Reino Unido anunciou no princípio deste mês o cancelamento da participação no financiamento de um projeto de exploração de gás em Cabo Delgado.
A Câmara Africana de Energia considera que a decisão do Reino Unido de retirar o seu financiamento ao projeto de gás da TotalEnergies em Moçambique "é uma traição à segurança energética" do continente africano.
"A retirada do Reino Unido do financiamento do Gás Natural Liquefeito (GNL) de Moçambique é um golpe para a justiça energética africana; retirar o apoio ao GNL de Moçambique é uma traição ao direito de África à segurança energética e uma bofetada na cara do progresso para os milhões de pessoas do continente que vivem sem energia fiável", escreveu o presidente desta entidade destinada a fomentar os investimentos energéticos em África.
O Reino Unido anunciou no princípio deste mês o cancelamento da participação no financiamento de um projeto de exploração de gás em Cabo Delgado, liderado pela francesa TotalEnergies, que reagiu assegurando que o investimento não está posto em causa.
Numa nota enviada à Lusa comentando esse cancelamento, o presidente executivo da Câmara, NJ Ayuk, escreve que "este momento deve servir como um apelo à ação e serve como um forte lembrete de que o futuro energético de África não pode depender exclusivamente de financiamento estrangeiro ou apoio condicional".
"O GNL de Moçambique e projetos semelhantes em todo o continente devem ser defendidos por africanos para africanos, com foco no desenvolvimento responsável, na criação de empregos e na erradicação da pobreza energética", alerta o presidente da defende o Câmara Africana de Energia.
O megaprojeto de gás em questão vai continuar sem o financiamento do Reino Unido e dos Países Baixos, garantindo os restantes financiadores essa parte, equivalente a 10% do total, revelou a empresa francesa, acrescentando: "Os parceiros do projeto Mozambique LNG concordaram unanimemente em fornecer capital adicional para substituir as contribuições da UKEF [Reino Unido] e da Atradius [Países Baixos], representando, no total, aproximadamente 10% do financiamento externo".
Em causa está a saída das duas agências de crédito à exportação, a UK Export Finance (UKEF) e Atradius, dos Países Baixos, do consórcio financiador do megaprojeto de gás - que esteve suspenso de abril de 2021 a outubro de 2025 devido aos ataques terroristas em Cabo Delgado.
Para a Câmara Africana de Energia, "a recente decisão do governo do Reino Unido de retirar 1,15 mil milhões de dólares do projeto é um exemplo preocupante de como as prioridades políticas ocidentais prejudicam o desenvolvimento de África, e surge num momento em que os mercados energéticos globais enfrentam uma pressão sem precedentes".
O Reino Unido, acrescentam, "parece mais focado em considerandos ideológicos do que em soluções práticas para resolver a pobreza energética persistente" no continente africano.
Lembrando que os desafios de segurança que forçaram a TotalEnergies a suspender as operações em 2021 foram largamente resolvidos, a Câmara lembra que o banco de exportações e importações norte-americano (US Eximbank) "reaprovou um empréstimo no início de 2025, em reconhecimento da melhoria da situação no terreno", e conclui que existe uma agenda contra os combustíveis fósseis, encarados como fundamentais para África.
"Há projetos atrasados ou bloqueados, investimentos retidos, tudo justificado em nome de preocupações climáticas ou de segurança, enquanto a pobreza energética persiste; África não precisa de lições de moral sobre o clima vindas de nações que consomem energia em níveis muito superiores às necessidades do continente; o que é essencial são parcerias que respeitem as prioridades africanas, os prazos e o direito soberano de os países se desenvolverem de forma sustentável".
Moçambique tem três megaprojetos aprovados para exploração das reservas de GNL da bacia do Rovuma, classificadas entre as maiores do mundo, ao largo da costa de Cabo Delgado.
Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?
Envie para geral@cmjornal.pt
o que achou desta notícia?
concordam consigo
A redação do CM irá fazer uma avaliação e remover o comentário caso não respeite as Regras desta Comunidade.
O seu comentário contem palavras ou expressões que não cumprem as regras definidas para este espaço. Por favor reescreva o seu comentário.
O CM relembra a proibição de comentários de cariz obsceno, ofensivo, difamatório gerador de responsabilidade civil ou de comentários com conteúdo comercial.
O Correio da Manhã incentiva todos os Leitores a interagirem através de comentários às notícias publicadas no seu site, de uma maneira respeitadora com o cumprimento dos princípios legais e constitucionais. Assim são totalmente ilegítimos comentários de cariz ofensivo e indevidos/inadequados. Promovemos o pluralismo, a ética, a independência, a liberdade, a democracia, a coragem, a inquietude e a proximidade.
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza expressamente o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes ou formatos actualmente existentes ou que venham a existir.
