Relatório foi divulgado esta quinta-feira pelo Banco de Portugal baseado num inquérito de 2020.
As mulheres e os desempregados estão entre os grupos com baixos níveis de literacia financeira, segundo o relatório divulgado esta quinta-feira pelo Banco de Portugal sobre literacia financeira, baseado num inquérito feito em 2020.
Segundo o regulador e supervisor bancário, o inquérito de inclusão financeira (em que foram inquiridas 1.502 pessoas em entrevistas porta a porta) concluiu que "os portugueses apresentam um elevado nível de inclusão financeira", com cerca de 70% dos entrevistados no nível mais elevado de inclusão financeira, pois utilizam com regularidade a conta de depósito à ordem e detêm outros produtos financeiros, caso de depósitos a prazo (41,6%) e cartões de crédito (36,2%).
O Banco de Portugal diz que é ainda significativa a proporção de entrevistados que sabe que existe a conta de serviços mínimos bancários (50,9%) e que mesmo 23% sabem que a condição de acesso é ter uma única conta de depósitos à ordem no sistema bancário (bem acima dos 4,9% de 2015).
Quanto à inclusão financeira digital, quase metade dos entrevistados utiliza os canais digitais ('homebanking' ou 'apps') para acesso à conta de depósito à ordem e a outros produtos e serviços bancários.
Dos inquiridos, 60% fazem poupança, sendo o principal motivo fazer face a despesas imprevistas (49,8% dos entrevistados). Também poupam para despesas futuras não regulares, como férias ou viagens (15,4%), para pagar a educação e ajudar os filhos (14%) ou para a reforma (9,5%).
Na contratação dos empréstimos, cerca de 75% referem que leem a informação pré-contratual e contratual. O conselho dos bancários da instituição é a fonte de informação de 63,9% dos entrevistados quando contratam empréstimos. Nos depósitos, o trabalhador bancário é a fonte de informação para 41,4% dos entrevistados.
Há, contudo, um problema em compreender conceitos financeiros, refere o Banco de Portugal, indicando que os entrevistados revelam falhas na descrição dos conceitos de Euribor (taxa de juros média resultante de empréstimos entre bancos da zona euro, usada em contratos como crédito à habitação) e de 'spread' (taxa de juros aplicada pelos bancos nos contratos de crédito, acima da taxa de referência, como Euribor, e que pode ser entendida como a margem de lucro do banco).
Nas entrevistas, segundo o relatório, são ainda visíveis diferenças significativas entre grupos.
O índice de literacia financeira global (que junta inclusão financeira, inclusão financeira digital, gestão da poupança, escolha e gestão de produtos bancários e compreensão de conceitos financeiros) aumenta à medida que aumenta o rendimento e o nível de escolaridade.
"Os entrevistados com pelo menos o ensino secundário ou que vivem em agregados familiares com rendimentos mensais brutos acima de 1.000 euros destacam-se pelos resultados positivos no índice", refere.
As mulheres têm um índice de literacia financeira global (55,5) inferior ao dos homens (61,7).
Em proporção, menos mulheres têm contas de depósito à ordem do que os homens (89% das mulheres face a 93% dos homens) e também menos mulheres têm outros produtos financeiros para além dessa conta (66% face a 74%).
As mulheres têm também um conhecimento ligeiramente inferior ao dos homens sobre serviços mínimos bancários.
Também usam menos canais digitais do que os homens, justificando com dificuldades em utilizar a tecnologia ou preferência pelas caixas automáticas (vulgo Multibanco).
Na compreensão de conceitos financeiros, as mulheres respondem mais incorretamente do que os homens, sendo maior a diferença em questões sobre juros simples e juros compostos, na avaliação do grau de risco dos depósitos a prazo e no conceito de 'spread'.
Por faixas etárias, 74,7% das pessoas com idades entre 25 e 39 anos utilizam canais digitais, mas com 70 ou mais anos apenas 8,1% os usam, destacando-se os mais velhos por baixo nível de literacia financeira digital.
