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A Lua está a enferrujar e a culpa pode ser da Terra

Cientistas detetaram hematite, uma forma de óxido de ferro, nos pólos lunares.

09 de setembro de 2020 às 19:36

Os investigadores descobriram que a Lua está a enferrujar e a culpa pode ser, em parte, da Terra.

Os investigadores descobriram que a Lua está a enferrujar e a culpa pode ser, em parte, da Terra.

A descoberta, que será publicada na revista Science Advances, foi feita através dos dados recolhidos pela missão indiana Chandrayaan-1, da Organização de Investigação Espacial da Índia. Foi através de um espetro de imagem com uma análise detalhada, o mesmo que encontrou gelo ao redor dos pólos lunares em 2018, que os cientistas detetaram uma composição mineral no satélite natural, a hematite, uma forma de óxido de ferro que dá origem à ferrugem.

Shuai Li, uma das responsáveis pelo estudo, revelou que a descoberta é "muito intrigante", uma vez que a ferrugem só surge quando há contacto do ferro com elementos como por exemplo a água ou o oxigénio, inexistente na lua.

A cientista está a trabalhar em conjunto com o Laboratório de Propulsão a Jato da NASA para tentar encontrar respostas.

"Desde que descobrimos água na Lua que as pessoas começaram a especular sobre a possibilidade de haver mais minerais do que imaginamos como no caso em que há reações entre a água e as rochas", revelou Abigail Fraeman, uma das investigadoras do centro da NASA.

Segundo os cientistas, o aparecimento de ferrugem nos pólos pode ser explicado de três maneiras.

A primeira explicação está relacionada com os vestígios de oxigénio com origem no campo magnético da Terra. O oxigénio presente na atmosfera do planeta Terra viaja até à lua através de uma cauda criada pelo campo magnético e empurrada pelos ventos solares. O oxigénio, quando em contacto com o óxido de ferro, cria a ferrugem. Tal fenómeno explicaria, por exemplo, o porquê de ter sido detetada mais hematite na face da lua virada para a Terra.

Outra explicação está ligada à quantidade de hidrogénio presente na Lua, que viaja pelo espaço através dos ventos solares. O hidrogénio, por si só, deveria evitar a oxidação. No entanto, quando a lua está cheia, a cauda magnética da Terra bloqueia quase toda a atividade do vento solar, o que cria uma oportunidade à formação de ferrugem no ciclo lunar.

A terceira explicação é sustentada com o gelo encontrado nas crateras lunares no lado oposto ao da Terra. Segundo Li, as poeiras entram em contacto com as moléculas de água e com o ferro, aquecem e aumentam a probabilidade de oxidação. No entanto, são ainda necessários mais estudos sobre esta interação entre água e rochas.

"Pode ser que pequenos pedaços de água e o impacto das partículas de poeira estejam a permitir que o ferro enferruje nos corpos", referiu Fraeman.De acordo com a cientista da NASA, tal descoberta pode explicar igualmente a presença de hematite em corpos rochosos como os asteróides.

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