Designer português que calça as estrelas assume em maio a presidência da Confederação Europeia de Indústrias de Calçado.
 
                                    Consta que a milionária Paris Hilton correu o risco de perder um avião porque se esqueceu num hotel espanhol dos sapatos criados pelo designer português Luís Onofre. E que a comitiva que certo dia acompanhava a (agora) rainha Letizia Ortiz na visita a uma conceituada sapataria espanhola tentou demovê-la de levar para casa uns sapatos do mesmo criador – "pretos, salto de seis centímetros e bico fino" – mas sem sucesso. A mulher de Felipe de Espanha não só os levou da loja como desfilou com eles numa cerimónia.
"Foi sem dúvida quem me projetou a nível internacional", lembra o designer de sapatos das estrelas – assim ficou conhecido o também presidente da Associação Portuguesa dos Industriais do Calçado, agora nomeado presidente da confederação europeia do setor para o próximo triénio, numa demonstração do prestígio de Portugal na indústria. Onofre sabe-lhes os gostos... e os tamanhos: Paris Hilton calça 40 e só usa sapatos fechados, Naomi Watts usa o 34 e gosta de sapatos muito altos e Michelle Obama – a quem ofereceu em 2010 uns botins abertos, em castanho e com salto médio – tem pé grande: 41 é o seu número.
Vinte mil sapatos
Luís Onofre, de 48 anos, cresceu no meio do couro dos sapatos – o avô fundou a fábrica em Oliveira de Azeméis, distrito de Aveiro, corria o ano de 1933, e a avó Conceição Rosa Pereira viria a assumir as rédeas da empresa após a morte do marido em 1939 – mas imaginava no futuro vir a ser arquiteto ou decorador.
"Nunca quis sapatos, nem pensar em tal coisa. Mas a partir do momento em que tive contacto com a escola de design em São João da Madeira, onde tirei o curso, e vi o meu primeiro sapato a ser feito, mudei radicalmente de ideias." Foi em 1993. Seis anos depois, Onofre lançava a marca internacional e começava então a conquistar alguns dos pés mais famosos do Mundo [a atriz espanhola Penélope Cruz, a princesa Vitória da Suécia, a cantora inglesa Joss Stone são outros exemplos de clientes], respondendo a exigências e pedidos mais ou menos bizarros.
"Já me passaram mais de 20 mil modelos pelas mãos , mas o mais extravagante talvez tenha sido um sapato com cinco ou seis mil pedras Swarovski, tão cedo não me meto noutra", brinca. Já o modelo mais caro esteve à venda por "quase três mil euros", revela o criador que exporta 93 por cento da produção e está presente nos cinco continentes.
"O calçado português é considerado dos melhores do Mundo. Somos muito resistentes a adversidades, conseguimos ser muito polivalentes e recetivos a mudanças tanto na moda como em relação às condições económicas, somos capazes de ir para fora e procurar novos mercados. Mas precisamos de ter mais marcas", sublinha o designer, cuja maior preocupação atualmente é a falta de mão de obra no setor.
"Em todas as áreas, mas a parte fabril é a mais problemática. Área de montagem, de costura, de técnica a nível de modelação, mas também na área de marketing, a nível criativo… há um défice de gente capaz e já com ‘know how’ de fazer sapatos", lamenta Onofre, que põe vários anúncios à procura de trabalhadores para a sua empresa que ficam sem resposta. "Não sei se será preconceito, muito francamente não sei explicar. Até porque as novas empresas são modernas, esta é uma indústria completamente diferente do que era há 20 anos. Por isso temos de formar os miúdos desde pequeninos em cidades onde o calçado está implementado e de começar a criar disciplinas mesmo nas próprias escolas dedicadas a este setor."
Ainda que pouco atrativo para os jovens, o calçado criou nove mil empregos desde 2010 em Portugal. Segundo os últimos dados do Instituto Nacional de Estatística, as exportações aumentaram 0,98 por cento em volume (para perto de 84 milhões de pares), mas recuaram 2,85 por cento em valor (para 1904 milhões de euros). "Isto tem que ver com fatores macroeconómicos que não estávamos a contar. O Brexit, o protecionismo nos EUA, a China a retrair-se a nível económico. Mas também se deve ao facto de os clientes estarem à procura de novos materiais que sejam mais em conta e por isso acabamos por produzir mais mas faturar um bocadinho menos", conclui Luís Onofre antes de se meter num avião em Itália, onde esteve a participar na maior feira internacional do setor do calçado, com destino a Portugal (no dia seguinte teria a visita de uns clientes chineses). "Hoje em dia faço tantas viagens que o melhor que tenho é conseguir estar um dia ou dois em casa, tranquilo, com a minha família."
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