Já os jovens destacam-se pela inclusão financeira digital mas, por outro lado, apresentam um índice de literacia financeira global um pouco inferior ao dos restantes entrevistados.
Proporcionalmente, os entrevistados entre os 16 e os 24 anos têm menos conta de depósito à ordem e têm menor conhecimento sobre a conta de serviços mínimos bancários. A proporção de jovens que poupa (cerca de 60%) é semelhante à dos restantes entrevistados e poupam com mais regularidade, mas mais para despesas futuras (como férias e viagens) e menos para fazer face a gastos imprevistos.
Os conhecimentos dos jovens sobre conceitos financeiros são relativamente mais baixos do que os dos restantes entrevistados. Ainda assim, têm resultados acima da média quando questionados sobre o montante de juros a pagar num empréstimo de 25 euros, na leitura do de um extrato bancário e no cálculo de juros simples.
Os trabalhadores são o grupo populacional com melhores níveis de inclusão financeira e digital, fazendo proporcionalmente mais uso de serviços bancários e poupando mais (68,3% face a 50,6% dos restantes entrevistados).
Os trabalhadores têm ainda melhores resultados em todas as questões sobre compreensão de conceitos financeiros.
Em oposição, o índice de literacia financeira global dos desempregados (53,1) é inferior ao dos restantes entrevistados (59,3), sendo o grupo que com maior frequência não poupa e tem também menor capacidade para pagar uma despesa inesperada.
Além disso, a percentagem de desempregados com conta de depósito à ordem (85,2%) é inferior à média dos restantes entrevistados e apenas nos estudantes esta proporção é mais baixa (84%), justificando os desempregados com mais frequência que a conta de outra pessoa é suficiente.
Têm, contudo, um conhecimento sobre a conta de serviços mínimos bancários ligeiramente acima da média dos restantes entrevistados (26,1%), ainda que aquém do evidenciado pelos trabalhadores (28,2%).
Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?
Envie para geral@cmjornal.pt
o que achou desta notícia?
concordam consigo
A redação do CM irá fazer uma avaliação e remover o comentário caso não respeite as Regras desta Comunidade.
O seu comentário contem palavras ou expressões que não cumprem as regras definidas para este espaço. Por favor reescreva o seu comentário.
O CM relembra a proibição de comentários de cariz obsceno, ofensivo, difamatório gerador de responsabilidade civil ou de comentários com conteúdo comercial.
O Correio da Manhã incentiva todos os Leitores a interagirem através de comentários às notícias publicadas no seu site, de uma maneira respeitadora com o cumprimento dos princípios legais e constitucionais. Assim são totalmente ilegítimos comentários de cariz ofensivo e indevidos/inadequados. Promovemos o pluralismo, a ética, a independência, a liberdade, a democracia, a coragem, a inquietude e a proximidade.
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza expressamente o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes ou formatos actualmente existentes ou que venham a existir.
O propósito da Política de Comentários do Correio da Manhã é apoiar o leitor, oferecendo uma plataforma de debate, seguindo as seguintes regras:
Recomendações:
- Os comentários não são uma carta. Não devem ser utilizadas cortesias nem agradecimentos;
Sanções:
- Se algum leitor não respeitar as regras referidas anteriormente (pontos 1 a 11), está automaticamente sujeito às seguintes sanções:
- O Correio da Manhã tem o direito de bloquear ou remover a conta de qualquer utilizador, ou qualquer comentário, a seu exclusivo critério, sempre que este viole, de algum modo, as regras previstas na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, a Lei, a Constituição da República Portuguesa, ou que destabilize a comunidade;
- A existência de uma assinatura não justifica nem serve de fundamento para a quebra de alguma regra prevista na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, da Lei ou da Constituição da República Portuguesa, seguindo a sanção referida no ponto anterior;
- O Correio da Manhã reserva-se na disponibilidade de monitorizar ou pré-visualizar os comentários antes de serem publicados.
