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Nasce sem vagina e faz cirurgia para construir órgão com pele de peixe

Jovem sofre de síndrome de Mayer-Rokitansky-Kuster-Hauser que afeta uma em cada 5000 mulheres.
31 de Maio de 2018 às 16:07
Jucilene Marinho
Jucilene Marinho
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Jucilene Marinho
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Jucilene Marinho
Jucilene Marinho
Jucilene Marinho
Jucilene Marinho, de 23 anos, nasceu com o síndrome de Mayer-Rokitansky-Kuster-Hauser, uma condição genética caracterizada pela ausência da vagina e da maioria - ou todos - dos orgãos reprodutores femininos. 

A brasileira foi submetida em 2017 a uma cirurgia pioneira e tornou-se a primeira mulher no mundo com uma vagina construída a partir de pele de peixe. Apesar de o procedimento ter sido feito há um ano, só agora foi confirmado o seu sucesso. 

A operação teve lugar na Universidade federal de Ceara, no Brasil, e mudou a vida da paciente que agora pode ter relações sexuais como qualquer outra mulher.

Jucilene ficou extasiada com os resultados e falou, pela primeira vez, da sua condição à FocusOne News. A jovem de Labras da Mangabeira foi diagnosticada quando era ainda adolescente. 

Não tinha cervix, útero nem ovários. Apesar de ter tido dores menstruais, a universitária nunca teve a menstruação. Com 15 anos ficou a saber que a abertura da sua vagina estava bloqueada por tecido e que não havia sistema reprodutor atrás desse mesmo tecido. 

Na altura, a adolescente ficou devastada porque sonhava em ter filhos e não conseguia aceitar que tal não fosse possível. Com a notícia Jucilene entrou em depressão.

Em 2017, a jovem aceitou ser a primeira mulher submetida ao tratamento inovador.

"Passei três meses a recuperar da operação e, em seguida, os médicos deram-me autorização para fazer sexo em outubro do ano passado", contou a jovem que namorava há mais de um ano com Marcus Santos de 24 anos.

A jovem afirma que tudo correu bem e que tem uma vida normal, como sempre quis. 

Do Síndrome ao procedimento

O Síndrome de Mayer-Rokitansky-Kuster-Hauser afeta uma em cada 5000 mulheres e é uma anomalia congénita do aparelho reprodutor feminino. As causas para esta condição surgir não são conhecidas e é normalmente descoberta na adolescência. 

A vagina não tem profundidade e os orgãos reprodutores não funcionam provocando muitas vezes conflitos na identidade de género de quem sofre com o síndrome. 

O procedimento caracteriza-se por abrir um espaço entre a vagina e o ânus e nesse espaço introduzir um um molde tubular forrado com a pele dos peixes de água doce.

Essa pele de peixe é devidamente tratada, esterilizada e depois vai para um laboratório onde é irradiada para matar qualquer vírus que possa ter. 

Uma vez no corpo do paciente, essa pele é absorvida e transformada em tecido formando assim as paredes do canal vaginal. 

Os médicos procuram agora oferecer o novo tratamento a vários centros médicos pelo Brasil e em diferentes regiões pelo mundo todo assim que todos os estudos estejam completos e protocolos sejam estabelecidos.
C-Studio