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As histórias de quem perdeu a vida no último tiroteio no Texas

Jovem de 17 anos entrou na escola que frequentava, em Santa Fé, e atirou a matar.

20 de maio de 2018 às 11:34

Os EUA estão de luto após mais um tiroteio numa escola. Desta feita, o crime aconteeu numa escola secundária no em Santa Fé, no Texas, e foi levado a cabo por um jovem de 17 anos, que matou a tiro duas professoras e oito colegas, deixando dezenas de outros feridos. 

O suspeito, Dimitrios Pagourtzis, foi detido pelas autoridades, que continuam a investigar os motivos que o levaram a cometer este massacre. Tudo indica, no entanto, que tenha sido um crime passional: o jovem de 17 anos estaria interessado numa rapariga que, depois de meses a rejeitar os seus avanços, finalmente o confrontou na sala de aula. Dias depois, Pagourtzis pegou em armas e voltou à escola para matar. 

Shana Fisher, o amor não correspondido

De resto, terá sido a jovem a primeira a morrer. Shana Fisher, prestes a completar 16 anos, era "bonita, inteligente, talentosa e divertida". "Tinha muito amor no seu coração", defendeu a mãe, em entrevista. Terão sido essas qualidades que atraíram o atirador, que tentou um romance com a jovem, sem sucesso. 

"Ele continuava a insistir com ela e estava a ficar cada vez mais agressivo", contou Sadie Rodriguez. "Ela finalmente enfrentou-o e envergonhou-o", dias antes do sucedido.

Cynthia Tisdale, a professora de arte

Para além de Shana, outros alunos morreram neste tiroteio. Cynthia Tisdale, uma professora substituta que lecionava arte, figura entre os mortos. Leia Olinde, uma sobrinha, garante que a tia era como uma mãe e que foi ela que a ajudou a planear o seu casamento o ano passado. 

"Ela ajudou-me a vestir o vestido de casamento, arranjou-me o cabelo... Ela era maravilhosa. Era simplesmente amorosa", lamentou a sobrinha, em pranto, à Associated Press. 

Tisdale foi casada durante perto de quatro décadas. Tinha três filhos e oito netos. "Nunca conheci mulher nenhuma que amasse tanto a sua família", continua Leia. Outro membro da família também partilhou a sua dor, via Facebook. "Nunca sabemos quando a nossa morte virá. A Cynthia planeou reformar-se um dia e tornar-se avó a tempo inteiro. Isso nunca acontecerá", desabafou. 

Ann Perkins, a professora substituta

Também Ann Perkins, de 64 anos, era professora substituta e morreu na escola em que ensinava. Será recordada como "uma mãe maravilhosa e uma professora que todos amavam", é dito por um estúdio de dança a que estava ligada. 

Era conhecida na comunidade local, onde era um elemento muito ativo, como "avó Perkins" e muitos têm sido os tributos que lhe têm sido feito online. 

Sabika Sheikh, a estudante do Paquistão em intercâmbio

Outra das estudantes que morreu baleada nesta escola secundária norte-americana foi Sabika Sheikh. Sabika tinha 17 anos e era do Paquistão, estando nos EUA ao abrigo de um programa de intercâmbio de estudantes.

A informação foi confirmada pelo secretário de Estado Mike Pompeo, que expressou as "maiores condolências" à família e amigos da jovem, que estaria a participar de uma iniciativa que tem por objetivo "ajudar a estabelecer ligações entre os EUA e o Paquistão". 

A família já foi, de resto, informada, mas os pais ficaram a saber que algo se passava pela TV. "Liguei-lhe e ela não atendeu. Deixei mensagens e ela não disse nada. A minha filha sempre respondia... Desta vez, isso não aconteceu", desabafou Abdul Aziz Sheikh, o pai, que confirmou que a filha deixou Karachi em agosto e deveria voltar a casa daqui a umas semanas, a tempo do Eid al-Fitr, uma celebração que marca o final do Ramadão. 