Se surgir alguma dúvida não hesite a contactar-nos internetgeral@medialivre.pt ou para 210 494 000
O Correio da Manhã oferece nos seus artigos um espaço de comentário, que considera essencial para reflexão, debate e livre veiculação de opiniões e ideias e apela aos Leitores que sigam as regras básicas de uma convivência sã e de respeito pelos outros, promovendo um ambiente de respeito e fair-play.
Só após a atenta leitura das regras abaixo e posterior aceitação expressa será possível efectuar comentários às notícias publicados no Correio da Manhã.
A possibilidade de efetuar comentários neste espaço está limitada a Leitores registados e Leitores assinantes do Correio da Manhã Premium (“Leitor”).
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes disponíveis.
O Leitor permanecerá o proprietário dos conteúdos que submeta ao Correio da Manhã e ao enviar tais conteúdos concede ao Correio da Manhã uma licença, gratuita, irrevogável, transmissível, exclusiva e perpétua para a utilização dos referidos conteúdos, em qualquer suporte ou formato atualmente existente no mercado ou que venha a surgir.
O Leitor obriga-se a garantir que os conteúdos que submete nos espaços de comentários do Correio da Manhã não são obscenos, ofensivos ou geradores de responsabilidade civil ou criminal e não violam o direito de propriedade intelectual de terceiros. O Leitor compromete-se, nomeadamente, a não utilizar os espaços de comentários do Correio da Manhã para: (i) fins comerciais, nomeadamente, difundindo mensagens publicitárias nos comentários ou em outros espaços, fora daqueles especificamente destinados à publicidade contratada nos termos adequados; (ii) difundir conteúdos de ódio, racismo, xenofobia ou discriminação ou que, de um modo geral, incentivem a violência ou a prática de atos ilícitos; (iii) difundir conteúdos que, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, tenham como objetivo, finalidade, resultado, consequência ou intenção, humilhar, denegrir ou atingir o bom-nome e reputação de terceiros.
O Leitor reconhece expressamente que é exclusivamente responsável pelo pagamento de quaisquer coimas, custas, encargos, multas, penalizações, indemnizações ou outros montantes que advenham da publicação dos seus comentários nos espaços de comentários do Correio da Manhã.
O Leitor reconhece que o Correio da Manhã não está obrigado a monitorizar, editar ou pré-visualizar os conteúdos ou comentários que são partilhados pelos Leitores nos seus espaços de comentário. No entanto, a redação do Correio da Manhã, reserva-se o direito de fazer uma pré-avaliação e não publicar comentários que não respeitem as presentes Regras.
Todos os comentários ou conteúdos que venham a ser partilhados pelo Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã constituem a opinião exclusiva e única do seu autor, que só a este vincula e não refletem a opinião ou posição do Correio da Manhã ou de terceiros. O facto de um conteúdo ter sido difundido por um Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã não pressupõe, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, que o Correio da Manhã teve qualquer conhecimento prévio do mesmo e muito menos que concorde, valide ou suporte o seu conteúdo.
ComportamentoO Correio da Manhã pode, em caso de violação das presentes Regras, suspender por tempo determinado, indeterminado ou mesmo proibir permanentemente a possibilidade de comentar, independentemente de ser assinante do Correio da Manhã Premium ou da sua classificação.
O Correio da Manhã reserva-se ao direito de apagar de imediato e sem qualquer aviso ou notificação prévia os comentários dos Leitores que não cumpram estas regras.
O Correio da Manhã ocultará de forma automática todos os comentários uma semana após a publicação dos mesmos.
Para usar esta funcionalidade deverá efetuar login.
Caso não esteja registado no site do Correio da Manhã, efetue o seu registo gratuito.
Escrever um comentário no CM é um convite ao respeito mútuo e à civilidade. Nunca censuramos posições políticas, mas somos inflexiveis com quaisquer agressões. Conheça as
Inicie sessão ou registe-se para comentar.