Desespero dos lesados pelo papel comercial tem crescido.
"O desespero é cada vez maior. Sem respostas e sem soluções, vamos morrendo devagarinho, todos os dias". Jorge Pires, 62 anos, sintetiza, desta forma, a revolta que é comum a todos os ex-clientes do Banco Espírito Santo que reclamam que lhes seja entregue o dinheiro que investiram na instituição bancária. Cerca de uma centena de lesados, oriundos de todo o País, concentrou-se ontem, em protesto, primeiro em Aveiro e depois em Pombal.
Se, em Aveiro o desespero assumiu contornos mais violentos, com o arremesso de ovos contra as montras do banco, em Pombal, foram rostos sombrios e com lágrimas que se manifestaram. Um protesto silencioso, em jeito de homenagem a um ex-cliente, residente naquele concelho, de 70 anos, que morreu no domingo, após uma depressão profunda, causada, segundo os manifestantes, pelo arrastar da situação.
A entrada do banco foi tapada por fitas negras. Cartazes com frases de pesar e ramos de flores foram afixados nas montras. O edifício foi rodeado de velas.
Trajados de negro e com cartazes nas mãos, os ex-clientes do banco – que, em Pombal, manteve as portas fechadas – foram relatando a sua experiência. A maioria investiu, ali, as poupanças de uma vida. "Tinha pequenas economias, que fui fazendo com muito sacrifício. Acreditei na minha gestora de conta quando me disse que era seguro investir. Não o fiz por ganância, mas por confiança", contou António Nogueira, de 66 anos, um dos manifestantes. Adiantou que, hoje em dia, sobrevive "com dificuldades". "Vivo da minha reforma e o dinheiro já não chega para tudo", sublinhou.
Os outros ex-clientes contaram situações idênticas e admitiram o desespero que sentem crescer. "Não sabemos até quando é que vamos conseguir manter a calma. É desesperante", afirmou Jorge Pires.
Após o protesto silencioso, o grupo dirigiu-se, em marcha, pelas ruas de Pombal até uma outra delegação do banco. Ali, foram arremessados ovos e até tomates contra as montras. Paredes, chão e colunas foram pintadas com palavras de protesto. "Não vamos parar até que nos devolvam o nosso dinheiro", garantiram os manifestantes.
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