Do berço de ouro às orgias surrealistas e muito mais.
Nuno Manuel Maria Caupers de Bragança (1929-1985) foi um escritor que, em três romances, trouxe uma lufada de ar fresco à literatura portuguesa. ‘A Noite e o Riso’ (1969), ‘Directa’ (1977)’ e ‘Square Tolstoi’ (1981) aliam um ritmo narrativo cinematográfico a um humor fino, em que se destaca um erotismo ora cru, ora terno, ora anárquico - nas descrições de orgias surrealistas -, tudo servido em português escorreito.
Filho de um médico descendente de reis, começou por estudar Agronomia mas logo trocou a agricultura pelo Direito. Foi diplomata na representação de Portugal na OCDE, em Paris, onde se empenhou nos meios de oposição ao regime de Salazar. Defensor da luta armada para derrubar o Estado Novo, colaborou com as Brigadas Revolucionárias de Carlos Antunes e Isabel do Carmo. Foi boxeur, cineclubista e crítico de cinema. Fundou, juntamente com outros católicos progressistas, a revista ‘O Tempo e o Modo’, onde escreveram Mário Soares, Jorge Sampaio, Jaime Gama ou Vasco Pulido Valente. Foi companheiro da psicanalista Maria Bello, mais tarde eurodeputada e grã-mestre da maçonaria feminina. Foi condecorado, a título póstumo, pelo então presidente Jorge Sampaio com a Grã-Cruz da Ordem de Santiago da Espada.
Os três romances e ainda um livro de contos (‘Do Fim do Mundo’), a novela ‘Estação’ e a peça de teatro ‘A Morte da Perdiz’ estão reunidos no volume ‘Obra Completa 1969-1985’ (ed. Dom Quixote).
Do livro ‘Square Tolstoi’, ed. Assírio e Alvim
"(...) Entrei devagar num espaço onde havia uma só luz acesa, roxa. Na penumbra, onde o fumo era suficiente para pedrar um urso, o chão alcatifado estava parcialmente coberto de pessoas nuas de todos os sexos, que se remexiam em ritmos diferentes e nas posições mais variadas.
(…) Vi, de pé no meio da sala, uma rapariga loira-palha que afagava o berbigão com o ar sonhador com que um português coça os tomates. Ela tinha uma expressão tão despassarada que lhe acenei, cá do fundo do meu despassaramento (esses ambientes nunca me tinham entusiasmado). Veio até mim em passo e expressão de sonambulismo. Em menos de um credo começou a sugar-me o índio.
(…) Fui atraído por uma voz francesa que gritava ‘Ah non, ah non, au secours.’ Era uma morena a quem um oriental estava minetando, devastadoramente. Interessado, sentei-me nos calcanhares para ver bem o rosto dela: estava contorcido de tal modo que o meu pirilau se pôs nos bicos dos pés.
Procurei onde enfiá-lo e topei a loira-palha, que se levantava, levando novamente a mão à pássara como que para certificar-se de que ainda a tinha. (...) Fui buscar a loira-palha e deitei-a de costas, ao lado da francesa a quem o oriental estava realmente incendiando. Coloquei a dita loira-palha em posição, com o desrespeito com que o canzanador a tinha tratado, e enfiei-a à missionário.
Recomecei a contemplar o rosto bonito da francesa arfante. Afaguei os cabelos pretos dela, e pus-me a beijar-lhe o pescoço e as orelhas. Lá para sul das nossas cabeças aproximadas, o oriental acelerava, sábia e implacavelmente, o seu trabalho de língua e lábios, enquanto as mãos se enclavinhavam nos seios da francesa.
Fui indo na loira-palha tentando apanhar o crescendo da morena. Um pouco como um bombo a tentar uníssono com uma flauta. Mas enfim. Quando a francesa começou o seu gemido final, interminável, eu vim-me nele – por interposta loira-palha; que fez ‘ah’ mas acho que sentindo muito pouco ou nada."
"(...) Claro que ela começou a dizer não, de voz e empurrões. O seu espanto não tinha nada de fingido. Com a velocidade requerida, meti-lhe dois dedos na boca do corpo e lá encontrei o escorrer magnífico que não deixa mentir. (…) Foi mesmo ali no chão sobre os almofadões. Segurando-a rijamente pelas ancas, mantive os nossos corpos afastados, evitando qualquer contacto que não fosse o das línguas, cada vez mais desvairadamente ousadas. Demorei nessa postura até ela gemer – com a voz e os movimentos. Enquanto isso, a minha erecção crescera a ponto de doer. Por fim e com uma lentidão medida arremeti pela Alice dentro. Fui acolhido por uma vagina das que mordem bem.
Apertei a Alice nos meus braços enquanto a beijava como quem devora: nas orelhas, no pescoço, nos seios, nas axilas. Em baixo ia penetrando e penetrando como se lhe quisesse desfazer a vulva. Começou a gritar ainda no limiar do orgasmo. Consegui aguentar-me firme até ela atingir a crista do seu auge. E só então dei rédea solta a um vir-me aparentemente interminável."
Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?
Envie para geral@cmjornal.pt
o que achou desta notícia?
concordam consigo
A redação do CM irá fazer uma avaliação e remover o comentário caso não respeite as Regras desta Comunidade.
O seu comentário contem palavras ou expressões que não cumprem as regras definidas para este espaço. Por favor reescreva o seu comentário.
O CM relembra a proibição de comentários de cariz obsceno, ofensivo, difamatório gerador de responsabilidade civil ou de comentários com conteúdo comercial.
