"Grupos armados não estatais estão a apertar o seu controlo mortal sobre a região", disse o secretário-geral da Organização das Nações Unidas .
O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, alertou esta quinta-feira que a crise de segurança no Sahel "representa uma ameaça global", antevendo que se "nada for feito", os efeitos serão sentidos "muito além" de África.
Num discurso apresentado numa reunião de alto nível sobre o Sahel na sede da ONU, em Nova Iorque, Guterres avaliou que a situação naquela região é "urgente" e que a insegurança e a instabilidade política "continuam a piorar ainda mais uma situação humanitária já catastrófica".
"Em algumas regiões, os Estados perderam totalmente o acesso às suas populações. Grupos armados não estatais estão a apertar o seu controlo mortal sobre a região e estão até a tentar estender a sua presença aos países do Golfo da Guiné", disse.
"A violência indiscriminada continua a matar e a ferir milhares de civis inocentes, enquanto força milhões de outros a fugir de suas casas. (...) Relatos de graves violações de direitos humanos cometidas por grupos armados não estatais - e às vezes também por forças de segurança e defesa -- são de grande preocupação", frisou o líder da ONU.
Guterres chamou ainda a atenção para o facto de as alterações climáticas continuarem a causar a erosão do solo e a secar as fontes de água, contribuindo assim para a intensificação de uma insegurança alimentar já aguda e exacerbando as tensões entre agricultores e pastores.
Num cenário global de turbulência nos mercados de energia, alimentos e financeiros, a região está ameaçada por uma crise sistémica da dívida que provavelmente terá repercussões em todo o continente.
Segundo o ex-primeiro-ministro português, cada vez mais países da região estão ainda a ser forçados a canalizar os seus fundos para o pagamento da dívida, em detrimento de serviços essenciais para as suas populações.
Ao mesmo tempo, "o processo de consolidação democrática ainda está longe de ser concluído", acrescentou.
Nesse sentido, Guterres pediu uma renovação dos esforços coletivos com vista à promoção da governança democrática e restauração da ordem constitucional em toda a região do Sahel.
"Caros amigos, sejamos claros: a crise de segurança no Sahel representa uma ameaça global. Se nada for feito, os efeitos do terrorismo, do extremismo violento e do crime organizado serão sentidos muito além da região e do continente africano. Um avanço internacional coordenado é urgentemente necessário. Devemos repensar a nossa abordagem coletiva e mostrar criatividade, indo além dos esforços existentes", exortou Guterres.
Em dezembro de 2021, a União Africana e as Nações Unidas comprometeram-se em trabalhar em conjunto, em parceria com a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) - atualmente presidida pela Guiné-Bissau - e com o Grupo dos Cinco para o Sahel, para melhorar a ação global sobre segurança, governação e desenvolvimento em toda a região duramente afetada pelo extremismo violento.
"Como parte deste esforço, convidámos o ex-presidente da República do Níger, Mahamadou Issoufou, para presidir ao Painel de Alto Nível sobre Segurança e Desenvolvimento no Sahel. O painel realizará uma avaliação independente e fará recomendações específicas para enfrentar a crise multifacetada e mobilizar os recursos necessários para uma resposta sustentável", anunciou Guterres.
Na quarta-feira, à margem da 77.ª Assembleia-Geral das Nações Unidas, decorreu uma reunião de trabalho a nível ministerial sobre a mobilização internacional para o desenvolvimento e segurança no Sahel e nos países do Golfo da Guiné.
A reunião foi co-presidida pelas ministras de Negócios Estrangeiros (MNE) da Guiné-Bissau, Suzi Barbosa, e de França, Catherine Collona.
"Participaram nessa reunião os MNE da Costa do Marfim, Níger, Togo, Mauritânia, para além do alto representante da União Europeia, o representante do secretário-geral para a África Ocidental, o presidente da comissão da CEDEAO, entre outros, para juntos procurarem soluções para os conflitos que assolam a sub-região e coordenarem ações coletivas para estabilizar e garantir o seu Desenvolvimento", informou o Ministério dos Negócios Estrangeiros guineense na rede social Facebook.
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