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