O Correio da Manhã incentiva todos os Leitores a interagirem através de comentários às notícias publicadas no seu site, de uma maneira respeitadora com o cumprimento dos princípios legais e constitucionais. Assim são totalmente ilegítimos comentários de cariz ofensivo e indevidos/inadequados. Promovemos o pluralismo, a ética, a independência, a liberdade, a democracia, a coragem, a inquietude e a proximidade.
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza expressamente o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes ou formatos actualmente existentes ou que venham a existir.
O propósito da Política de Comentários do Correio da Manhã é apoiar o leitor, oferecendo uma plataforma de debate, seguindo as seguintes regras:
Recomendações:
- Os comentários não são uma carta. Não devem ser utilizadas cortesias nem agradecimentos;
Sanções:
- Se algum leitor não respeitar as regras referidas anteriormente (pontos 1 a 11), está automaticamente sujeito às seguintes sanções:
- O Correio da Manhã tem o direito de bloquear ou remover a conta de qualquer utilizador, ou qualquer comentário, a seu exclusivo critério, sempre que este viole, de algum modo, as regras previstas na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, a Lei, a Constituição da República Portuguesa, ou que destabilize a comunidade;
- A existência de uma assinatura não justifica nem serve de fundamento para a quebra de alguma regra prevista na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, da Lei ou da Constituição da República Portuguesa, seguindo a sanção referida no ponto anterior;
- O Correio da Manhã reserva-se na disponibilidade de monitorizar ou pré-visualizar os comentários antes de serem publicados.
Se surgir alguma dúvida não hesite a contactar-nos internetgeral@medialivre.pt ou para 210 494 000
O Correio da Manhã oferece nos seus artigos um espaço de comentário, que considera essencial para reflexão, debate e livre veiculação de opiniões e ideias e apela aos Leitores que sigam as regras básicas de uma convivência sã e de respeito pelos outros, promovendo um ambiente de respeito e fair-play.
Só após a atenta leitura das regras abaixo e posterior aceitação expressa será possível efectuar comentários às notícias publicados no Correio da Manhã.
A possibilidade de efetuar comentários neste espaço está limitada a Leitores registados e Leitores assinantes do Correio da Manhã Premium (“Leitor”).
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes disponíveis.
O Leitor permanecerá o proprietário dos conteúdos que submeta ao Correio da Manhã e ao enviar tais conteúdos concede ao Correio da Manhã uma licença, gratuita, irrevogável, transmissível, exclusiva e perpétua para a utilização dos referidos conteúdos, em qualquer suporte ou formato atualmente existente no mercado ou que venha a surgir.
O Leitor obriga-se a garantir que os conteúdos que submete nos espaços de comentários do Correio da Manhã não são obscenos, ofensivos ou geradores de responsabilidade civil ou criminal e não violam o direito de propriedade intelectual de terceiros. O Leitor compromete-se, nomeadamente, a não utilizar os espaços de comentários do Correio da Manhã para: (i) fins comerciais, nomeadamente, difundindo mensagens publicitárias nos comentários ou em outros espaços, fora daqueles especificamente destinados à publicidade contratada nos termos adequados; (ii) difundir conteúdos de ódio, racismo, xenofobia ou discriminação ou que, de um modo geral, incentivem a violência ou a prática de atos ilícitos; (iii) difundir conteúdos que, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, tenham como objetivo, finalidade, resultado, consequência ou intenção, humilhar, denegrir ou atingir o bom-nome e reputação de terceiros.
O Leitor reconhece expressamente que é exclusivamente responsável pelo pagamento de quaisquer coimas, custas, encargos, multas, penalizações, indemnizações ou outros montantes que advenham da publicação dos seus comentários nos espaços de comentários do Correio da Manhã.
O Leitor reconhece que o Correio da Manhã não está obrigado a monitorizar, editar ou pré-visualizar os conteúdos ou comentários que são partilhados pelos Leitores nos seus espaços de comentário. No entanto, a redação do Correio da Manhã, reserva-se o direito de fazer uma pré-avaliação e não publicar comentários que não respeitem as presentes Regras.
Todos os comentários ou conteúdos que venham a ser partilhados pelo Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã constituem a opinião exclusiva e única do seu autor, que só a este vincula e não refletem a opinião ou posição do Correio da Manhã ou de terceiros. O facto de um conteúdo ter sido difundido por um Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã não pressupõe, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, que o Correio da Manhã teve qualquer conhecimento prévio do mesmo e muito menos que concorde, valide ou suporte o seu conteúdo.
ComportamentoO Correio da Manhã pode, em caso de violação das presentes Regras, suspender por tempo determinado, indeterminado ou mesmo proibir permanentemente a possibilidade de comentar, independentemente de ser assinante do Correio da Manhã Premium ou da sua classificação.
O Correio da Manhã reserva-se ao direito de apagar de imediato e sem qualquer aviso ou notificação prévia os comentários dos Leitores que não cumpram estas regras.
O Correio da Manhã ocultará de forma automática todos os comentários uma semana após a publicação dos mesmos.
Para usar esta funcionalidade deverá efetuar login.
Caso não esteja registado no site do Correio da Manhã, efetue o seu registo gratuito.
Escrever um comentário no CM é um convite ao respeito mútuo e à civilidade. Nunca censuramos posições políticas, mas somos inflexiveis com quaisquer agressões. Conheça as
Inicie sessão ou registe-se para comentar.