A edição de hoje
A ex-espia norte-americana Valerie Plame foi impedida de publicar as suas memórias. Isto devido a uma sentença pronunciada por uma juíza federal em favor da CIA.
A identidade da antiga agente secreta foi divulgada pelos media, recorde-se, em Julho de 2003, depois de o marido, o ex-embaixador Joseph Wilson, ter declarado que Washington usou falsos argumentos para justificar a invasão do Iraque. O caso constitui um dos maiores escândalos da actual Administração, acusada de ter revelado, por vingança, o nome da sua própria agente.
A decisão judicial determinou que Valerie Plame não poderá revelar o período em que trabalhou para aquela agência de espionagem. A juíza Barbara Jones, de um tribunal de Nova Iorque, deliberou que a informação não poderá ser publicada – embora já tenha sido divulgada na Comunicação Social – porque continua classificada pela CIA.
Há alguns meses, Plame denunciou vários funcionários da CIA por bloquearem a publicação de ‘Fair Game’ (‘Jogo Justo’), prevista para 21 de Outubro, alegando riscos para a segurança nacional. No ano passado, a ex-espia chegou a um acordo de 2,5 milhões de dólares com a editora Simon & Schuster para publicar o livro, cujos direitos foram comprados pela Warner Bros, embora a CIA tenha direito de veto sobre o texto. Agora, a juíza Barbara Jones veio impedir a publicação do livro, alegando que “a informação está classificada” e que “nunca foi publicamente revelada pela CIA”.
O caso de Valerie é considerado um dos mais contestados da Administração de George W. Bush. Em 2002, a pedido da CIA, Joseph Wilson foi enviado ao Níger para determinar se eram verdadeiras as informações que indicavam que o deposto ditador iraquiano Saddam Hussein tentou adquirir urânio naquele país africano para fabricar uma bomba nuclear. Wilson concluiu que essas afirmações eram infundadas após realizar uma investigação no terreno. Contudo, o presidente garantiu, no seu discurso de 2003 sobre o Estado da União, que o Iraque tentara adquirir material nuclear num país africano.
LIBBY PERDOADO
A identidade da ex-agente da CIA foi divulgada pouco depois de o marido ter publicado um artigo em que acusava a Casa Branca de recorrer a argumentos falsos para justificar a invasão do Iraque, em 2003. A identidade da ex-espia desencadeou uma investigação judicial de mais de dois anos, na sequência da qual ‘rolou a cabeça’ de Lewis ‘Scooter’ Libby, destacado assessor da Casa Branca, condenado a dois anos e meio de prisão por perjúrio e obstrução à Justiça. Tratou-se de uma investigação relacionada com a fuga de informação para a imprensa do nome de Plame.
Apesar de ter sido o único elemento da Administração condenado, Libby viu a sua sentença ser comutada pelo presidente, que o eximiu do cumprimento da pena. Recorde-se que Plame abriu também um processo cível contra o vice-presidente norte-americano, Dick Cheney, e Karl Rove, conselheiro de Bush.
Valerie Plame nasceu a 19 de Abril de 1963 num hospital militar em Anchorage, Alasca, filha de um coronel da Força Aérea e de uma professora primária. Estudou Relações Internacionais e foi recrutada para a CIA aos 22 anos. Prosseguiu os estudos na Europa, formando-se em Economia e Ciências Políticas, ao mesmo tempo que trabalhava como agente secreta, vindo a especializar-se no combate à proliferação de armas de destruição em massa. Durante muitos anos trabalhou como ‘agente sem cobertura oficial’, ou seja sem protecção em caso de ser apanhada.
É casada com o ex-embaixador Joseph Wilson e tem dois filhos.
- 1947 o Congresso vota a Lei de Segurança Nacional, ao abrigo da qual foi fundada a CIA.
- 1974 o jornalista Seymour Hersch revela no ‘The New York Times’ que a CIA ordenou o assassinato de líderes estrangeiros.
MISSÃO
A CIA tem como principal missão obter e analisar informações sobre governos, empresas e cidadãos estrangeiros.
SEDE
O quartel-general da CIA localiza-se em Langley, Virgínia, escassos quilómetros a nordeste da capital federal, Washington D.C.
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