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O emotivo reencontro da ‘Celeste dos Cravos’ com a chaimite ‘Bula’

Soldado pediu-lhe um cigarro e Celeste ofereceu um cravo.

20 de março de 2024 às 12:47

Celeste Caeiro cumpriu, a 6 de março, um desejo de meio século. Voltar a estar junto da ‘Bula’. Foi o reencontro de dois símbolos do 25 de Abril: a mulher que deu o nome à Revolução dos Cravos, por ter sido a primeira a distribuir a flor vermelha - mas também em branco, algo que muitos desconhecem - aos militares no Chiado; e a chaimite de Salgueiro Maia que tirou Marcelo Caetano do Carmo. A ‘Celeste dos Cravos’, como ficou conhecida, emocionou-se e, a dias que completar os 91 anos de idade, libertou vários "25 de Abril, sempre!" quando agora repetiu o gesto de distribuir cravos vermelhos e brancos a militares do Exército, que possibilitou o reencontro entre Celeste e a ‘Bula’.

Celeste, nascida e criada em Lisboa, mas com origens na Amareleja, tinha 40 anos e vivia com a mãe e a filha de 6 anos no Chiado, casa onde em 1988 perderam tudo com o grande fogo nos armazéns Grandella. A 25 de Abril de 1974 saiu de manhã para trabalhar. Quando chegou ao restaurante onde estava empregada, no edifício Franjinhas, na Braamcamp, o patrão - que nesse dia celebrava o primeiro aniversário da abertura do espaço - avisou o pessoal para irem para casa porque havia um golpe de Estado. Os molhos de cravos vermelhos e brancos que seriam para as clientes foram dados aos empregados, "para não murcharem". Celeste tomou então o caminho de regresso a casa. Saiu no Metro do Rossio e subia a pé a Rua do Carmo quando se deparou com os militares na chaimite ‘Bula’.

Perguntou a um deles o que se passava e o jovem militar disse-lhe que iam para o Carmo derrubar a ditadura. Celeste, apesar do seu metro e meio, não tinha medo e perguntou se precisavam de alguma coisa. O militar pediu um cigarro, mas Celeste, que não fumava, não o tinha e a tabacaria da esquina estava fechada como a maioria do comércio. "A minha avó ofereceu-lhe um dos cravos e o soldado meteu-o no cano da espingarda. Depois, todos os outros fizeram o mesmo", explica ao CM Carolina, 23 anos, neta de Celeste. Começou ali, no gesto de Celeste rapidamente imitado, a designação da Revolução dos Cravos. Celeste Caeiro é um símbolo do 25 de Abril.

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