Primeiro-ministro esteve junto a Pedro Nuno Santos no comício no Porto.
António Costa antecipou a sua presença no Comício do Partido Socialista para este sábado no Pavilhão Rosa Mota, no Porto, a uma semana de se ficar a conhecer quem assumirá a governação do País.
Lado a lado, na primeira fila, com o secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, António Costa apelou ao voto no Partido Socialista no próximo dia 10 de março.
"Agora que a luta aquece temos de mostrar a força do PS para vencer as eleições no próximo domingo e fazer de Pedro Nuno Santos o próximo primeiro-ministro de Portugal".
Em palco, Costa assumiu querer ter uma conversa para quem ainda não decidiu o que fazer no dia do voto, enaltecendo o trabalho do partido socialista nos últimos oito anos de governação.
"Nestes oito anos fomos avaliados duas vezes. Em 2019, tivemos um 'Bom +'. Voltámos a ser avaliados em 2022 pela forma como enfrentamos a pandemia e tivemos 'Muito Bom' nas eleições de 2022. Agora em condições normais só devíamos de ser avaliados em 2026. Estamos numa situação em que o aluno é sujeito a exame quando ainda não acabou sequer o segundo período".
Costa criticou a forma como a presente legislatura foi interrompida, dizendo que o atual executivo só deveria ser avaliado dentro de dois anos.
"Para aqueles como Pedro Nuno Santos que é portista, estamos naquela situação em que o jogo com o Santa Clara tinha acabado aos 40 minutos" com os açorianos ainda a vencerem o FC Porto, disse.
Uma imagem que serviu para António Costa transmitir a seguinte mensagem a propósito da decisão do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, convocar eleições antecipadas: "Em vez de nos deixarem chegar aos 90 minutos para sermos avaliados, interromperam o jogo aos 40 minutos".
"Mas, mesmo aos 40 minutos, vamos ganhar as eleições", afirmou, recebendo uma prolongada ovação.
António Costa fez referência aos dois anos "muito difíceis", após a invasão da Rússia à Ucrânia em fevereiro de 2022 que provocou uma crise de inflação. Para isso destacou uma notícia do Correio da Manhã, sobre a diminuição da prestação da casa em cerca de quatro euros nos prazos mais curtos da Euribor. O primeiro-ministro demissionário fez questão de destacar a descida da dívida pública portuguesa entre 2011 e 2015, contrariamente à oposição.
"As finanças públicas sãs não são uma vaca sagrada. São uma ferramenta para fazer o que é preciso fazer. Quando a pandemia nos bateu à porta não andamos a contar tostões. Gastámos o que tivemos de gastar para salvar vidas. Graças às medidas que adotámos conseguimos que o País continuasse a crescer, as pensões, emprego e contribuições para a segurança social continuassem a crescer. Hoje temos a dívida abaixo dos 100% do nosso produto interno bruto."
O primeiro-ministro cessante advertiu que o cenário internacional é muito complexo e que os próximos anos serão muito exigentes para Portugal, razão pela qual defendeu que não se deve apostar na inexperiência e em soluções que não funcionam.
António Costa deixou este aviso no discurso que proferiu no comício do PS no Porto, cidade para onde se deslocou depois de esta manhã ter participado no congresso do Partido Socialista Europeu (PSE) em Roma.
"Será que vale a pena, agora que as coisas se começam a endireitar, fazer uma mudança sem segurança, em vez de dar oportunidade ao Pedro Nuno Santos para continuar o trabalho que temos vindo a desenvolver, agora com mais energia, com novas ideias, mas sem mudança de rumo?", perguntou.
António Costa disse não ter dificuldade em assumir que era possível o seu Governo ter feito melhor.
"Não tenho dificuldade em aceitar que é sempre possível fazer melhor. Mas não é altura de arriscarmos com experiências, nem com a repetição de soluções que já se demonstraram que não funcionam. Não é altura de arriscarmos com experiências de quem não tem experiência", acentuou.
Já na parte final, fez uma alusão às diferentes sensibilidades existentes no seu partido, mas para desdramatizar esse fator.
"É muito bom que o PS esteja aqui todo, na sua pluralidade, mas também naquilo que é a garantia de confiança que emprestamos ao povo português. Este é o PS que desde Mário Soares nunca deixou de ser o que era e que nunca, em circunstância alguma, deixou de estar ao seu lado em momentos de dificuldade", disse.
Depois, referiu-se especificamente ao seu sucessor na liderança do PS, fazendo uma alusão ao facto de ter sido secretário de Estado e ministro nos seus governos.
"Pedro Nuno Santos é um político com experiência, que já teve de decidir, teve de fazer escolhas, sabe que não pode prometer aquilo que lhe possa passar na alma, porque sabe que cada promessa tem um custo -- e que esse custo é cobrado um dia", referiu.
Para António Costa, na atual conjuntura, Portugal "precisa de dar outra vez a confiança ao PS e fazer de Pedro Nuno Santos o próximo primeiro-ministro".
No seu discurso, o primeiro-ministro referiu-se aos riscos provenientes das guerras em Gaza e na Ucrânia, com "a ditadura" de Putin na Rússia, assim como às consequências negativas de um possível regresso de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos e ao facto de algumas das maiores economias europeias se encontrarem em recessão.
Estes fatores, na sua perspetiva, tornam os próximos anos do país algo de muito exigente. Neste contexto, numa alusão crítica ao presidente do PSD, Luís Montenegro, embora sem o nunca o citar, disse: "Ir para o Governo não é ir inaugurar a obra, é tomar decisões sobre a sua localização e saber como a pagar".
"Antes de cada obra, é preciso fazer o concurso para o projeto, responder às providências cautelares, ultrapassar o contencioso, responder ao Tribunal de Contas, lançar o concurso para a empreitada e, finalmente, a obra começa, onde também muitas coisas podem correr mal", apontou.
Neste contexto, deixou uma farpa no seu antecessor no cargo de primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho.
"Parece que alguns estão muito preocupados com a imigração. Eu estou mais preocupado com a falta de mão-de-obra que faz parar muitas obras", contrapôs, recebendo uma prolongada salva de palmas.
No seu discurso, o primeiro-ministro procurou realçar a dificuldade do combate à inflação, fenómeno que disse ter atingido todos os países ocidentais, mas que em Portugal conseguiu terminar 2023, segundo dados da OCDE, "com o terceiro maior aumento de rendimentos".
O líder do executivo referiu-se igualmente a setores considerados sob pressão, como a saúde, mas para alertar para a circunstância de os partidos da AD terem votado contra a lei de bases da saúde, que foi negociada à esquerda e que o Presidente da República ameaçou vetar. Uma referência para assinalar que a AD, na perspetiva de António Cista, não quer reforçar o Serviço Nacional de Saúde.
"Alguém acredita que eles vão reforçar o SNS?", questionou.
Neste comício, disse também que Pedro Nuno Santos teve a boa notícia de que, de acordo com estimativas, em 2026, haverá em Portugal excesso de médicos de família. Usou ainda o Plano de Recuperação e Resiliência para evidenciar o número de centros de saúde e de novas habitações que estão em construção.
"É claro que não está tudo bem, mas há muitos problemas que estávamos a resolver", acrescentou.
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