O propósito da Política de Comentários do Correio da Manhã é apoiar o leitor, oferecendo uma plataforma de debate, seguindo as seguintes regras:
Recomendações:
- Os comentários não são uma carta. Não devem ser utilizadas cortesias nem agradecimentos;
Sanções:
- Se algum leitor não respeitar as regras referidas anteriormente (pontos 1 a 11), está automaticamente sujeito às seguintes sanções:
- O Correio da Manhã tem o direito de bloquear ou remover a conta de qualquer utilizador, ou qualquer comentário, a seu exclusivo critério, sempre que este viole, de algum modo, as regras previstas na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, a Lei, a Constituição da República Portuguesa, ou que destabilize a comunidade;
- A existência de uma assinatura não justifica nem serve de fundamento para a quebra de alguma regra prevista na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, da Lei ou da Constituição da República Portuguesa, seguindo a sanção referida no ponto anterior;
- O Correio da Manhã reserva-se na disponibilidade de monitorizar ou pré-visualizar os comentários antes de serem publicados.
Se surgir alguma dúvida não hesite a contactar-nos internetgeral@medialivre.pt ou para 210 494 000
O Correio da Manhã oferece nos seus artigos um espaço de comentário, que considera essencial para reflexão, debate e livre veiculação de opiniões e ideias e apela aos Leitores que sigam as regras básicas de uma convivência sã e de respeito pelos outros, promovendo um ambiente de respeito e fair-play.
Só após a atenta leitura das regras abaixo e posterior aceitação expressa será possível efectuar comentários às notícias publicados no Correio da Manhã.
A possibilidade de efetuar comentários neste espaço está limitada a Leitores registados e Leitores assinantes do Correio da Manhã Premium (“Leitor”).
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes disponíveis.
O Leitor permanecerá o proprietário dos conteúdos que submeta ao Correio da Manhã e ao enviar tais conteúdos concede ao Correio da Manhã uma licença, gratuita, irrevogável, transmissível, exclusiva e perpétua para a utilização dos referidos conteúdos, em qualquer suporte ou formato atualmente existente no mercado ou que venha a surgir.
O Leitor obriga-se a garantir que os conteúdos que submete nos espaços de comentários do Correio da Manhã não são obscenos, ofensivos ou geradores de responsabilidade civil ou criminal e não violam o direito de propriedade intelectual de terceiros. O Leitor compromete-se, nomeadamente, a não utilizar os espaços de comentários do Correio da Manhã para: (i) fins comerciais, nomeadamente, difundindo mensagens publicitárias nos comentários ou em outros espaços, fora daqueles especificamente destinados à publicidade contratada nos termos adequados; (ii) difundir conteúdos de ódio, racismo, xenofobia ou discriminação ou que, de um modo geral, incentivem a violência ou a prática de atos ilícitos; (iii) difundir conteúdos que, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, tenham como objetivo, finalidade, resultado, consequência ou intenção, humilhar, denegrir ou atingir o bom-nome e reputação de terceiros.
O Leitor reconhece expressamente que é exclusivamente responsável pelo pagamento de quaisquer coimas, custas, encargos, multas, penalizações, indemnizações ou outros montantes que advenham da publicação dos seus comentários nos espaços de comentários do Correio da Manhã.
O Leitor reconhece que o Correio da Manhã não está obrigado a monitorizar, editar ou pré-visualizar os conteúdos ou comentários que são partilhados pelos Leitores nos seus espaços de comentário. No entanto, a redação do Correio da Manhã, reserva-se o direito de fazer uma pré-avaliação e não publicar comentários que não respeitem as presentes Regras.
Todos os comentários ou conteúdos que venham a ser partilhados pelo Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã constituem a opinião exclusiva e única do seu autor, que só a este vincula e não refletem a opinião ou posição do Correio da Manhã ou de terceiros. O facto de um conteúdo ter sido difundido por um Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã não pressupõe, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, que o Correio da Manhã teve qualquer conhecimento prévio do mesmo e muito menos que concorde, valide ou suporte o seu conteúdo.
ComportamentoO Correio da Manhã pode, em caso de violação das presentes Regras, suspender por tempo determinado, indeterminado ou mesmo proibir permanentemente a possibilidade de comentar, independentemente de ser assinante do Correio da Manhã Premium ou da sua classificação.
O Correio da Manhã reserva-se ao direito de apagar de imediato e sem qualquer aviso ou notificação prévia os comentários dos Leitores que não cumpram estas regras.
O Correio da Manhã ocultará de forma automática todos os comentários uma semana após a publicação dos mesmos.
Para usar esta funcionalidade deverá efetuar login.
Caso não esteja registado no site do Correio da Manhã, efetue o seu registo gratuito.
Escrever um comentário no CM é um convite ao respeito mútuo e à civilidade. Nunca censuramos posições políticas, mas somos inflexiveis com quaisquer agressões. Conheça as
Inicie sessão ou registe-se para comentar.