"Ainda não acreditamos. Não queremos acreditar. Isto é um pesadelo", disse, enquanto tentava segurar as lágrimas. 

Chris Stone, o divertido da turma que virou herói

Outro dos estudantes a perder a vida na sexta-feira foi Chris Stone, conhecido como o brincalhão da sua turma. Os seus colegas relembram Chris, de 17 anos, com um sorriso. 

"Ele era o 'palhaço de serviço e toda a gente o adorava. Era o rapaz mais simpático que alguma vez conheci. Estava sempre a fazer piadas e não havia quem não gostasse dele", conta um amigo, David Sustaina. 

"Jogava futebol com ele e conhecia-o desde criança. Era um bom miúdo", confirma. 

Os relatos que chegam de quem sobreviveu provam-no: Chris terá morrido a salvar outros colegas. 

"Ele morreu um herói. Toda a gente me diz que ele foi baleado enquanto empurrava duas pessoas do caminho das balas. Encontraram o corpo dele junto aos corpos dessas duas pessoas", adiantou outro amigo, Brandon Santell.

Christian Garcia, o devoto

Christian "Riley" Garcia tinha 15 anos e era um devoto membro da igreja de Crosby. É relembrado pela sua congregação com especial carinho. "Ele cresceu na nossa igreja e fui eu que o batizei há muitos anos", disse o pastor. "Deixo à sua maravilhosa família as minhas preces e o meu amor", acrescentou, partilhando uma imagem do jovem, tirada dez dias antes, em que este aparece ao lado de um verso da Bíblia, escrito num pedaço de madeira. 

Angelique Ramirez, a rapariga do cabelo "de fogo"

Angelique, de 15 anos, era uma força da natureza, garante a família.

"Ela tinha tanto futuro pela frente. Era muito crativa e estava sempre cheia de energia e alegria", contaram os familiares à CBS, assegurando que a adolescente, conhecida pelo cabelo cor "de fogo", era muito ligada aos seus e lutava pelo que acreditava.

"Ela sempre defendeu o que era correto e fazia amigos sempre que encontrava boas almas. Estava muito à frente do seu tempo e tinha muita esperança no futuro", acrescentam. 

Jared Black, o artista

Jared estava a dois dias de completar 17 anos quando foi assassinado. Estava na fatídica aula de Artes, uma das suas preferidas, quando tudo aconteceu, deixando a sua família devastada. "Estamos desfeitos. A minha irmã perdeu o seu segundo filho", conta um tio. 

O jovem foi a última vítima a ser identificada. "Só às seis da tarde é que ficamos a saber que ele estava entre os mortos. Estivemos o dia todo sem saber e a imaginar", lamenta. Jared é recordado pelo seu lado artístico: adorava ler banda desenhada e fazia questão de criar os seus próprios heróis aos "quadradinhos". 

Aaron Kyle McLeod, o otimista

Aaron Kyle McLeod, de 15 anos, também estudava na mesma turma da maioria dos jovens que perderam a vida na sexta-feira. Uma amiga recordou-o, em entrevista à AP, como um "eterno otimista". 

"Ele estava sempre a ver o melhor em tudo. Nunca estava triste ou em baixo. Sempre tinha uma piada para dizer ou uma gargalhada para dar", continua a amiga, que acredita que o "extrovertido e doce" Aaron "não merecia isto". 

Kim Vaughan, a filha adorada

Também Kimberly Vaughan estava na aula de Artes esta sexta-feira, quando soaram os primeiros tiros. A sua morte foi confirmada online pela mãe, Rhonda, que não conseguiu esconder a dor pela perda da filha, que procurou durante horas após o tiroteio. 

"Ela agora está no céu. Estou destroçada", desabafou, aproveitando a revolta para deixar uma mensagem a todos.  "Liguem aos vossos senadores. Liguem aos vossos congressitas. Precisamos de controlo de armas. Precisamos de proteger os nossos filhos", salientou. 

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